Viajando pelo Brasil
Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

São Paulo (série 272)

 
pag 05


Fundição de Aço


“O parque industrial do Estado de S. Paulo é o maior da América do Sul. No grande estado bandeirante, a indústria da fundição do aço está em pleno desenvolvimento e é do desenvolvimento crescente da fundição do aço que poderemos ter mais locomotivas, mais estradas de ferro, mais tratores, mais máquinas, enfim.”

 

No Brasil, a metalurgia do ferro foi iniciada logo após o descobrimento. O padre Anchieta, já em 1554, relatava à Corte Portuguesa, as ocorrências de ferro e prata.

A primeira industrialização do metal foi iniciada em 1587, por Afonso Sardinha, na serra de Cubatão, no rio Jeribatuba, na antiga freguesia de Santo Amaro, perto de São Paulo.
Em Biraçoiaba ou Araçoiaba, na última década do século XVI, foram construídos dois pequenos fornos para a produção de ferro com o minério extraído do solo brasileiro. A exploração continuou em pequena escala, com a construção de várias forjas catalãs no estado de São Paulo.
"Quanto ao ferro é certo que dele se fundiu enquanto houve fábrica em Santo Amaro, nas proximidades de São Paulo (as forjas da região de Biraçoiaba): era um ferro brando, mais brando que o de Biscaia, talvez por menos temperado, segundo um papel que consta do Livro Primeiro do Governo do Brasil. Cabe ao menos certa importância histórica ao engenho de Santo Amaro, por ser, cronologicamente, o mais antigo de que há notícia no hemisfério ocidental, embora ao de Jamestown, na Virgínia, se dê comumente essa primazia."
Em São Paulo, a atividade siderúrgica se reanimou com a instalação de uma fábrica de ferro em Sorocaba.
Foram construídos os fornos de Ipanema e do Morro do Pilar. Dois nomes surgiram nessa época, ligados à siderurgia brasileira: Eschwege e Varnhagen, metalurgistas e geólogos à serviço da Corte de Portugal. Aqui chegaram em 1810.
O primeiro construiu perto de Congonhas do Campo, na "Fábrica de Ferro" de propriedade da sociedade patriótica, organizada pelo Conde de Palma, atual governador das Minas Gerais, um baixo forno tipo sueco (figura 7) e que em 17 de dezembro de 1812 obteve a primeira corrida de gusa no país. Tal fábrica chegou a contar com 8 fornos com 1,5 metros de altura que produziam o ferro gusa.

Frederico Luiz Guilherme Varnhagen veio prestar sua colaboração na então denominada "Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema", em Sorocaba, assumindo a sua direção em janeiro de 1815, obtendo a primeira corrida três anos depois.
 

O engenheiro francês, F. de Monlevade, montou em 1818, um baixo forno em Caeté e, em 1825, uma forja catalã, na fábrica de ferro de São Miguel de Piracicaba.
Com a volta de Varnhagen para a Europa (1821), logo em seguida da de Eschwege, em Maio de 1822, após a declaração de Independência, os fornos da Fazenda da Fábrica, do Morro do Pilar e de Ipanema, gradativamente, foram se extinguindo, deixando de funcionar definitivamente em 1860.


Durante a guerra do Paraguai, os fornos de Ipanema foram reacesos e deram sua contribuição às armas do império, sobre a administração de um militar, Capitão Joaquim Mursa. Em 1895, entretanto, o estabelecimento foi definitivamente fechado.
As políticas econômicas dos governos de 1874 e 1884 fizeram com que as indústrias metalúrgicas e mecânicas regredissem, não podendo mais lutar contra a concorrência dos produtos importados. Os pequenos fornos se apagavam e as forjas primitivas silenciavam; seus produtos não podiam mais competir com a qualidade de o preço dos estrangeiros.

São Paulo tenta reagir ao centralismo da Era Vargas, na Revolução Constitucionalista de 1932, mas é derrotado. Mantém-se, porém, como pólo econômico de maior potencial do país. Torna-se a vanguarda da industrialização e da modernização brasileira. Paralelamente à expansão agrícola (café, cana-de-açúcar, soja, milho, feijão, trigo, banana, laranja), o estado tem extraordinário desenvolvimento industrial. Crescem a indústria de transformação (aço, cimento, máquinas e componentes) e, principalmente, as indústrias de bens de consumo (tecidos, alimentos, remédios, higiene e limpeza) e bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos). Concentrando o grande fluxo de investimentos das multinacionais norte-americanas e européias e as intensas correntes migratórias internas, São Paulo aumenta consideravelmente sua população e consolida sua força econômica.

Batedores de Feijão


“O Estado de S. Paulo, famoso pela sua produção de café, algodão, milho e arroz, é também um dos maiores produtores de feijão, o prato predileto do brasileiro. Desde o plantio até a colheita e o transporte, a cultura do feijão emprega milhares de trabalhadores em todo o estado.”
 

Origem e História do Feijão

Existem diversas hipóteses para explicar a origem e domesticação do feijoeiro. Tipos selvagens, similares a variedades criolas simpáticas, encontrados no México e a existência de tipos domesticados, datados de cerca de 7.000 a.C., na Mesoamérica, suportam a hipótese de que o feijoeiro teria sido domesticado na Mesoamérica e disseminado, posteriormente, na América do Sul. Por outro lado, achados arqueológicos mais antigos, cerca de 10.000 a.C., de feijões domesticados na América do Sul (sítio de Guitarrero, no Peru) são indícios de que o feijoeiro teria sido domesticado na América do Sul e transportado para a América do Norte.

Dados mais recentes, com base em padrões eletroforéticos de faseolina, sugerem a existência de três centros primários de diversidade genética, tanto para espécies silvestres como cultivadas: o mesoamericano, que se estende desde o sudeste dos Estados Unidos até o Panamá, tendo como zonas principais o México e a Guatemala; o sul dos Andes, que abrange desde o norte do Peru até as províncias do noroeste da Argentina; e o norte dos Andes, que abrange desde a Colômbia e Venezuela até o norte do Peru. Além destes três centros americanos primários, podem ser identificados vários outros centros secundários em algumas regiões da Europa, Ásia e África, onde foram introduzidos genótipos americanos.

O gênero Phaseolus compreende aproximadamente 55 espécies, das quais apenas cinco são cultivadas: o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris); o feijão de lima (P. lunatus); o feijão Ayocote (P. coccineus); o feijão tepari (P. acutifolius); e o P. polyanthus.


Os feijões estão entre os alimentos mais antigos, remontando aos primeiros registros da história da humanidade. Eram cultivados no antigo Egito e na Grécia, sendo, também, cultuados como símbolo da vida. Os antigos romanos usavam extensivamente feijões nas suas festas gastronômicas, utilizando-os até mesmo como pagamento de apostas. Foram encontradas referências aos feijões na Idade do Bronze, na Suíça, e entre os hebraicos, cerca de 1.000 a.C. As ruínas da antiga Tróia revelam evidências de que os feijões eram o prato favorito dos robustos guerreiros troianos. A maioria dos historiadores atribui a disseminação dos feijões no mundo em decorrência das guerras, uma vez que esse alimento fazia parte essencial da dieta dos guerreiros em marcha. Os grandes exploradores ajudaram a difundir o uso e o cultivo de feijão para as mais remotas regiões do planeta.
 


Entre os alimentos mais antigos, cultivados no antigo Egito e na Grécia, cultuado como símbolo da vida
http://www.cnpaf.embrapa.br/feijao/historia.htm

Açúcar


“O Estado de S. Paulo, é o mais rico do Brasil. Sua indústria é muito grande e sua agricultura a mais adiantada do País. Dia à dia o paulista amplia os setores de sua atividade, nos centros urbanos e rurais, num trabalho permanente para o progresso do Brasil.”

 

Com a fundação, em 1532, de São Vicente, a primeira vila brasileira, Martim Afonso de Souza dá início à ocupação e ao povoamento de São Paulo e à colonização portuguesa no Brasil. Poucos anos depois, os colonizadores sobem do litoral para o planalto e fundam outros povoados, entre eles o de São Paulo de Piratininga, em 1554.
Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro engenho de açúcar. A produção e a exportação de açúcar não têm grande desenvolvimento, mas crescem outros cultivos, como o de mandioca e o de milho, além da criação de gado.No final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70% da produção mundial estavam aqui). Após a abolição da escravatura, o governo brasileiro incentivou a vinda de europeus para suprir a mão-de-obra necessária às fazendas de café, no interior paulista. Os imigrantes, de maioria italiana, adquiriram terra e grande parte optou pela produção de aguardente a partir da cana. Inúmeros engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu, Moji-Guaçu e Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas vizinhanças de Ribeirão Preto, novos engenhos também se formaram.
Na virada do século, com terras menos adequadas ao café, Piracicaba, cuja região possuía três dos maiores Engenhos Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se tornou o maior centro produtor de açúcar de São Paulo. A partir da década de 10, impulsionados pelo crescimento da economia paulista, os engenhos de aguardente foram rapidamente se transformando em usinas de açúcar, dando origem aos grupos produtores mais tradicionais do estado na atualidade.


Foi nessa época, 1910, que Pedro Morganti, os irmãos Carbone e outros pequenos refinadores formaram a Cia. União dos Refinadores, uma das primeiras refinarias de grande porte do Brasil. Em 1920, um imigrante italiano com experiência em usinas de açúcar, fundou em Piracicaba uma oficina mecânica que logo depois se transformaria na primeira fábrica de equipamentos para a produção de açúcar no Brasil. Esse pioneiro era Mario Dedini.
A colonização de São Paulo começou em 1532 quando, em 21 de janeiro, Martim Afonso de Souza fundou a povoação que iria transformar-se na Vila de São Vicente, uma das mais antigas do Brasil e a mais remota da Colônia. Dando continuidade à exploração da terra e em busca de novos gentios a evangelizar, no cumprimento da missão que os trouxera ao Novo Mundo, um grupo de jesuítas, do qual faziam parte José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, escalou a serra do mar chegando ao planalto de Piratininga, onde encontraram, segundo cartas enviadas a Portugal, "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas". Do ponto de vista da segurança, a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-se numa colina alta e plana, que facilitava a defesa contra ataques de índios hostis. Nesse lugar, fundaram um colégio em 25 de janeiro de 1554, ao redor do qual se iniciou a construção das primeiras casas de taipa, que dariam origem ao povoado de São Paulo de Piratininga. Em 1560, o povoado ganhou foros de vila.
No início, São Paulo vivia da agricultura de subsistência, aprisionando índios para trabalharem como escravos na frustrada tentativa de implantação em escala da lavoura de cana-de-açúcar.

Abacaxi


“Uma cultura que está merecendo especial atenção no Estado de S. Paulo, é a dos pomares. S. Paulo produz mil e uma variedade de frutas. A cultura do abacaxi, por exemplo, tem merecido atenção redobrada e sua produção que já é bem grande promete ser ainda maior.”

 

Desde a época em que foi impressa esta estampa passaram-se mais de 4 décadas e a cultura do abacaxi não se desenvolveu no Estado de São Paulo como era esperado.

O Brasil é, atualmente, o maior produtor mundial de frutas (32 milhões de toneladas, produzidas em 2,2 milhões de hectares, com geração de 4 milhões de empregos diretos e indiretos). Entretanto, exporta pouco do que produz (receita de US$ 1,1 bilhão/ano, da qual 90% deve-se aos frutos cítricos).

A produção mundial de abacaxi está estimada em 12,8 milhões de toneladas (apenas 3% da produção mundial de todas as frutas). O Brasil é o 2o produtor mundial de abacaxi (1,62 milhão de toneladas, em 45.000 hectares plantados), somente suplantado pela Tailândia, com 1,98 milhão de toneladas. Os nossos principais compradores de suco concentrado e de fruto in natura são a Argentina, Uruguai, Países Baixos e Estados Unidos. No Brasil, os principais Estados produtores são Minas Gerais (523.800 t), Paraíba (333.100 t) e Pará (177.900 t); o Estado de São Paulo ocupa, apenas, o 8o lugar (42.600 t).

O Estado de São Paulo, entretanto, é o maior consumidor de abacaxi de mesa e o maior produtor de suco concentrado para exportação, apesar de produzir apenas 5% do abacaxi que utiliza. A produção paulista do fruto está concentrada nas regiões Oeste/Noroeste - São José do Rio Preto e Araçatuba (50%) e Central - Bauru e Marília (48%).


A qualidade de polpa é altamente cotada, tanto no mercado internacional como no interno, podendo proporcionar até 60% de aumento de preço do produto. Como componentes desejáveis da mesma citam-se: doçura, acidez de baixa a moderada, consistência tenra, suculência e coloração atraente (amarelo-ouro). O novo cultivar 'IAC Gomo-de-mel' reúne todo o conjunto dos caracteres acima citados, ao contrário dos cultivares atualmente disponíveis para o consumo in natura.
É interessante notar que, ainda hoje, existem amplas possibilidades de expansão da abacaxicultura no Estado de São Paulo, tanto para o consumo in natura como para o processamento industrial, desde que novos cultivares, com caracteres desejáveis de planta e fruto, sejam colocados à disposição dos produtores.


Café


“Com uma produção estimada em oito à nove milhões de sacos, S. Paulo é o maior produtor de café do mundo. As primeiras plantações de café no Est. de S. Paulo datam de 1727. Seus cafezais imensos, suas fazendas magníficas, marcaram para sempre a paisagem paulista.”
 
Expansão cafeeira - A província só volta ao primeiro plano da vida nacional com a rápida expansão cafeeira, que tem início na segunda metade do século XIX. Depois do Vale do Paraíba, vindo do Rio de Janeiro, o café passa a ser cultivado em todo o interior paulista. A mão-de-obra escrava é substituída por milhares de imigrantes portugueses, italianos, espanhóis, eslavos e japoneses. Exportado para a Europa e para os Estados Unidos pelo Porto de Santos, o café também impulsiona a construção de ferrovias. A riqueza proveniente dos cafezais e de uma incipiente indústria sustenta a liderança paulista no movimento republicano e na República, em seu primeiro período. Mas a opção pela defesa do café na ocasião da quebra da Bolsa de Nova York provoca o rompimento dos acordos entre as oligarquias tradicionais, especialmente a política do café-com-leite entre São Paulo e Minas, e acaba por levar à Revolução de 1930.


Fonte: http://www.ellje.com/hespiritu/colheita_de_cafe.htm

O fim da Colônia se antecipa, no próprio período colonial, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808, fugindo ao avanço das tropas napoleônicas. D. João VI deu então início a uma série de reformas que, da arquitetura ao ensino superior, da civilidade urbana aos empreendimentos artísticos, deveriam adequar o país para sediar o Vice-Reinado que abrigava a Coroa portuguesa, e que de fato preparariam sua independência. São Paulo também se beneficiaria em muito dessas transformações. Foi em território paulista que, em 7 de setembro de 1822, o herdeiro do trono português, o príncipe Dom Pedro, declarou a Independência do Brasil, sendo aclamado Imperador com o título de Dom Pedro I. Com sua renúncia nos anos 30, em meio à agitação política contra o domínio português, seguiu-se o conturbado período da Regência que, na segunda metade do século, com a ascensão ao trono de D. Pedro II, cederia lugar a um período de inusitado desenvolvimento e prosperidade do país, sobretudo após a consolidação da agricultura cafeeira como o principal produto de exportação brasileiro.

Foi nessa época que São Paulo passou a assumir uma posição de destaque no cenário nacional, com o avanço dos cafezais, que encontraram na terra roxa do norte da província o solo ideal. A expansão da cultura do café exigiu a multiplicação das estradas de ferro, iniciando-se então (1860-1861) em Santos e São Paulo os trabalhos da construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, a São Paulo Railway, responsável pelo primeiro trem a ligar as duas cidades. Esse foi um período de grandes transformações, marcado pela crise do sistema escravocrata, que levaria à Abolição em 1888 e que daria lugar, entre outros fatos, à chegada em massa de imigrantes, principal alternativa de solução ao problema da mão-de-obra na lavoura cafeeira.
 

 
São Paulo prosperou muito nessa época e a capital da província passou por uma verdadeira revolução urbanística, resultado da necessidade de transformar uma cidade acanhada, pouco mais que um entreposto comercial, em capital da nova elite econômica que se impunha. Em meados de 1860, a cidade de São Paulo já era bem diferente da antiga cidade colonial. Os primeiros lampiões de rua queimavam óleo de mamona ou de baleia e a cidade já contava com um parque público, o Jardim da Luz, que passaria por extensas reformas no final do século.

Nesse período, à medida que a cidade se expandia em todas as direções, consolidava-se também um núcleo urbano moderno em torno de alguns marcos simbólicos, como a Estação da São Paulo Railway e o Jardim da Luz. Ao seu redor instalaram-se bairros residenciais de elite - os Campos Elíseos -, com seus bulevares ao estilo parisiense, como a avenida Tiradentes. Mas as estradas de ferro também permitiram que surgissem novos bairros populares ao lado da Estação da São Paulo Railway, como o Bom Retiro e o Brás, cujo povoamento foi reforçado pela instalação, nas proximidades, da Hospedaria dos Imigrantes. Também os edifícios públicos multiplicaram-se: assembléia, câmara, fórum, escolas, quartéis, cadeias, abrigos para crianças desamparadas. Dezenas de igrejas, conventos e mosteiros ainda continuavam, como nos tempos coloniais, a espalhar-se por toda parte. Na área cultural artistas de circo, atores de teatro, poetas e cantores começaram a consolidar seu lugar na cidade, junto com o primeiro jornal periódico.

Mas as transformações no período também assumiram outras facetas. A chegada de milhares de imigrantes, além de resolver o problema da mão-de-obra da lavoura cafeeira, permitiu maior ocupação do interior do Estado. Criaram-se as condições necessárias para que pequenas fábricas, subsidiárias do café, dessem os primeiros passos em direção à industrialização. Com o interior já integrado ao cenário do rápido crescimento da província, começou haver a preocupação com a construção de novas estradas, prevendo-se a interiorização dos cafezais e a prosperidade que seria sacramentada com a República.


Docas de Santos



“Santos, grande cidade paulista fundada por Braz Cubas em 1536, possui um porto que é um dos maiores da América, pelo seu movimento desusado. É lá que se fazem os embarques do café produzido em S. Paulo, sendo muito grande o trabalho da estiva na sua faina de carregar e descarregar os grandes transatlânticos.”
 

O marco oficial da inauguração do Porto de Santos é 2 de fevereiro de 1892, quando a então Companhia Docas de Santos - CDS, entregou à navegação mundial os primeiros 260 m de cais, na área, até hoje denominada, do Valongo. Naquela data, atracou no novo e moderno cais, o vapor "Nasmith", de bandeira inglesa.

Com a inauguração, iniciou-se, também, uma nova fase para a vida da cidade, pois os velhos trapiches e pontes fincados em terrenos lodosos, foram sendo substituídos por aterros e muralhas de pedra. Uma via férrea de bitola de 1,60 m e novos armazéns para guarda de mercadorias, compunham as obras do porto organizado nascente, cujo passado longínquo iniciara-se com o feitor Braz Cubas, integrante da expedição portuguesa de Martim Afonso de Souza, que chegou ao Brasil em janeiro de 1531.


http://www.portodesantos.com.br/historia/index_p.html

Foi de Braz Cubas a idéia de transferir o porto da baía de Santos para o seu interior, em águas protegidas, inclusive do ataque de piratas, contumazes visitantes e saqueadores do povoado.
Escolhido o sítio denominado Enguaguaçu, no acesso do canal de Bertioga, logo se formou um povoado, motivo para a construção de uma capela e de um hospital, cujas obras se concluíram em 1543. O hospital recebeu o nome de Casa da Misericórdia de Todos os Santos. Em 1546, o povoado foi elevado à condição de Vila do Porto de Santos. Em 1550 instalou-se a Alfândega.

Por mais de três séculos e meio, o Porto de Santos, embora tivesse crescido, manteve-se em padrões estáveis, com o mínimo de mecanização e muita exigência de trabalho físico. Além disso, as condições de higiene e salubridade do porto e da cidade resultaram altamente comprometidas, propiciando o aparecimento de doenças de caráter epidêmico.

O início da operação, em 1867, da São Paulo Railway, ligando, por via ferroviária, a região da Baixada Santista ao Planalto, envolvendo o estuário, melhorou substancialmente o sistema de transportes, com estímulo ao comércio e ao desenvolvimento da cidade e do Estado de S. Paulo.

A cultura do café estendia-se, na ocasião, por todo o Planalto Paulista, atingindo até algumas áreas da Baixada Santista, o que pressionava as autoridades para a necessidade de ampliação e modernização das instalações portuárias. Afinal, o café poderia ser exportado em maior escala e rapidez.


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