Viajando pelo Brasil

Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Maranhão (série 260)

 
pag 09


Fiandeira

“A velha tecelã é uma tradição maranhense. Fumando e tecendo tranqüilamente, éia nos faz lembrar a época em que se tecia nos próprios lares; em que se faziam redes nos terreiros das fazendas. Hoje, no Maranhão como em muitos estados do Brasil, existem inúmeras fábricas de tecido.”

 

No Brasil ainda encontramos duas maneiras tradicionais de fiar: com roca e fuso ou mais rudimentarmente como fazem os índios, colocando o algodão (ou outra fibra, por exemplo, o tucum) num varão perpendicular encostado numa parede e ali a mecha de fibra presa para ser fiada.

Neste tipo de fiar, a fiandeira vai pegando as fibras finas, juntando-as e com uma primeira torcida do polegar e indicador vai fazendo "crescer" o fio. À medida que este vai crescendo, é enrolado num fuso, girado rapidamente pela fiandeira que usando polegar, indicador e médio aplicados na ponta superior (do fuso), imprime-lhe rotação da esquerda para direita, rodando-o como um pião preso ao fio que vai torcendo, cochando e no corpo (haste do fuso) vai enrolando (o fio pronto), formando a maçaroca.

Da maçaroca o fio é tirado e enrolado, em novelo, pronto assim para o trabalho a ser feito. Esta maneira de fiar, sem roca, ainda é encontrada nas regiões mais desassistidas do país, onde impera a miséria ou o estado de primitivismo a que foram relegadas essas populações.

Fonte: http://jangadabrasil.com.br/julho47/of47070c.htm


Tambores e Tamboreiros

Tambor de Crioula - Maranhão

O tambor de crioula é um gênero de música e dança do Maranhão. É uma das mais ricas tradições afro-brasileiras, integrando o canto, o toque de tambores e a dança na veneração de santos, ao mesmo tempo que preserva seu perfil geral profano ou secular. Os instrumentos do tambor de crioula são um trio de tambores – meião, crivador e tambor grande – e as varetas, tocadas no corpo do tambor grande, chamadas de matracas.
O tambor de crioula é o estilo de música afro-brasileira que mais se parece com os estilos de música da Diáspora Africana encontrados na Venezuela, Colômbia e Equador. No caso da Venezuela, as semelhanças com os tambores de San Juan de Barlovento são surpreendentes: o conjunto de tambores, o canto, a dança, a ocasião social, mesmo o conteúdo das letras das músicas, que alternam a louvação aos santos com comentários sociais, celebrando a dança, o desafio entre cantores e tamboreiros, a louvação a mulheres (bem como a afirmação da superioridade masculina!).



“Nos terreiros negros, os tambores são os principais instrumentos e que dão uma nota impressionante às cerimônias religiosas e festivas. Os tamborileiros no Maranhão são magníficos executantes e tocam os tambores, para as danças, dominados de intenso fervor religioso.”
 

Mesmo o costume das mulheres dançarem com a imagem do santo nas mãos é praticada em San Juan de Barlovento. Ele também se parece com algumas das tradições da costa pacífica da Colômbia, tais como a música de tambor das áreas de Mompós e Chocó.
A produção de voz no tambor de crioula e no bumba-meu-boi, outro estilo musical também do Maranhão, é bastante singular no universo dos gêneros musicais afro-brasileiros. Em ambos os casos, os cantores seguem o estilo de produção de voz do aboio, tipo de canto usado no Nordeste por vaqueiros enquanto cuidam do gado. Trata-se de uma produção semelhante ao falsete, com a língua quase imóvel e vibrato frequente, o que torna muito difícil o reconhecimento das palavras da letra da canção.
A impressão auditiva geral é a de uma seqüência de vogais. Uma interessante disjunção estética ocorre aqui entre as narrativas lírica e melódica. A melodia do tambor de crioula é construída de tal forma que toda a idéia musical termina enquanto apenas os dois primeiros versos da estrofe poética de quatro versos são cantados. Graças a isso, a expectativa musical é fechada antes que a revelação poética produzida pela cadeia de quatro versos seja realizada. Enfim, toda a frase musical terá que ser executada duas vezes para permitir que a estrofe poética chegue ao fim. Trata-se de um artifício narrativo praticamente inaceitável na música popular comercial, que exige a superposição da expectativa poética com a expectativa melódica. Uma solução que se distancia da inércia auditiva comum implica um esforço extra da parte do ouvinte - mais ainda no caso presente do tambor de crioula, porque o estilo vocal dilui a precisão das consoantes, fazendo com que o texto fique difícil de ser acompanhado. A duplicação da idéia musical para uma idéia poética é uma convenção que é mais comumente encontrada nos estilos de canto épico, em várias partes do mundo.

Fonte: http://www.unb.br/ics/dan/Serie275empdf.pdf



Mãe Preta

A Mãe Preta: Enquanto a amamentação da criança escrava serve a preservação da "mercadoria escrava-leiteira", dela pode se beneficiar o filho da ama. A existência de mães pretas revela mais uma faceta da exploração da senzala pela casa-grande, cujas conseqüências inevitáveis foram a negação da maternidade da escrava e a mortandade de seus filhos.



“A mãe-preta, no Maranhão, mantém a tradição nascida com a vinda dos negros escravos para o Brasil. Com seu culto religioso e típico, as suas rezas, os seus cânticos no terreiro, os seus tambores e as suas comidas africanas, a mãe-preta conserva, na terra de Gonçalves Dias, um dos aspétos mais típicos da vida maranhense.”

 

Para que a escrava se transformasse em mãe preta de criança branca, foi lhe bloqueada a possibilidade de ser mãe de seu filho preto. A proliferação dos nhonhôs implicava o abandono e a morte dos negrinhos. Além disto os pais - senhores - são por hábito bárbaros e castigam fortemente os seus escravos à vista de seus filhos, que facilmente também se habituam à crueldade: é assim que se viam meninos e meninas esbofetearem a cara da escrava-ama que lhes dava o leite, é assim, que milhares deles castigam com cruéis açoites aqueles mesmos escravos que lhe os carregaram, que os alimentaram, que os embalaram na infância.
Numa sociedade cuja ideologia dominante atribui à maternidade o papel de função básica da mulher, a escrava transformada em ama de leite conhece, na negação de sua maternidade, a negação de sua condição de mulher. Mesmo em contato estreito e continuo com a família branca, a ama escrava não recebia benefícios sequer dos cuidados mínimos que lhe pudesse garantir uma boa saúde. Nem mesmo quando era constantemente acusada de ser portadora de doenças graves, principalmente a sífilis. No entanto, seria igualmente possível que muita mãe preta tenha sido contaminada pelo menino de peito, alastrando-se também por esse meio, da casa grande à senzala, a mancha da sífilis. A sifilização da ama de leite, entretanto, não teve origem unicamente na criança branca.
À apropriação e a utilização da escrava como ama de leite da criança branca raramente deixaria de se acrescentar, assim para mucamas, cozinheiras, amas-secas etc., também a apropriação de seu corpo como objeto sexual do homem branco.

Fonte: http://www.xangosol.com/escravidao.htm


Babaçú



“Babaçú, palmeira existente no extremo Norte e notadamente no Maranhão, é de grande importância para a economia nacional. Das suas fôlhas, fazem-se chapéus; do palmito, alimento. Seus frutos são também saborosos e procurados (côco). Dá um marfim que é sucedâneo do osso; e produz um óleo que é utilizado como alimento ecomo combustível, etc. O Babaçú é o vegetal que maior variedade de produtos diretos fornece para a indústria.”

 

Nome popular: baguaçu; coco-de-macaco
Nome científico: Orrbignya speciosa (Mart.) Barb. Rodr.
Família botânica: Palmae
Origem: Brasil - Região amazônica e Mata Atlântica na Bahia.

Características da planta: Palmeira elegante que pode atingir até 20 m de altura. Estipe característico por apresentar restos das folhas velhas que já caíram em seu ápice. Folhas com até 8 m de comprimento, arqueadas. Flores creme-amareladas,aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira pode apresentar até 6 cachos, surgindo de janeiro a abril.

Fruto: Frutos ovais alongados, de coloração castanha, que surgem de agosto a janeiro, em cachos pêndulos. A polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de 3 a 4 sementes oleaginosas.

Cultivo: Cresce espontaneamente nas matas da região amazônica, 2.000 frutos anualmente, porém não suporta longos períodos. O babaçu é uma das mais importantes representantes das palmeiras brasileiras. Sobre este gênero de plantas, afirmou Alpheu Diniz Gonsalves, em 1955, que "é difícil opinar em que consiste a sua maior exuberância ia: se na beleza dos seus portes altivos ou se nas suas infinitas utilidades na vida da humanidade" E esta é a mais pura verdade!

Destaca-se entre as palmeiras encontradas em território brasileiro pela peculiaridade, graça e beleza da estrutura que lhe é característica: chegando a atingir entre 10 a 20 metros de altura, suas folhas mantêm-se em posição retilínea, pouco voltando-se em direção ao solo; orientando-se para o alto, o babaçu tem o céu como sentido, o que lhe dá uma aparência bastante altiva.

Atualmente, no Brasil, encontram-se vastos babaçuais espalhados ao sul da bacia amazônica, onde a floresta úmida cede lugar à vegetação típica dos cerrados. São os Estados do Maranhão, Piaui e Tocantins que concentram as maiores extensões de matas onde predominam os babaçus, formando, muitas vezes e espontaneamente, agrupamentos homogêneos, bastante densos e escuros, tal a proximidade entre os grandes coqueiros.

É muito provável que nessa mesma região, antes mesmo dos europeus aqui aportarem, já existissem babaçuais de relevante significado para as populações indígenas locais. Camara Cascudo nos conta que, já em 1612, o frei viajante Claude d'Abbeville informava sobre a importância dos "frutos da palmeira" na alimentação dos indígenas do nordeste do Brasil, "lá nas bandas de Pernambuco e Potiú" Tal palmeira era, provavelmente, o babaçu, batizada na língua tupi de uauaçu.
No entanto, estes antigos babaçuais estavam diluídos em meio a áreas de alta complexidade e variedade biológica, de forma muito diferente do que ocorre atualmente: vastos e homogêneos babaçuais crescendo sem parar.
O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor mercantil e industrial, são as amêndoas contidas em seus frutos. As amêndoas - de 3 a 5 em cada fruto - são extraídas manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência. É praticamente o único sustento de grande parte da população interiorana sem terras das regiões onde ocorre o babaçu: apenas no Estado do Maranhão a extração de sua amêndoa envolve o trabalho de mais de 300 mil familias. Em especial, mulheres acompanhadas de suas crianças: as "quebradeiras", como são chamadas.

Fonte: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/frutasnobrasil/babacu.html


São Luís

Fundada em 1612, a capital do Maranhão, o mais novo bem a ser considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é cercada de praias como a do Calhau, Ponta D'Areia e São Marcos, onde se localizam as ruínas do Forte de São Marcos, do século XVIII. A cidade viveu seu apogeu na segunda metade do século XVIII, quando as exportações de algodão iam de vento em popa. Nessa época, a então província do Maranhão fornecia grande parte dos tributos ao Tesouro Real, superando várias outras províncias que integravam o Império Português.



“S. Luís do Maranhão, na ilha do mesmo nome, foi fundada em 1612 por Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiére, por ocasião da invasão francesa. S.Luís conserva ainda o seu aspéto colonial com as suas igrejas, os seus sobrados e as suas tradições que constituem um patrimônio de arte e história e que fazem da capital Maranhense uma das mais típicas cidades brasileiras.”

 

São Luís chegou a ser, nesse período, a capital do estado colonial do Maranhão, ligada diretamente à corte portuguesa. Do apogeu à decadência econômica, muitas histórias se passaram e podem ser conhecidas em detalhes em bairros como o de Praia Grande, um centro histórico tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Em uma área de 107 km2 estão as principais atrações turísticas da cidade, com construções dos séculos XVII a XIX. A capital preserva mais de 3 mil prédios tombados, a maioria com fachadas onde se destacam os azulejos, herança do período colonial. Entre eles estão o Palácio dos Leões, onde funcionou até 1615 o forte que protegia a então capital da França Equinocial, como São Luís era chamada durante o domínio francês; a Catedral da Sé, construída pelos Jesuítas em 1726; a igreja do Carmo, uma das mais antigas da cidade, edificada em 1627; e o Teatro Arthur Azevedo, construído entre 1815 e 1817, considerado o primeiro teatro a ser instalado em uma capital brasileira.

A cidade de São Luís foi berço de importantes nomes da literatura brasileira, como o poeta Gonçalves Dias (1823-1864); o escritor Graça Aranha (1868-1931), membro fundador da Academia Brasileira de Letras e um dos integrantes do Movimento Modernista de 1922; o romancista Aluísio de Azevedo (1857-1913) e seu irmão, o dramaturgo Arthur de Azevedo (1855-1908).

O vasto acervo literário de escritores locais, como também de outras regiões do País, está preservado na Casa de Cultura Josué Montello.
 
Fonte:
http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/divpol/nordeste/ma/sluis/index.htm

Dança de Índios



“No Maranhão ainda existem algumas tribus, como a dos Guajajaras. Eles habitam às margens do rio Pindaré e têm atraído a atenção dos estudiosos da vida dos índios. Com seus ornamentos de penas, suas tangas e colares, os Guajajaras fazem festas que duram muitos dias.”
 

Tremembé - Grupo não-tupi, que vivia do sul do Maranhão ao norte do Ceará, entre os dois territórios potiguares. Grande nadadores e mergulhadores, foram, alternadamente, inimigos e aliados dos portugueses. Eram cerca de 20 mil índios.

Fonte: http://www.areaindigena.hpg.ig.com.br/tribos3.htm

TORÉM. Dança típica dos Tremembés. Quase a mesma coisa que o toré, mas com a coreografia diferente: os homens e mulheres, sem trajes especiais, giram em torno do bailarino que fica no meio da roda que, com um maracá na mão, imitam os movimentos de animais (guaxinim, caninana, jaçanã, nambu, peixe-garoupa, etc.), requebrando-se, batendo com os pés no chão, ora recuando, ora avançando os pés, pulando com uma perna só, andando na ponta dos pés como no andar de certos animais da região. Enquanto dança, o bailarino central entoa versos sem pé nem cabeça, às vezes em língua tupi, de vez que os dançarinos do torém são descendentes dos indígenas do lugar.

Fonte: http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/dic_t.htm


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