Viajando pelo Brasil
Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Ceará (série 262)

 
pag 11


Jangadeiro

A jangada faz parte da paisagem de todo o Nordeste e o jangadeiro é cantado em prosa e verso pelos poetas cearenses. Um destes poetas foi Juvenal Galeno. A jangada veio da Ásia, daí seu nome: "xanga". Foi trazida pelo navegador português, no final do século XVI. Ela se adaptou perfeitamente as condições do Nordeste brasileiro, cujas as condições da plataforma e do vento sempre foram favoráveis. O jangadeiro vive da pesca, navegando ao sabor doce das ondas nas embarcações que os portugueses trouxeram da Índia. Este homem condicionou sua existência ao meio ambiente.No meio à brancura angelical das areias brotam os telhados de palha das choças destes pescadores. A terra é árida, a horta reduzida, portanto o homem teve que buscar o alimento de cada dia no mar, fonte quase única de sobrevivência.

A única fruta que não é escassa é o caju e à sua sombra erguem-se os casebres. Apanhar caju é ocupação feminina. Caju rasgado do dente, mastigado com vagar, engolido com bagaço, é segundo uma tradição, remédio purificador do sangue. Dizem os jangadeiros que "Deus mandou o caju para que os pescadores não passassem fome como os matutos do sertão". E realmente, o caju está presente em todos os pratos. Na tambança, o vinho de caju. No canjirão, a castanha pilada e misturada com farinha de mandioca e mel de caju.

“ A jangada, feita de cinco paus e á vela, é a embarcação típica dos nordestinos. No Ceará, os jangadeiros afrontam todos os riscos, no mar, com as suas jangadas. É com elas que se fazem ao largo para voltar horas depois com os “dourados”, “guambas”, “arrabaianos” e outros peixes. Uma Jangada, vale em média, cinco mil cruzeiros.”

 

Aos meninos, com mais de sete anos, cabe-lhes o ofício de desencalhe da jangada do pai, ou de quem lhe peça ajuda. O mar cearense imprimi desde cedo a sua posse à alma destes homens, tanto é fato que, é este um grupo que menos imigra para outras profissões. Todos os pescadores são filhos de pescadores e entre eles existe muita disciplina e solidariedade.. A hierarquia é respeitada.

O mestre tem a função de conduzir a jangada. Seu posto é o banco-do-governo. A jangada possui duas velas, uma mestra e outra menor que chamam de "estais", mas que corresponde a "genoa" na linguagem náutica. Quando içada esta vela, o leme folga. A escota é de nylon e a bolina mede 1,40m, necessária para uma maior estabilidade. A velejada toma duas direções: "contra-vento"e "través".

A navegação é rudimentar, sem uso de equipamentos, nem mesmo uma bússola. O jangadeiro memoriza o lugar de pesca na cabeça e traça uma rota, sem muito comprometimento. O proeiro fica onde melhor equilibrar a jangada e também é responsável de caçar e folgar as velas. Cabe-lhe, além disso, o recolhimento da pesca que é colocada no samburá. O jangadeiro é o herói anônimo cantado e louvado pelos cancioneiros. Ele foi também, o primeiro brasileiro a negar-se de transportar negros escravos, pois sempre acreditou que todas almas são livres para voar pelo mar verde-esperança, cujas vagas acariciam as areias de ouro.

No Movimento Abolicinista Cearense, surgido em 1879, teve um homem humilde, de cor parda e jangadeiro, que destacou-se, seu nome"Chico da Matilde. Ele vinha à frente de todos seus companheiros, recusando-se a transportar para os navios negreiros os escravos vendidos para o sul do país.

Chico da Matilde, foi levado para corte em sua jangada, desfilou pelas ruas recebendo, inclusive chuva de pétalas de flores, ganhando também um novo nome: Dragão do Mar. Símbolo da resistência popular cearense contra a escravidão, o Dragão do Mar agora designa merecidamente o Centro de Arte e Cultura de Fortaleza.

Fonte: http://www.cearacultural.com.br/Historia.htm


Rendeiras

Quem visita o Ceará não consegue resistir ao apelo das compras de produtos artesanais e da animada vida artístico-cultural cearense.A imagem do Ceará está sempre ligada à figura da mulher rendeira. A renda, também conhecida como renda-de-bilro ou renda da terra, é uma atividade exercida por mulheres nas comunidades interioranas e sua produção está distribuída principalmente na faixa litorânea.

O labirinto foi introduzido no Brasil pelo povoador português. É encontrado nas praias cearenses, praticado por mulheres de jangadeiros, especialmente nos municípios de Aracati, Beberibe, Cascavel e Fortaleza.



“ São lindas e conhecidas em todo o Brasil as rendas do Ceará. Com a sua almofada de bilros, com arte requintada e habilidade extraordinária as cearenses confecionam as suas rendas que já se tornaram famosas e procuradíssimas.”
 

Foi em 1748 que a Europa recebeu as primeiras rendas do Ceará. Logo tidas como de excepcional qualidade artística. Há dois séculos, portanto, que foi detectado o "natural engenho" de nossas rendeiras. Vale ir ver in loco o trabalho dessas artistas. O equipamento que elas usam é simplissímo. Um almofadão, no qual fica pregado um cartão furado do desenho da renda que se pretende fazer, alfinetes do espinho do mandacaru, para prender a renda, e os bilros de madeira, mais três caroços de macaúba onde são enrolados os fios.

Vale acrescentar que a renda difere do bordado por não ter um fundo de tecido preparado, como o bordado, que é ornamentado com fios inseridos por meio de agulhas. (Aquiráz, Acarau, Trairi, são os municípios de maior concentração das chamadas mulher-rendeira). O labirinto consiste em desfiar um pano e recompô-lo em desenhos, que podem ser "paleitão", "caseio", "enchimento", "bainha" e "desfio", trabalhos delicadíssimos, que exigem enorme esforço visual e muita habilidade artística. Aracati, Beberibe e Cascavel são, entre os litorâneos perto da Capital, os municípios que mais os produzem.

Redes-do-Ceará - A rede de dormir era feita pelos indígenas, da fibra do tucum. Os colonos a incorporaram ao hábito e passaram a faze-la tecida de algodão. Ainda hoje é produto "made in Ceará", exportada pelo mundo inteiro e que o turista disputa e compra. Jaguaruana e Fortaleza concentram o maior número de fábricas de redes e ainda há artesãs que a fazem manualmente, com teares primitivos, em que pese a concorrência obviamente abrangente, das tecidas industrialmente.


Fonte:
http://www.ceara.com.br/cepg/artesanato.htm


Pescadores de Lagosta

Para dar fim à pesca predatória da lagosta no nordeste do Brasil, o governo proibiu o uso da caçoeira (que captura lagostas de qualquer tamanho, causando ainda prejuízos ao fundo marinho), mais conhecida como rede de espera. Os pescadores terão até o final de abril para a substituição do equipamento.

Quando a temporada de pesca da lagosta começar, em 1° de maio, a única forma de captura permitida será pelo manzuá (armadilha feita de palha na qual a lagosta entra e não consegue sair). Para isso, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca disponibilizará linhas de crédito para a troca da caçoeira, possibilitando assim a proteção do estoque pesqueiro do crustáceo.


“ Todos sabem que a lagosta brasileira constitui um prato excelente. Entretanto, nem todos sabem que o pescador cearense, às vêzes, dias e dias na pesca da lagosta afrontando o mar inclemente e não raro traiçoeiro.”

 

As comunidades de pesca da lagosta no Ceará também estão lutando pelo fim da pesca predatória no estado. Na última sexta-feira (25/02) foi lançada a campanha "A lagosta não pode acabar!". A intenção dos pescadores é o fim da pesca com compressor, prática que captura lagosta miúda, impedindo a espécie de se reproduzir no meio ambiente.

O pescador e coordenador da campanha, José Alberto Ribeiro, diz que além da luta contra o uso do compressor, ele está consciente da mudança determinada pelo governo e que vai optar pelo uso do manzuá.

"Eu que sou pescador profissional e pesco em embarcações pequenas, já tive a sorte de pescar com os dois tipos de armadilha, tanto com a rede de espera quanto com a armadilha de manzuá. E eu digo o seguinte, quando nós todos nos acostumarmos a pescar com a armadilha manzuá, nós mesmos não vamos querer voltar para a rede, porque o esforço físico feito a bordo com o manzuá é bem menor do que com a rede".

A pesca da lagosta envolve uma mão-de-obra de cerca de 100 mil pessoas em todo o Nordeste. O crustáceo é um destaque na exportação de pescado. Só no ano passado foi gerada um receita de US$ 20 milhões para o Brasil, 28% superior à de 2003.

Fonte: http://criareplantar.com.br/noticia/ler/?idNoticia=3169


Carregando água de poço



“Quem nunca ouviu falar na sêca do nordeste? A falta d’água é uma calamidade que assola o sertanejo. Quando a sêca se torna muito prolongada é comum ver-se nas estradas filas intermináveis de pessoas que partem para outros Estados. São os “retirantes”. Mas tão cedo se anunciam as chuvas, todos voltam alegres e pressurosos.”

 

Brasileiros do sertão nordestino estão enfrentando mais um período de seca. E com um agravante. Em mais de 340 municípios da região, os caminhões-pipa suspenderam a distribuição de água. É o pior momento da seca, para os moradores de Santo Hilário, no Norte do Ceará. O poço que abastecia 800 famílias secou há dois meses. Luiz Moura Vieira é um dos poucos agricultores que ainda tem uma reserva de água. Ele se esforça para dividir o que tem com os vizinhos. Em Itapajé, no Norte do Ceará, os moradores têm que comprar a água de um açude particular. A seca afetou seis estados do Nordeste, 16 municípios decretaram estado de emergência em Pernambuco, 111 na Paraíba, 80 no Rio Grande do Norte, 142 municípios no Ceará, 97 no Piauí e 76 municípios na Bahia. No ano passado, o governo federal montou um programa com carros-pipa para abastecer os municípios com seca. Repassou R$ 22 milhões para o exército que entregava a água nos municípios em situação de emergência. Mas o dinheiro acabou e a distribuição de água foi suspensa no fim de janeiro, nos municípios afetados pela seca. O governo disse que esperava a aprovação do orçamento pelo congresso, para conseguir novos recursos. Mas hoje anunciou que retomar o abastecimento com carros-pipa na semana que vem.


Fonte: http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1124931-3586-411552,00.html


Cegos pedintes

Não é das mais agradáveis à impressão que se colhe ao penetrar-se no instituto dos cegos. Não pela imagem que se tem dos que se acham ali privados da visão: crianças, adultos, rapazes e moças, a espera de um milagre que sabem não lhes ser possível obter, porque a grande maioria é cega de nascença, descende de camadas paupérrimas da população e o mais que almejam é a obtenção de uma vaga na entidade, onde passam a estudar as primeiras letras do Braille e ter direito a alimentação, dormitório e roupa lavada.

Se tiverem sorte, e tendências que possam ser aperfeiçoadas, talvez consigam dentro de um determinado período de tempo, uma colocação numa empresa, na execução de tarefa adequada à sua deficiência. Quantos chegarão, porém, a esse estágio? Quantos conseguirão o emprego desejado, se este falta até mesmo para os sãos os sadios, os medianamente dotados? Quantos poderão sentir-se úteis a si, à família e à sociedade ao invés e pesados aos outros?



“ Ainda existem no Ceará os cegos pedintes que cantam assim:
Valei-me Nossa Senhora!
Valei-me São Abraão
Acendei a caridade
No peito dos meus irmãos.”
 

Talvez se devesse proceder a um estado sociológico das condições do cego na sociedade humana, desde priscas eras. A cegueira, como a lepra, são anátemas. Provocam respeito e temor, piedade e comiseração.

O próprio cego - e vamos ater-nos a esse - ao longo do tempo foi-se empregando dessa idéia de traste imprestável, de coisa inútil de pessoa desprovida do sentido essencial - e ele próprio passou a tirar partido da situação, implorando a caridade pública, criando até "refrões" par a si próprio, - "uma esmola para o ceguinho, por amor de Deus", "ajude o ceguinho" e outros semelhantes.

E deixar de dar esmolas a um destes, é correr o risco de ser "amaldiçoado", de receber, como resposta, uma "praga" A maioria não despede um cego sem que antes não atenda ao seu pedido de esmola. Por isso nasce a indústria - a indústria dos cegos pedintes. Ao invés de profissionais cegos, passamos a ter cegos por profissão.

O instituto dos cegos, entidade pertencente à Sociedade de Assistência aos Cegos visa, em síntese a reverter esse quadro constatado na realidade do dia-a-dia. Visa a assistir o cego, cultural e profissionalmente. O cego jovem, o cego criança adolescente e até mesmo adulto, ainda não contaminado pelo vírus na inutilidade e da mendicância.

Fonte: http://www.sac.org.br/PO810625.htm


Cesteiros

O trabalho das artesãs alagoanas está estimulando o empreendedorismo em mulheres de outros estados brasileiros. Depois de conquistar espaço e reconhecimento nos mercados nacional e internacional, as alagoanas de Feliz Deserto repassaram as técnicas da produção de cestarias em palha de taboa para comunidades em Pernambuco. Os frutos desse trabalho já podem ser vistos na 13ª ARTNOR, realizada em Maceió.

A oportunidade de levar a técnica de Alagoas para fora do Estado surgiu a pouco mais de um ano. Por meio de um convite do Sebrae em Pernambuco, duas artesãs de Feliz Deserto foram a estiveram no Estado vizinho para ensinar a técnica desenvolvida em Alagoas às artesãs da região.

O objetivo da instituição era incentivar a geração de emprego e renda da comunidade do Magano em Garanhuns. “Na região já havia um trabalho de confecção de cestarias, mas a troca de experiência com as artesãs alagoanas possibilitou a inovação dos artesanato local e a busca da excelência na qualidade dos trabalhos”, conta a analista do Sebrae em Pernambuco e coordenadora do projeto, Gerlane Alves.


“ No Ceará não se produzem somente o óleo de oiticica, o de carnaúba, algodão, rendas e maniçoba. Com a fibra das palmeiras os cearenses fabricam milhares e milhares de cestos, com extrema habilidade e perfeição artística.”
 

Nas terras pernambucanas as artesãs do Litoral Sul de Alagoas, repassaram as técnicas de manuseio da palha para cerca de 20 mulheres, que, após a capacitação, iniciaram a produção de bolsas, jogos americanos e caixas decorativas. Hoje, a atividade é incrementada com a confecção de puff e sandálias, entre outros artigos.
Quem imagina que o repasse da técnica trouxe perdas para a manutenção da identidade do artesanato nos Estados está enganado. Com o apoio do Sebrae, as artesãs criaram peças com designer diferenciado, mantendo estilo e identidades características de própria comunidade. “Com a intervenção dos arquitetos e designers, as comunidades conquistaram o mercado de utilitário e decoração, possibilitando acesso ao mercado. Essa é uma forma de valorizar as potencialidades de cada região e contribuir para gerar a sustentabilidade dessas comunidades produtoras de artesanato”, afirma Gerlane Alves.

Em Maceió, as artesãs pernambucanas comemoram a oportunidade de participar pela primeira vez da maior Feira Internacional de Artesanato do Nordeste. Quem vistar o estande também poderá conferir peças cerâmica, escultura em madeira, crochê, couro entre outros.

Fonte: http://www.al.sebrae.com.br/conexao/
VisualizarConteudo.asp?CodConteudoConexao=1228&Codpasta=149


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