Vaqueiro do Marajó
“Marajó, e uma das maiores ilhas fluviais do mundo.
Possui um rebanho vacum de perto de seiscentas mil reses, distribuídas
por novecentas fazendas. A criação bovina e eqüina
foi introduzida pelos frades franciscanos no século XVII.
O vaqueiro Marajoara, tem sempre a sua blusa fora da calça,
seu chapéu de carnaúba, suas simples e o seu cavalo.”
Texto
contido no verso da Estampa
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O
Marajó, maior ilha flúvio-marinha do planeta, é
palco dessa manifestação folclórica que se
caracteriza por imitar os gestos dos vaqueiros no trabalho de
laçar do gado. Segundo informações de estudiosos,
a dança teria sido criada para uma coreografia do professor
Adelermo Mattos, utilizando uma música das vaquejadas do
Rio Grande de Sul. Com o surgimento do Grupo Parafoclórico
"Asa Branca", do Distrito de Icoaraci, Belém
(PA), a professora Etelvina Cordeiro, inspirando-se no "aboio"
do Vaqueiro Marajoara, compôs um texto literário
retratando o dia-a-dia desse elemento da cultura do Marajó,
em sua lida diária de tanger o gado. O poema foi até
musicado.
Normalmente,
a dança é apresentada apenas por homens, sem a presença
feminina para formar pares, como acontece na maioria das manifestações
folclóricas de dança da região. O motivo
disso certamente é pelo fato de o trabalho de vaqueiro
ser, em geral, desempenhado exclusivamente por homens. Também
nas exposições agropecuárias que ocorrem
nos municípios do Marajó, como Soure e Salvaterra,
são geralmente os homens que participam de torneios e exibições.
A
coreografia não é definida, como indefinido é
o movimento que o vaqueiro, na prática, executa ao tentar
laçar os animais. Os bailarinos usam tamancos de madeira
que fazem barulho semelhante aos passos dos bois. Para compor
a apresentação são usadas cordas de sisal,
chicotes de couro, calças brancas sempre arregaçadas,
camisas com motivos marajoaras (às vezes apresentam-se
sem camisas, com o dorso nu) e chapéu de palha. É
usada ainda uma espécie de capa, geralmente vermelha ou
azul, que serve para proteger o vaqueiro da umidade da noite.
Outra
característica é a proibição de instrumentos
eletrônicos no acompanhamento musical. Por isso, são
usados apenas instrumentos tradicionais de pau, de corda e de
sopro como curimbós, maracás, ganzáz, banjos,
cacetes e flautas: os mesmos usados no carimbó e outras
danças folclóricas da Amazônia. |
Amassadeira
de Açaí
“O açaí, fruto da palmeira Açaizeiro,
tem o tamanho de uma cereja. Juntando-se água, faz-se com
ele uma bebida roxa que é o vinho da terra. Em Belém
do Pará as amassadeiras de açaí penduram bandeirinhas
a porta de suas casas para anunciar a venda e fazem a bebida a vista
do freguês. Há um ditado no Para que diz ``Quem foi
ao Para...parou, bebeu açaí, ficou...!``” |
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O
açaí é a bebida predileta dos paraenses e
dos amazonenses, sendo preparada com a polpa roxa dos carocinhos
de uma das mais elegantes palmeiras da Amazônia. Mergulhando-os
num alguidar, sob o esforço ritmado das mãos de
uma amassadeira, isto é, de uma mulher experimentada nesse
trabalho, são uniformemente macerados, à proporção
que se lhes junta cuias de água fresca.
Ainda
hoje as amassadeiras costumam colocar, à frente de suas
casas, uma bandeira vermelha pregada num pau. Isso significa que
tem açaí para vender. Em geral a bandeira é
posta às onze horas da manhã - pois o trabalhador
paraense, já conta com o açaí para sua sobremesa.
Mais tarde, às 15 ou 16 horas, a esposa e os filhos bebem-no
como lanche.
Apanhamos
os cachos, o açaí (caroços) é colocado
numa tina ou grande bacia, onde é lavado, recebendo depois
água morna - ou é posto ao sol com água comum,
de forma que com o calor a água se aqueça e a polpa
amacie. Isso facilita amassá-lo, além de dar caldo
mais abundante e gostoso. Pois, quando muito seco e duro, fica
com gosto de palha ou travoso. Após isso, vai para o alguidar
de madeira, para ser macerado pela amassadeira. Esta costuma usar
avental e pano na cabeça, evitando assim o perigo de cair
cabelo dentro. O alguidar está sobre uma longa mesa na
qual existem outras vasilhas: dois alguidares de barro, cuias,
latas, etc. A amassadeira debruça-se sobre o alguidar de
madeira, pondo-se a atritar os caroços, uns contra os outros,
com as mãos - para frente, para trás - e, à
medida que os vai "descarnando", despeja água
por cima. Quando a polpa está toda solta, passa tudo para
uma peneira que aguarda os caroços e a massa.
Atualmente
o progresso praticamente substituiu tudo isso, por máquinas,
um tanto rústicas, construídas por lá
mesmo. Contudo, a preferência popular é ainda
outro - o processo nativo - pois a amassagem à mão
dá açaí mais gostoso. A máquina,
dizem, quebra muitos caroços e faz o caldo ficar travoso.
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Boi-Bumbá
“O
bumba- meu- boi do Nordeste, chama-se no Pará boi bumbá.
É um divertimento típico do S. João. O cordão
do boi- bumbá tem típicos característicos
como o ``amo``, a ``filha do amo``, os ``vaqueiros``, os ``índios``,
etc. O boi chama-se ``Pai do campo``, ``canário``, etc.
É uma festa tradicional no Norte. Os cantos do ``boi``
são bonitos e saudosos - ``boi chegou morena vem ver``!..”
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A
festa do Bumba-meu-boi ou Boi-bumbá tem suas origem no
Nordeste do país, mas disseminou-se por quase todos os
estados da Amazônia, em especial o Amazonas, visitado anualmente
por milhares de turistas que vão para conhecer o famoso
Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913.
Na
maioria das versões de boi-bumbá existentes em cada
Estado, o enredo encenado é geralmente o mesmo. O tripa
do boi é uma das peças mais importantes da brincadeira.
É o homem que dança embaixo da “carcaça”
do boi. O som fica por conta das toadas, com batuques de tambores,
repiques, caixinhas e surdos. Esse é o boi em sua forma,
digamos, mais original, que em muitas localidades da Amazônia
ainda é reproduzido de forma eminentemente folclórica.
Tanto que para muitos, esse boi original e primitivo em pouco
ou nada se assemelha à grandiosa festa dos bois de Parintins,
realizada no mês de julho, a cerca de 400 Km de Manaus,
no Amazonas.
Garantido
e Caprichoso
O
imaginário indígena e figuras mitológicas
como pajés e feiticeiros foram incorporados às
tradições do boi. Por isso, durante o Festival
Folclórico de Parintins, a cidade é chamada
de “ilha Tupinambarana”. |
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As
cores vermelho e azul, que representam respectivamente os bois Garantido
e Caprichoso, tomam conta do bumbódromo, espécie de
arena construída especialmente para a realização
da festa que acontece de 28 a 30 de julho.
Fonte
imagem: http://www.mizzbrazil.com/images/131.jpg
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Enredo
As
apresentações dos bois em Parintins desenvolvem-se de acordo
com um enredo que conta a história do negro Francisco, funcionário
de uma fazenda e cuja mulher, Catirina, estava grávida. O estado
“interessante” da mulher causou-lhe o desejo de comer a língua
do boi mais estimado pelo dono da fazenda. Para que o filho não
nascesse com cara de língua de boi, o jeito foi satisfazer o desejo
da mulher.
Então,
segundo o enredo, Francisco mata o boi preferido do patrão. O amo
descobre e manda os índios caçarem Pai Francisco, que busca
um pajé para fazer ressuscitar o boi. O boi renasce e tudo vira
uma grande festa.
Para
desenvolver o tema, cada boi leva cerca de 3 horas. São verdadeiros
espetáculos de luzes e cores incluindo show pirotécnico
nas aberturas de cada apresentação. Os bonecos gigantescos
representando cada personagem da trama são um show à parte.
Cada uma das agremiações leva ao bumbódromo cerca
de 5 mil brincantes a cada ano. Cerca de 35.000 pessoas prestigiam o espetáculo
anualmente.
Curiosidades
A
explicação mais corrente para a origem dos nomes dos bois
Garantido e Caprichoso remonta a um amor proibido que o poeta Emídio
Vieira teria cultivado pela mulher do repentista Lindolfo Monteverde.
Ambos apresentavam seus bois todos os anos.
Como não podia ter a mulher de Monteverde, Emídio lançou
o desafio: "Se cuide que este ano eu vou caprichar no meu boi".
Ao que o repentista respondeu: "Pois capriche no seu que eu garanto
o meu". A rivalidade cresceu entre os dois e, a cada ano, um queria
ser melhor do que o outro. Os outros grupos de apresentação
de bois foram ficando pelo caminho e apenas os Garantido de Monteverde
e o Caprichoso de Vieira chegaram aos nossos dias.
Por
falar em rivalidade, essa é uma das principais características
da festa dos bois de Parintins. Apesar do respeito que é regra
no bumbódromo onde as torcidas jamais devem vaiar a apresentação
do boi adversário, há algumas nuances que demonstram a rivalidade
das torcidas. Quando um torcedor do Garantido quer se referir ao Caprichoso,
por exemplo, ele jamais menciona o nome do adversário, diz apenas
“o contrário”. E vice-versa. Os músicos que
tocam no Caprichoso formam a Marujada, enquanto os do Garantido são
a Batucada. E por aí vai.
O
fato é que, seja Garantido ou Caprichoso, ambos representam uma
das maiores manifestações folclóricas de nosso povo.
Castanhal
“As castanheiras do Pará são arvores bonitas
e grandes. De janeiro a março deixam cair seus ouriços
cheios de amêndoas. São muito encontradas em Alenquer,
Óbidos e Tocantins. A castanha retirada dos ouriços
é conduzida em batelões motores e navios para o
porto de Belém.”
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O
Castanhal faz parte da flora paraense, compõe com outras
arvores as chamadas florestas de terra firme. Estas florestas de
terra firme ocupam terras não inundáveis e se espalham
por grande parte do território paraense. São recentes,
originadas da sedimentação da bacia amazônica
no período terciário. Caracterizam-se pelo grande
porte das árvores e formação de dossel, isto
é, uma compacta e permanente cobertura formada pelas copas
das árvores. No geral possuem de 140 a 280 espécies
arbóreas por hectare, número impressionante se compararmos
com a diversidade das florestas temperadas e boreais.
As
florestas de terra firme dividem-se em florestas densas, as mais
diversas e com maior quantidade de madeira, e floresta abertas,
mais próximas dos escudos e depressões e que sustentam
maior biomassa animal.
Algumas
espécies representativas são: castanha-do-pará,
caucho, sapucaia, maçaranduba, acapu, cedro, mogno, angelim-pedra,
paxiúba (palmeira) e figueira (mata-paus).
Falando
especificamente da Castanha,a temos como um símbolo da cultura
paraense. Por sua abundante quantidade e sua peculiaridade de sabor
e formato, a castanha daquela região, ficou conhecida com
todo o mérito, como Castanha do Pará.
A
Castanha-do-Pará é muito usada para a confecção
de confeitos, recheios, coberturas de bolos, além de doces
diversos.
A
comercialização desta iguaria gera renda para diversas
famílias da região. Quando frescas fornecem o leite
usado na preparação de vários pratos típicos
da cozinha paraense e por se tratar de um alimento altamente energético,
é ingerido por todos, com a crença de que faz crescer
e ficar forte, alem de outros poderes discutíveis que os
homens paraenses atribuem a ela. Apreciada em todo o mundo, é
um dos principais produtos de consumo e exportação
do Pará.
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Doca
de Ver o Peso
“É o cais dos barcos e canoas a vela em Belém,
a margem do Guajará, onde se vendem frutos, cestos, cuias,
objetos de cerâmica, peles, borracha, farinha, fumo, cachaça,
mel, abanos e outros objetos vindo do interior do estado. Por sua
vez os canoeiros compram espelhos, perfumes, fazendas, chapéus
usados, sabonetes, camisas, etc.” |
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Autêntica
galeria de tipos inusitados, onde se encontra desde o vendedor
de remédios caseiros com sua lábia enganadora prometendo
milagres aos transeuntes até ao cantador de rua, com suas
modinhas e boleros, cujos temas são em geral os mais apelativos
possíveis, o tradicional Ver-o-Peso, é na acepção
da palavra uma feira-livre. Nas suas barracas tem de tudo: legumes,
frutas, cereais, peixe-frito, tacacá, caruru e como não
poderia deixar de ser, defumação e os mais variados
apetrechos umbandistas (colares e outros), para afastar o mau-olhado.
O
cheiro penetrante da chicória contrastando com o odor desagradável
das poças de lama; o empurra-empurra da verdadeira multidão
de compradores e os gritos dos vendedores anunciando aos pulmões
suas mercadorias "da melhor qualidade e bem baratinhas";
são vários aspectos da mais famosa feira-livre de
toda a Amazônia, onde cruzam pessoas de todas as idades
e das mais variadas camadas sociais. Devido ao seu intenso movimento
diário, pode-se dizer, sem medo de errar, que o Ver-o-Peso
funciona como uma espécie de órgão impulsionador
das transações comerciais no centro de Belém.
O
trabalho começa cedo
As
canoas e vigilengas, abarrotadas de frutas e legumes, atracam
na escadinha do Ver-o-Peso às primeiras horas da manhã.
A partir daí os vendedores começam a arrumar suas
barracas. Quando o grande número de compradores chega,
isto por volta das 9 horas, período em que o movimento
atinge seu ponto máximo, as frutas, os legumes, os cereais,
a farinha, as ervas medicinais e os outros produtos, já
estão todos devidamente distribuídos em suas respectivas
barracas.
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Os
vendedores do Ver-o-Peso são oriundos das mais diversas localidades
do estado. No meio do grande número dos mais autênticos caboclos
de nossa região, uma raça diferente: os nipônicos.
Estes em sua maioria vendem legumes e frutas, sendo famosos entre os compradores
por sua melancias. Os vendedores orientais, inobstante sua cultura totalmente
diversa da nossa, devido talvez o contato do dia-a-dia, se identificam
plenamente, com os demais feirantes, principalmente no tocante à
indumentária onde não falta, como detalhe imprescindível,
o chapéu de palha.
Brasileiros de outros lugares também fazem parte do quadro de feirantes
do Ver-o-Peso. De todos, se destacam os nordestinos, de uma maneira específica
os cearenses, que arraigados às tradições de sua
terra natal, tocam sanfona no meio da feira, chamando a atenção
dos transeuntes que, atraídos por suas cantigas, formam imensas
rodas em volta dos "arigós". A presença da gente
do Nordeste é tão marcante na mais famosa feira, que é
fácil de se encontrar chapéus de cangaceiros sendo vendidos
em várias barracas.
Os
famosos fluidos
Para
quem desconhece é bom saber que o padroeiro do Ver-o-Peso é
São Benedito da Praia, que foi cantado na lírica de Bruno
de Menezes, como sendo um preto bondoso que em qualquer hora de qualquer
dia desce de onde se encontra para adocicar o espírito com umas
doses de cana e em meio a mais poderosa das defumações.
Como não poderia deixar de ser, já que assim preconiza a
tradição, esta feira possui também várias
casas especialistas em umbanda e quibanda.
Argumentando
que é necessário ter conhecimento de causa para ficar à
frente de uma casa especializada em produtos de umbanda, o vendedor Lourival
Cavalcante, da Cabana do seu Zé Raimundo Baú, uma das mais
movimentadas da feira, juntamente com A Milagrosa, disse que o "negócio
é tão bom que estou estabelecido aqui há 4 anos e
nem me passa pela cabeça abandonar este comércio".
Entre os produtos vendidos nesta cabana, os mais procurados ontem de manhã,
foram os banhos de cheiro Comigo ninguém pode, Limpa corpo, Atrai
freguês e Amansa sogra.
Tipos
diversos
Em
linhas gerais, o Ver-o-Peso é uma peculiar aquarela de tipos humanos.
Entre suas barracas se encontra o vendedor de banana com camisa enrolada
à altura do peito e pés descalços: o menino oferecendo
sacos de papel; o talhador de peixe com seu boné característico;
o caboclo tostado pelo sol carregando caixas cheias de piramutabas e os
irritantes — por vezes simpáticos — vendedores de loterias.
Dentro deste catálogo de tipos, existem aqueles que por suas excentricidades
podem ser classificados como inusitados. Um desses é o camelô.
"Venha
conhecer o produto de perto para ver seu baixo preço e sua alta
qualidade ou "compre aqui seu sapato porque não existe outro
lugar onde se venda mais barato", são algumas das inúmeras
frases usadas por estes tipos de vendedores para chamar a atenção
dos transeuntes. Aliás, deve-se salientar que com seu fraseado
sui generis e seus exagerados gestos, os camelôs são realmente
exímios "vendedores".
Com
óculos de aros de tartaruga e cabelos quase todos brancos, o ancião
José Luz Machado Oliveira, cearense, 92 anos de idade, dos quais
14 dedicados à venda de remédios no Ver-o-Peso, é
um tipo popular da feira. Lúcido ainda, ele aparenta uma serenidade
que faz o freguês ter confiança em seus produtos, tal a convicção
com que diz e enaltece suas qualidades medicinais. Entre os inúmeros
produtos que vende está o sabão de cacau, vindo de Cametá
especialmente para ele.
"Não
tem coceiras que resista à sua ação. É passar
o sabão e vê-las sumirem da pele. Aqui eu tenho remédios
pra tudo. Se a pessoa tem reumatismo, nada melhor de que óleo de
capivara. Se não quiser este, tenho ainda: óleo de anta,
andiroba, óleo de jibóia. Prá tosse e doenças
da garganta um bom chá de gengibre ou de alho-macho, é o
melhor remédio, "asseverou o pseudo-químico cearense
que disse ter "conhecido o cativeiro".
A
doca do Ver-o-Peso
Conhecida nacional e internacionalmente como o cartão de
visita de Belém do Pará, a doca do Ver-o-Peso, onde
atracam as vigilengas, as canoas e outras embarcações
típicas da Amazônia, na verdade em meio ao sortilégio
de seu cotidiano, possui inúmeros fatores positivos mas não
deixa de ter também seu lado negativo. Não resta dúvida
que as embarcações que ali, com suas denominações
religiosas (São Carlos, São Benedito, etc) e líricas
(Minha Flor, Deusa de Minha Vida etc.), atracam, são uma
atração turística. Seriam, entretanto, muito
mais, se houvesse uma organização na venda dos peixes
que é na realidade uma autêntica azáfama. |
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Na
periferia do Mercado de Ferro existem os vendedores de paneiros, abanos,
peneiras, tipiti e outros, todos feitos de palha da palmeira, salvo engano,
conhecida por jupati. Ao lado disso, o comprador encontra uma variedade
enorme de botes e fogãozinhos de argila, além de cuias para
tacacá e mugunzá. As pessoas de fora, principalmente pelas
peculiaridades dos produtos, compram em grande quantidade. Elas, contudo,
não deixam de tecer comentários depreciativos a uma enorme
poça de lama que existe ali perto.
A história
Foi
na vertente do rio Piry em meados do século XVII, que as canoas
dos indígenas e as embarcações dos colonos carregadas
de iguarias típicas da região começaram a atracar
e serem desembarcadas por seus proprietários. Este processo natural,
com o passar dos anos foi tomando vulto. As autoridades portuguesas cientes
das transações comerciais que neste local estavam sendo
efetuadas, construíram uma modesta repartição destinada
a cobrar os impostos devidos à coroa. Estes eram todos destinados
à manutenção da colônia. A fim de traçar
um esquema compatível com a vida dos canoeiros, as autoridades
portuguesas determinaram que os tributos a serem cobrados fossem estipulados
pelo peso da mercadoria. A partir de então, na casa modesta construída
na foz do Piry, exatamente à frente do começo da rua dos
Mercadores depois rua da Cadeia e atual João Alfredo, os colonos
e indígenas levavam suas mercadorias para participar do processo
economicamente conhecido como do haver-do-peso. O tempo passou e o linguajar
popular consagrou o local como sendo o "Ver-o-Peso", que desta
maneira é importante para Belém por ser um marco histórico,
paisagístico, tradicional, geográfico e econômico.
Recentemente teve sua importância aumentada, porquanto foi reconhecido
nacionalmente como um ponto turístico de Santa Maria de Belém
do Grão Pará.
Vendedor
de Peixe
“Em Belém, é costume ver-se o peixeiro que vai
gritando `` Peixe, Tainha, pescada fresca``! O peixeiro é
quase sempre português e percorre a cidade vendendo peixes
muito saborosos. Quase sempre com nomes indígenas, tais como
Tucunaré, Acará, Tamuatá, Mandubé, etc.” |
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O
Pará abriga alguns dos mais expressivos afluentes do rio
Amazonas, como o Tapajós, o Trombetas, o Nhamundá,
o misterioso Xingu, o Araguaia e o Tocantins, além de incontáveis
lagos e lagoas.
Nesse
cenário de rios abundantes e fartura de peixes a figura do
pescador não poderia deixar de existir. A pesca gera sustento
para diversas famílias paraenses. O pescador de casa, trabalha
arduamente na pesca durante sua jornada e então se dirige
para o Mercado de Ver o Peso, que possui um mercado de peixe. Leva
então seus peixes e começa a negociação
de sua mercadoria. Entre os diversos preços oferecidos e
inúmeras pechinchas, bons negócios sempre são
feitos, mantendo assim mais uma das tradições do estado,
o sustento do vendedor de peixe.
Existe
ainda uma outra forma de comercio dos peixes, as proximidades
da escadinha do Ver-o-Peso existe um acentuado número
de barracas onde são preparados no fogão a carvão,
o gostoso peixe frito, que sai diretamente das canoas para
a frigideira. O atraente cheiro deste prato tipicamente ribeirinho
exala por grandes distâncias e induz as pessoas por
mais que achem anti-higiênico a provarem um pouquinho. |
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Fonte:
http://www.zooparque.com.br/
zoo_cia/tucunare.jpg |
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O
molho de pimenta e tucupi, segundo os vendedores, é indispensável
para aumentar a "gostosura" do peixe frito na brasa."A
gente trata com os maiores cuidados possíveis o peixe ante de pô-lo
na frigideira. Dizem que falta higiene, mas não falta não.
As pessoas é que possuem esta idéia sem cabimento. Aqui
em nossas barracas acontece de vez em quando de almoçarem pessoas
que a gente vê que não é daqui do Pará. Os
estrangeiros como gostam de nosso peixe frito. Quando eles comem pedem
o molho de pimenta", disse um vendedor. |