Viajando pelo Brasil
Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Pará (série 258)

 
pag 01


Vaqueiro do Marajó



“Marajó, e uma das maiores ilhas fluviais do mundo. Possui um rebanho vacum de perto de seiscentas mil reses, distribuídas por novecentas fazendas. A criação bovina e eqüina foi introduzida pelos frades franciscanos no século XVII. O vaqueiro Marajoara, tem sempre a sua blusa fora da calça, seu chapéu de carnaúba, suas simples e o seu cavalo.”

Texto contido no verso da Estampa

 

O Marajó, maior ilha flúvio-marinha do planeta, é palco dessa manifestação folclórica que se caracteriza por imitar os gestos dos vaqueiros no trabalho de laçar do gado. Segundo informações de estudiosos, a dança teria sido criada para uma coreografia do professor Adelermo Mattos, utilizando uma música das vaquejadas do Rio Grande de Sul. Com o surgimento do Grupo Parafoclórico "Asa Branca", do Distrito de Icoaraci, Belém (PA), a professora Etelvina Cordeiro, inspirando-se no "aboio" do Vaqueiro Marajoara, compôs um texto literário retratando o dia-a-dia desse elemento da cultura do Marajó, em sua lida diária de tanger o gado. O poema foi até musicado.

Normalmente, a dança é apresentada apenas por homens, sem a presença feminina para formar pares, como acontece na maioria das manifestações folclóricas de dança da região. O motivo disso certamente é pelo fato de o trabalho de vaqueiro ser, em geral, desempenhado exclusivamente por homens. Também nas exposições agropecuárias que ocorrem nos municípios do Marajó, como Soure e Salvaterra, são geralmente os homens que participam de torneios e exibições.

A coreografia não é definida, como indefinido é o movimento que o vaqueiro, na prática, executa ao tentar laçar os animais. Os bailarinos usam tamancos de madeira que fazem barulho semelhante aos passos dos bois. Para compor a apresentação são usadas cordas de sisal, chicotes de couro, calças brancas sempre arregaçadas, camisas com motivos marajoaras (às vezes apresentam-se sem camisas, com o dorso nu) e chapéu de palha. É usada ainda uma espécie de capa, geralmente vermelha ou azul, que serve para proteger o vaqueiro da umidade da noite.

Outra característica é a proibição de instrumentos eletrônicos no acompanhamento musical. Por isso, são usados apenas instrumentos tradicionais de pau, de corda e de sopro como curimbós, maracás, ganzáz, banjos, cacetes e flautas: os mesmos usados no carimbó e outras danças folclóricas da Amazônia.


Amassadeira de Açaí



“O açaí, fruto da palmeira Açaizeiro, tem o tamanho de uma cereja. Juntando-se água, faz-se com ele uma bebida roxa que é o vinho da terra. Em Belém do Pará as amassadeiras de açaí penduram bandeirinhas a porta de suas casas para anunciar a venda e fazem a bebida a vista do freguês. Há um ditado no Para que diz ``Quem foi ao Para...parou, bebeu açaí, ficou...!``”
 

O açaí é a bebida predileta dos paraenses e dos amazonenses, sendo preparada com a polpa roxa dos carocinhos de uma das mais elegantes palmeiras da Amazônia. Mergulhando-os num alguidar, sob o esforço ritmado das mãos de uma amassadeira, isto é, de uma mulher experimentada nesse trabalho, são uniformemente macerados, à proporção que se lhes junta cuias de água fresca.

Ainda hoje as amassadeiras costumam colocar, à frente de suas casas, uma bandeira vermelha pregada num pau. Isso significa que tem açaí para vender. Em geral a bandeira é posta às onze horas da manhã - pois o trabalhador paraense, já conta com o açaí para sua sobremesa. Mais tarde, às 15 ou 16 horas, a esposa e os filhos bebem-no como lanche.

Apanhamos os cachos, o açaí (caroços) é colocado numa tina ou grande bacia, onde é lavado, recebendo depois água morna - ou é posto ao sol com água comum, de forma que com o calor a água se aqueça e a polpa amacie. Isso facilita amassá-lo, além de dar caldo mais abundante e gostoso. Pois, quando muito seco e duro, fica com gosto de palha ou travoso. Após isso, vai para o alguidar de madeira, para ser macerado pela amassadeira. Esta costuma usar avental e pano na cabeça, evitando assim o perigo de cair cabelo dentro. O alguidar está sobre uma longa mesa na qual existem outras vasilhas: dois alguidares de barro, cuias, latas, etc. A amassadeira debruça-se sobre o alguidar de madeira, pondo-se a atritar os caroços, uns contra os outros, com as mãos - para frente, para trás - e, à medida que os vai "descarnando", despeja água por cima. Quando a polpa está toda solta, passa tudo para uma peneira que aguarda os caroços e a massa.

Atualmente o progresso praticamente substituiu tudo isso, por máquinas, um tanto rústicas, construídas por lá mesmo. Contudo, a preferência popular é ainda outro - o processo nativo - pois a amassagem à mão dá açaí mais gostoso. A máquina, dizem, quebra muitos caroços e faz o caldo ficar travoso.

Boi-Bumbá

“O bumba- meu- boi do Nordeste, chama-se no Pará boi bumbá. É um divertimento típico do S. João. O cordão do boi- bumbá tem típicos característicos como o ``amo``, a ``filha do amo``, os ``vaqueiros``, os ``índios``, etc. O boi chama-se ``Pai do campo``, ``canário``, etc. É uma festa tradicional no Norte. Os cantos do ``boi`` são bonitos e saudosos - ``boi chegou morena vem ver``!..”

 

A festa do Bumba-meu-boi ou Boi-bumbá tem suas origem no Nordeste do país, mas disseminou-se por quase todos os estados da Amazônia, em especial o Amazonas, visitado anualmente por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913.

Na maioria das versões de boi-bumbá existentes em cada Estado, o enredo encenado é geralmente o mesmo. O tripa do boi é uma das peças mais importantes da brincadeira. É o homem que dança embaixo da “carcaça” do boi. O som fica por conta das toadas, com batuques de tambores, repiques, caixinhas e surdos. Esse é o boi em sua forma, digamos, mais original, que em muitas localidades da Amazônia ainda é reproduzido de forma eminentemente folclórica. Tanto que para muitos, esse boi original e primitivo em pouco ou nada se assemelha à grandiosa festa dos bois de Parintins, realizada no mês de julho, a cerca de 400 Km de Manaus, no Amazonas.

Garantido e Caprichoso

O imaginário indígena e figuras mitológicas como pajés e feiticeiros foram incorporados às tradições do boi. Por isso, durante o Festival Folclórico de Parintins, a cidade é chamada de “ilha Tupinambarana”.

 

As cores vermelho e azul, que representam respectivamente os bois Garantido e Caprichoso, tomam conta do bumbódromo, espécie de arena construída especialmente para a realização da festa que acontece de 28 a 30 de julho.

Fonte imagem: http://www.mizzbrazil.com/images/131.jpg

Enredo

As apresentações dos bois em Parintins desenvolvem-se de acordo com um enredo que conta a história do negro Francisco, funcionário de uma fazenda e cuja mulher, Catirina, estava grávida. O estado “interessante” da mulher causou-lhe o desejo de comer a língua do boi mais estimado pelo dono da fazenda. Para que o filho não nascesse com cara de língua de boi, o jeito foi satisfazer o desejo da mulher.

Então, segundo o enredo, Francisco mata o boi preferido do patrão. O amo descobre e manda os índios caçarem Pai Francisco, que busca um pajé para fazer ressuscitar o boi. O boi renasce e tudo vira uma grande festa.

Para desenvolver o tema, cada boi leva cerca de 3 horas. São verdadeiros espetáculos de luzes e cores incluindo show pirotécnico nas aberturas de cada apresentação. Os bonecos gigantescos representando cada personagem da trama são um show à parte.
Cada uma das agremiações leva ao bumbódromo cerca de 5 mil brincantes a cada ano. Cerca de 35.000 pessoas prestigiam o espetáculo anualmente.

Curiosidades

A explicação mais corrente para a origem dos nomes dos bois Garantido e Caprichoso remonta a um amor proibido que o poeta Emídio Vieira teria cultivado pela mulher do repentista Lindolfo Monteverde. Ambos apresentavam seus bois todos os anos.
Como não podia ter a mulher de Monteverde, Emídio lançou o desafio: "Se cuide que este ano eu vou caprichar no meu boi". Ao que o repentista respondeu: "Pois capriche no seu que eu garanto o meu". A rivalidade cresceu entre os dois e, a cada ano, um queria ser melhor do que o outro. Os outros grupos de apresentação de bois foram ficando pelo caminho e apenas os Garantido de Monteverde e o Caprichoso de Vieira chegaram aos nossos dias.

Por falar em rivalidade, essa é uma das principais características da festa dos bois de Parintins. Apesar do respeito que é regra no bumbódromo onde as torcidas jamais devem vaiar a apresentação do boi adversário, há algumas nuances que demonstram a rivalidade das torcidas. Quando um torcedor do Garantido quer se referir ao Caprichoso, por exemplo, ele jamais menciona o nome do adversário, diz apenas “o contrário”. E vice-versa. Os músicos que tocam no Caprichoso formam a Marujada, enquanto os do Garantido são a Batucada. E por aí vai.

O fato é que, seja Garantido ou Caprichoso, ambos representam uma das maiores manifestações folclóricas de nosso povo.


Castanhal



“As castanheiras do Pará são arvores bonitas e grandes. De janeiro a março deixam cair seus ouriços cheios de amêndoas. São muito encontradas em Alenquer, Óbidos e Tocantins. A castanha retirada dos ouriços é conduzida em batelões motores e navios para o porto de Belém.”

 

O Castanhal faz parte da flora paraense, compõe com outras arvores as chamadas florestas de terra firme. Estas florestas de terra firme ocupam terras não inundáveis e se espalham por grande parte do território paraense. São recentes, originadas da sedimentação da bacia amazônica no período terciário. Caracterizam-se pelo grande porte das árvores e formação de dossel, isto é, uma compacta e permanente cobertura formada pelas copas das árvores. No geral possuem de 140 a 280 espécies arbóreas por hectare, número impressionante se compararmos com a diversidade das florestas temperadas e boreais.

As florestas de terra firme dividem-se em florestas densas, as mais diversas e com maior quantidade de madeira, e floresta abertas, mais próximas dos escudos e depressões e que sustentam maior biomassa animal.

Algumas espécies representativas são: castanha-do-pará, caucho, sapucaia, maçaranduba, acapu, cedro, mogno, angelim-pedra, paxiúba (palmeira) e figueira (mata-paus).

Falando especificamente da Castanha,a temos como um símbolo da cultura paraense. Por sua abundante quantidade e sua peculiaridade de sabor e formato, a castanha daquela região, ficou conhecida com todo o mérito, como Castanha do Pará.

A Castanha-do-Pará é muito usada para a confecção de confeitos, recheios, coberturas de bolos, além de doces diversos.

A comercialização desta iguaria gera renda para diversas famílias da região. Quando frescas fornecem o leite usado na preparação de vários pratos típicos da cozinha paraense e por se tratar de um alimento altamente energético, é ingerido por todos, com a crença de que faz crescer e ficar forte, alem de outros poderes discutíveis que os homens paraenses atribuem a ela. Apreciada em todo o mundo, é um dos principais produtos de consumo e exportação do Pará.


Doca de Ver o Peso


“É o cais dos barcos e canoas a vela em Belém, a margem do Guajará, onde se vendem frutos, cestos, cuias, objetos de cerâmica, peles, borracha, farinha, fumo, cachaça, mel, abanos e outros objetos vindo do interior do estado. Por sua vez os canoeiros compram espelhos, perfumes, fazendas, chapéus usados, sabonetes, camisas, etc.”
 

Autêntica galeria de tipos inusitados, onde se encontra desde o vendedor de remédios caseiros com sua lábia enganadora prometendo milagres aos transeuntes até ao cantador de rua, com suas modinhas e boleros, cujos temas são em geral os mais apelativos possíveis, o tradicional Ver-o-Peso, é na acepção da palavra uma feira-livre. Nas suas barracas tem de tudo: legumes, frutas, cereais, peixe-frito, tacacá, caruru e como não poderia deixar de ser, defumação e os mais variados apetrechos umbandistas (colares e outros), para afastar o mau-olhado.

O cheiro penetrante da chicória contrastando com o odor desagradável das poças de lama; o empurra-empurra da verdadeira multidão de compradores e os gritos dos vendedores anunciando aos pulmões suas mercadorias "da melhor qualidade e bem baratinhas"; são vários aspectos da mais famosa feira-livre de toda a Amazônia, onde cruzam pessoas de todas as idades e das mais variadas camadas sociais. Devido ao seu intenso movimento diário, pode-se dizer, sem medo de errar, que o Ver-o-Peso funciona como uma espécie de órgão impulsionador das transações comerciais no centro de Belém.

O trabalho começa cedo

As canoas e vigilengas, abarrotadas de frutas e legumes, atracam na escadinha do Ver-o-Peso às primeiras horas da manhã. A partir daí os vendedores começam a arrumar suas barracas. Quando o grande número de compradores chega, isto por volta das 9 horas, período em que o movimento atinge seu ponto máximo, as frutas, os legumes, os cereais, a farinha, as ervas medicinais e os outros produtos, já estão todos devidamente distribuídos em suas respectivas barracas.

Os vendedores do Ver-o-Peso são oriundos das mais diversas localidades do estado. No meio do grande número dos mais autênticos caboclos de nossa região, uma raça diferente: os nipônicos. Estes em sua maioria vendem legumes e frutas, sendo famosos entre os compradores por sua melancias. Os vendedores orientais, inobstante sua cultura totalmente diversa da nossa, devido talvez o contato do dia-a-dia, se identificam plenamente, com os demais feirantes, principalmente no tocante à indumentária onde não falta, como detalhe imprescindível, o chapéu de palha.

Brasileiros de outros lugares também fazem parte do quadro de feirantes do Ver-o-Peso. De todos, se destacam os nordestinos, de uma maneira específica os cearenses, que arraigados às tradições de sua terra natal, tocam sanfona no meio da feira, chamando a atenção dos transeuntes que, atraídos por suas cantigas, formam imensas rodas em volta dos "arigós". A presença da gente do Nordeste é tão marcante na mais famosa feira, que é fácil de se encontrar chapéus de cangaceiros sendo vendidos em várias barracas.

Os famosos fluidos

Para quem desconhece é bom saber que o padroeiro do Ver-o-Peso é São Benedito da Praia, que foi cantado na lírica de Bruno de Menezes, como sendo um preto bondoso que em qualquer hora de qualquer dia desce de onde se encontra para adocicar o espírito com umas doses de cana e em meio a mais poderosa das defumações. Como não poderia deixar de ser, já que assim preconiza a tradição, esta feira possui também várias casas especialistas em umbanda e quibanda.

Argumentando que é necessário ter conhecimento de causa para ficar à frente de uma casa especializada em produtos de umbanda, o vendedor Lourival Cavalcante, da Cabana do seu Zé Raimundo Baú, uma das mais movimentadas da feira, juntamente com A Milagrosa, disse que o "negócio é tão bom que estou estabelecido aqui há 4 anos e nem me passa pela cabeça abandonar este comércio". Entre os produtos vendidos nesta cabana, os mais procurados ontem de manhã, foram os banhos de cheiro Comigo ninguém pode, Limpa corpo, Atrai freguês e Amansa sogra.

Tipos diversos

Em linhas gerais, o Ver-o-Peso é uma peculiar aquarela de tipos humanos. Entre suas barracas se encontra o vendedor de banana com camisa enrolada à altura do peito e pés descalços: o menino oferecendo sacos de papel; o talhador de peixe com seu boné característico; o caboclo tostado pelo sol carregando caixas cheias de piramutabas e os irritantes — por vezes simpáticos — vendedores de loterias. Dentro deste catálogo de tipos, existem aqueles que por suas excentricidades podem ser classificados como inusitados. Um desses é o camelô.

"Venha conhecer o produto de perto para ver seu baixo preço e sua alta qualidade ou "compre aqui seu sapato porque não existe outro lugar onde se venda mais barato", são algumas das inúmeras frases usadas por estes tipos de vendedores para chamar a atenção dos transeuntes. Aliás, deve-se salientar que com seu fraseado sui generis e seus exagerados gestos, os camelôs são realmente exímios "vendedores".

Com óculos de aros de tartaruga e cabelos quase todos brancos, o ancião José Luz Machado Oliveira, cearense, 92 anos de idade, dos quais 14 dedicados à venda de remédios no Ver-o-Peso, é um tipo popular da feira. Lúcido ainda, ele aparenta uma serenidade que faz o freguês ter confiança em seus produtos, tal a convicção com que diz e enaltece suas qualidades medicinais. Entre os inúmeros produtos que vende está o sabão de cacau, vindo de Cametá especialmente para ele.

"Não tem coceiras que resista à sua ação. É passar o sabão e vê-las sumirem da pele. Aqui eu tenho remédios pra tudo. Se a pessoa tem reumatismo, nada melhor de que óleo de capivara. Se não quiser este, tenho ainda: óleo de anta, andiroba, óleo de jibóia. Prá tosse e doenças da garganta um bom chá de gengibre ou de alho-macho, é o melhor remédio, "asseverou o pseudo-químico cearense que disse ter "conhecido o cativeiro".

A doca do Ver-o-Peso

Conhecida nacional e internacionalmente como o cartão de visita de Belém do Pará, a doca do Ver-o-Peso, onde atracam as vigilengas, as canoas e outras embarcações típicas da Amazônia, na verdade em meio ao sortilégio de seu cotidiano, possui inúmeros fatores positivos mas não deixa de ter também seu lado negativo. Não resta dúvida que as embarcações que ali, com suas denominações religiosas (São Carlos, São Benedito, etc) e líricas (Minha Flor, Deusa de Minha Vida etc.), atracam, são uma atração turística. Seriam, entretanto, muito mais, se houvesse uma organização na venda dos peixes que é na realidade uma autêntica azáfama.

 

Na periferia do Mercado de Ferro existem os vendedores de paneiros, abanos, peneiras, tipiti e outros, todos feitos de palha da palmeira, salvo engano, conhecida por jupati. Ao lado disso, o comprador encontra uma variedade enorme de botes e fogãozinhos de argila, além de cuias para tacacá e mugunzá. As pessoas de fora, principalmente pelas peculiaridades dos produtos, compram em grande quantidade. Elas, contudo, não deixam de tecer comentários depreciativos a uma enorme poça de lama que existe ali perto.

A história

Foi na vertente do rio Piry em meados do século XVII, que as canoas dos indígenas e as embarcações dos colonos carregadas de iguarias típicas da região começaram a atracar e serem desembarcadas por seus proprietários. Este processo natural, com o passar dos anos foi tomando vulto. As autoridades portuguesas cientes das transações comerciais que neste local estavam sendo efetuadas, construíram uma modesta repartição destinada a cobrar os impostos devidos à coroa. Estes eram todos destinados à manutenção da colônia. A fim de traçar um esquema compatível com a vida dos canoeiros, as autoridades portuguesas determinaram que os tributos a serem cobrados fossem estipulados pelo peso da mercadoria. A partir de então, na casa modesta construída na foz do Piry, exatamente à frente do começo da rua dos Mercadores depois rua da Cadeia e atual João Alfredo, os colonos e indígenas levavam suas mercadorias para participar do processo economicamente conhecido como do haver-do-peso. O tempo passou e o linguajar popular consagrou o local como sendo o "Ver-o-Peso", que desta maneira é importante para Belém por ser um marco histórico, paisagístico, tradicional, geográfico e econômico. Recentemente teve sua importância aumentada, porquanto foi reconhecido nacionalmente como um ponto turístico de Santa Maria de Belém do Grão Pará.


Vendedor de Peixe



“Em Belém, é costume ver-se o peixeiro que vai gritando `` Peixe, Tainha, pescada fresca``! O peixeiro é quase sempre português e percorre a cidade vendendo peixes muito saborosos. Quase sempre com nomes indígenas, tais como Tucunaré, Acará, Tamuatá, Mandubé, etc.”
 

O Pará abriga alguns dos mais expressivos afluentes do rio Amazonas, como o Tapajós, o Trombetas, o Nhamundá, o misterioso Xingu, o Araguaia e o Tocantins, além de incontáveis lagos e lagoas.

Nesse cenário de rios abundantes e fartura de peixes a figura do pescador não poderia deixar de existir. A pesca gera sustento para diversas famílias paraenses. O pescador de casa, trabalha arduamente na pesca durante sua jornada e então se dirige para o Mercado de Ver o Peso, que possui um mercado de peixe. Leva então seus peixes e começa a negociação de sua mercadoria. Entre os diversos preços oferecidos e inúmeras pechinchas, bons negócios sempre são feitos, mantendo assim mais uma das tradições do estado, o sustento do vendedor de peixe.

Existe ainda uma outra forma de comercio dos peixes, as proximidades da escadinha do Ver-o-Peso existe um acentuado número de barracas onde são preparados no fogão a carvão, o gostoso peixe frito, que sai diretamente das canoas para a frigideira. O atraente cheiro deste prato tipicamente ribeirinho exala por grandes distâncias e induz as pessoas por mais que achem anti-higiênico a provarem um pouquinho.
 

Fonte:
http://www.zooparque.com.br/
zoo_cia/tucunare.jpg

O molho de pimenta e tucupi, segundo os vendedores, é indispensável para aumentar a "gostosura" do peixe frito na brasa."A gente trata com os maiores cuidados possíveis o peixe ante de pô-lo na frigideira. Dizem que falta higiene, mas não falta não. As pessoas é que possuem esta idéia sem cabimento. Aqui em nossas barracas acontece de vez em quando de almoçarem pessoas que a gente vê que não é daqui do Pará. Os estrangeiros como gostam de nosso peixe frito. Quando eles comem pedem o molho de pimenta", disse um vendedor.


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