Fiandeira
“A velha tecelã
é uma tradição maranhense. Fumando e tecendo
tranqüilamente, éia nos faz lembrar a época
em que se tecia nos próprios lares; em que se faziam
redes nos terreiros das fazendas. Hoje, no Maranhão como
em muitos estados do Brasil, existem inúmeras fábricas
de tecido.”
|
|
No
Brasil ainda encontramos duas maneiras tradicionais de fiar: com
roca e fuso ou mais rudimentarmente como fazem os índios,
colocando o algodão (ou outra fibra, por exemplo, o tucum)
num varão perpendicular encostado numa parede e ali a mecha
de fibra presa para ser fiada.
Neste tipo de fiar, a fiandeira vai pegando as fibras finas, juntando-as
e com uma primeira torcida do polegar e indicador vai fazendo
"crescer" o fio. À medida que este vai crescendo,
é enrolado num fuso, girado rapidamente pela fiandeira
que usando polegar, indicador e médio aplicados na ponta
superior (do fuso), imprime-lhe rotação da esquerda
para direita, rodando-o como um pião preso ao fio que vai
torcendo, cochando e no corpo (haste do fuso) vai enrolando (o
fio pronto), formando a maçaroca.
Da maçaroca o fio é tirado e enrolado, em novelo,
pronto assim para o trabalho a ser feito. Esta maneira de fiar,
sem roca, ainda é encontrada nas regiões mais desassistidas
do país, onde impera a miséria ou o estado de primitivismo
a que foram relegadas essas populações.
Fonte:
http://jangadabrasil.com.br/julho47/of47070c.htm
|
Tambores
e Tamboreiros
Tambor
de Crioula - Maranhão
O tambor de crioula é um gênero de música e dança
do Maranhão. É uma das mais ricas tradições
afro-brasileiras, integrando o canto, o toque de tambores e a dança
na veneração de santos, ao mesmo tempo que preserva seu
perfil geral profano ou secular. Os instrumentos do tambor de crioula
são um trio de tambores – meião, crivador e tambor
grande – e as varetas, tocadas no corpo do tambor grande, chamadas
de matracas.
O tambor de crioula é o estilo de música afro-brasileira
que mais se parece com os estilos de música da Diáspora
Africana encontrados na Venezuela, Colômbia e Equador. No caso da
Venezuela, as semelhanças com os tambores de San Juan de Barlovento
são surpreendentes: o conjunto de tambores, o canto, a dança,
a ocasião social, mesmo o conteúdo das letras das músicas,
que alternam a louvação aos santos com comentários
sociais, celebrando a dança, o desafio entre cantores e tamboreiros,
a louvação a mulheres (bem como a afirmação
da superioridade masculina!).
“Nos terreiros negros, os tambores são os principais
instrumentos e que dão uma nota impressionante às
cerimônias religiosas e festivas. Os tamborileiros no Maranhão
são magníficos executantes e tocam os tambores, para
as danças, dominados de intenso fervor religioso.”
|
|
Mesmo o costume das mulheres dançarem com a imagem do santo
nas mãos é praticada em San Juan de Barlovento.
Ele também se parece com algumas das tradições
da costa pacífica da Colômbia, tais como a música
de tambor das áreas de Mompós e Chocó.
A produção de voz no tambor de crioula e no bumba-meu-boi,
outro estilo musical também do Maranhão, é
bastante singular no universo dos gêneros musicais afro-brasileiros.
Em ambos os casos, os cantores seguem o estilo de produção
de voz do aboio, tipo de canto usado no Nordeste por vaqueiros
enquanto cuidam do gado. Trata-se de uma produção
semelhante ao falsete, com a língua quase imóvel
e vibrato frequente, o que torna muito difícil o reconhecimento
das palavras da letra da canção.
A impressão auditiva geral é a de uma seqüência
de vogais. Uma interessante disjunção estética
ocorre aqui entre as narrativas lírica e melódica.
A melodia do tambor de crioula é construída de tal
forma que toda a idéia musical termina enquanto apenas
os dois primeiros versos da estrofe poética de quatro versos
são cantados. Graças a isso, a expectativa musical
é fechada antes que a revelação poética
produzida pela cadeia de quatro versos seja realizada. Enfim,
toda a frase musical terá que ser executada duas vezes
para permitir que a estrofe poética chegue ao fim. Trata-se
de um artifício narrativo praticamente inaceitável
na música popular comercial, que exige a superposição
da expectativa poética com a expectativa melódica.
Uma solução que se distancia da inércia auditiva
comum implica um esforço extra da parte do ouvinte - mais
ainda no caso presente do tambor de crioula, porque o estilo vocal
dilui a precisão das consoantes, fazendo com que o texto
fique difícil de ser acompanhado. A duplicação
da idéia musical para uma idéia poética é
uma convenção que é mais comumente encontrada
nos estilos de canto épico, em várias partes do
mundo.
Fonte:
http://www.unb.br/ics/dan/Serie275empdf.pdf
|
Mãe
Preta
A
Mãe Preta: Enquanto a amamentação da criança
escrava serve a preservação da "mercadoria escrava-leiteira",
dela pode se beneficiar o filho da ama. A existência de mães
pretas revela mais uma faceta da exploração da senzala pela
casa-grande, cujas conseqüências inevitáveis foram a
negação da maternidade da escrava e a mortandade de seus
filhos.
“A mãe-preta, no Maranhão, mantém a
tradição nascida com a vinda dos negros escravos
para o Brasil. Com seu culto religioso e típico, as suas
rezas, os seus cânticos no terreiro, os seus tambores e
as suas comidas africanas, a mãe-preta conserva, na terra
de Gonçalves Dias, um dos aspétos mais típicos
da vida maranhense.”
|
|
Para que a escrava se transformasse em mãe preta de criança
branca, foi lhe bloqueada a possibilidade de ser mãe de
seu filho preto. A proliferação dos nhonhôs
implicava o abandono e a morte dos negrinhos. Além disto
os pais - senhores - são por hábito bárbaros
e castigam fortemente os seus escravos à vista de seus
filhos, que facilmente também se habituam à crueldade:
é assim que se viam meninos e meninas esbofetearem a cara
da escrava-ama que lhes dava o leite, é assim, que milhares
deles castigam com cruéis açoites aqueles mesmos
escravos que lhe os carregaram, que os alimentaram, que os embalaram
na infância.
Numa sociedade cuja ideologia dominante atribui à maternidade
o papel de função básica da mulher, a escrava
transformada em ama de leite conhece, na negação
de sua maternidade, a negação de sua condição
de mulher. Mesmo em contato estreito e continuo com a família
branca, a ama escrava não recebia benefícios sequer
dos cuidados mínimos que lhe pudesse garantir uma boa saúde.
Nem mesmo quando era constantemente acusada de ser portadora de
doenças graves, principalmente a sífilis. No entanto,
seria igualmente possível que muita mãe preta tenha
sido contaminada pelo menino de peito, alastrando-se também
por esse meio, da casa grande à senzala, a mancha da sífilis.
A sifilização da ama de leite, entretanto, não
teve origem unicamente na criança branca.
À apropriação e a utilização
da escrava como ama de leite da criança branca raramente
deixaria de se acrescentar, assim para mucamas, cozinheiras, amas-secas
etc., também a apropriação de seu corpo como
objeto sexual do homem branco.
Fonte:
http://www.xangosol.com/escravidao.htm
|
Babaçú
“Babaçú, palmeira existente no extremo Norte
e notadamente no Maranhão, é de grande importância
para a economia nacional. Das suas fôlhas, fazem-se chapéus;
do palmito, alimento. Seus frutos são também saborosos
e procurados (côco). Dá um marfim que é sucedâneo
do osso; e produz um óleo que é utilizado como alimento
ecomo combustível, etc. O Babaçú é
o vegetal que maior variedade de produtos diretos fornece para
a indústria.”
|
|
Nome
popular: baguaçu; coco-de-macaco
Nome científico: Orrbignya speciosa (Mart.)
Barb. Rodr.
Família botânica: Palmae
Origem: Brasil - Região amazônica
e Mata Atlântica na Bahia.
Características da planta: Palmeira elegante
que pode atingir até 20 m de altura. Estipe característico
por apresentar restos das folhas velhas que já caíram
em seu ápice. Folhas com até 8 m de comprimento, arqueadas.
Flores creme-amareladas,aglomeradas em longos cachos. Cada palmeira
pode apresentar até 6 cachos, surgindo de janeiro a abril.
Fruto: Frutos ovais alongados, de coloração
castanha, que surgem de agosto a janeiro, em cachos pêndulos.
A polpa é farinácea e oleosa, envolvendo de 3 a 4
sementes oleaginosas.
Cultivo: Cresce espontaneamente nas matas da região
amazônica, 2.000 frutos anualmente, porém não
suporta longos períodos. O babaçu é uma das
mais importantes representantes das palmeiras brasileiras. Sobre
este gênero de plantas, afirmou Alpheu Diniz Gonsalves, em
1955, que "é difícil opinar em que consiste a
sua maior exuberância ia: se na beleza dos seus portes altivos
ou se nas suas infinitas utilidades na vida da humanidade"
E esta é a mais pura verdade!
Destaca-se entre as palmeiras encontradas em território brasileiro
pela peculiaridade, graça e beleza da estrutura que lhe é
característica: chegando a atingir entre 10 a 20 metros de
altura, suas folhas mantêm-se em posição retilínea,
pouco voltando-se em direção ao solo; orientando-se
para o alto, o babaçu tem o céu como sentido, o que
lhe dá uma aparência bastante altiva.
Atualmente, no Brasil, encontram-se vastos babaçuais espalhados
ao sul da bacia amazônica, onde a floresta úmida cede
lugar à vegetação típica dos cerrados.
São os Estados do Maranhão, Piaui e Tocantins que
concentram as maiores extensões de matas onde predominam
os babaçus, formando, muitas vezes e espontaneamente, agrupamentos
homogêneos, bastante densos e escuros, tal a proximidade entre
os grandes coqueiros.
|
É muito provável que nessa mesma região, antes mesmo
dos europeus aqui aportarem, já existissem babaçuais de
relevante significado para as populações indígenas
locais. Camara Cascudo nos conta que, já em 1612, o frei viajante
Claude d'Abbeville informava sobre a importância dos "frutos
da palmeira" na alimentação dos indígenas do
nordeste do Brasil, "lá nas bandas de Pernambuco e Potiú"
Tal palmeira era, provavelmente, o babaçu, batizada na língua
tupi de uauaçu.
No entanto, estes antigos babaçuais estavam diluídos em
meio a áreas de alta complexidade e variedade biológica,
de forma muito diferente do que ocorre atualmente: vastos e homogêneos
babaçuais crescendo sem parar.
O principal produto extraído do babaçu, e que possui valor
mercantil e industrial, são as amêndoas contidas em seus
frutos. As amêndoas - de 3 a 5 em cada fruto - são extraídas
manualmente em um sistema caseiro tradicional e de subsistência.
É praticamente o único sustento de grande parte da população
interiorana sem terras das regiões onde ocorre o babaçu:
apenas no Estado do Maranhão a extração de sua amêndoa
envolve o trabalho de mais de 300 mil familias. Em especial, mulheres
acompanhadas de suas crianças: as "quebradeiras", como
são chamadas.
Fonte:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/especiais/frutasnobrasil/babacu.html
São
Luís
Fundada
em 1612, a capital do Maranhão, o mais novo bem a ser considerado
Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é cercada de praias
como a do Calhau, Ponta D'Areia e São Marcos, onde se localizam
as ruínas do Forte de São Marcos, do século XVIII.
A cidade viveu seu apogeu na segunda metade do século XVIII, quando
as exportações de algodão iam de vento em popa. Nessa
época, a então província do Maranhão fornecia
grande parte dos tributos ao Tesouro Real, superando várias outras
províncias que integravam o Império Português.
“S. Luís do Maranhão, na ilha do mesmo nome,
foi fundada em 1612 por Daniel de La Touche, senhor de La Ravardiére,
por ocasião da invasão francesa. S.Luís conserva
ainda o seu aspéto colonial com as suas igrejas, os seus
sobrados e as suas tradições que constituem um patrimônio
de arte e história e que fazem da capital Maranhense uma
das mais típicas cidades brasileiras.”
|
|
São Luís chegou a ser, nesse período, a capital
do estado colonial do Maranhão, ligada diretamente à
corte portuguesa. Do apogeu à decadência econômica,
muitas histórias se passaram e podem ser conhecidas em
detalhes em bairros como o de Praia Grande, um centro histórico
tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Em uma
área de 107 km2 estão as principais atrações
turísticas da cidade, com construções dos
séculos XVII a XIX. A capital preserva mais de 3 mil prédios
tombados, a maioria com fachadas onde se destacam os azulejos,
herança do período colonial. Entre eles estão
o Palácio dos Leões, onde funcionou até 1615
o forte que protegia a então capital da França Equinocial,
como São Luís era chamada durante o domínio
francês; a Catedral da Sé, construída pelos
Jesuítas em 1726; a igreja do Carmo, uma das mais antigas
da cidade, edificada em 1627; e o Teatro Arthur Azevedo, construído
entre 1815 e 1817, considerado o primeiro teatro a ser instalado
em uma capital brasileira.
A cidade de São Luís foi berço de importantes
nomes da literatura brasileira, como o poeta Gonçalves
Dias (1823-1864); o escritor Graça Aranha (1868-1931),
membro fundador da Academia Brasileira de Letras e um dos integrantes
do Movimento Modernista de 1922; o romancista Aluísio de
Azevedo (1857-1913) e seu irmão, o dramaturgo Arthur de
Azevedo (1855-1908).
O vasto acervo literário de escritores locais, como
também de outras regiões do País, está
preservado na Casa de Cultura Josué Montello. |
|
|
Fonte:
http://www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/divpol/nordeste/ma/sluis/index.htm
|
Dança
de Índios
“No Maranhão ainda existem algumas tribus, como a dos
Guajajaras. Eles habitam às margens do rio Pindaré
e têm atraído a atenção dos estudiosos
da vida dos índios. Com seus ornamentos de penas, suas tangas
e colares, os Guajajaras fazem festas que duram muitos dias.” |
|
Tremembé
- Grupo não-tupi, que vivia do sul do Maranhão ao
norte do Ceará, entre os dois territórios potiguares.
Grande nadadores e mergulhadores, foram, alternadamente, inimigos
e aliados dos portugueses. Eram cerca de 20 mil índios.
Fonte:
http://www.areaindigena.hpg.ig.com.br/tribos3.htm
TORÉM. Dança típica dos Tremembés. Quase
a mesma coisa que o toré, mas com a coreografia diferente:
os homens e mulheres, sem trajes especiais, giram em torno do bailarino
que fica no meio da roda que, com um maracá na mão,
imitam os movimentos de animais (guaxinim, caninana, jaçanã,
nambu, peixe-garoupa, etc.), requebrando-se, batendo com os pés
no chão, ora recuando, ora avançando os pés,
pulando com uma perna só, andando na ponta dos pés
como no andar de certos animais da região. Enquanto dança,
o bailarino central entoa versos sem pé nem cabeça,
às vezes em língua tupi, de vez que os dançarinos
do torém são descendentes dos indígenas do
lugar.
Fonte:
http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/dic_t.htm |
|