Jangadeiro
A
jangada faz parte da paisagem de todo o Nordeste e o jangadeiro é
cantado em prosa e verso pelos poetas cearenses. Um destes poetas foi
Juvenal Galeno. A jangada veio da Ásia, daí seu nome:
"xanga". Foi trazida pelo navegador português, no final
do século XVI. Ela se adaptou perfeitamente as condições
do Nordeste brasileiro, cujas as condições da plataforma
e do vento sempre foram favoráveis. O jangadeiro vive da pesca,
navegando ao sabor doce das ondas nas embarcações que
os portugueses trouxeram da Índia. Este homem condicionou sua
existência ao meio ambiente.No meio à brancura angelical
das areias brotam os telhados de palha das choças destes pescadores.
A terra é árida, a horta reduzida, portanto o homem teve
que buscar o alimento de cada dia no mar, fonte quase única de
sobrevivência.
A única fruta que não é escassa é o caju
e à sua sombra erguem-se os casebres. Apanhar caju é ocupação
feminina. Caju rasgado do dente, mastigado com vagar, engolido com bagaço,
é segundo uma tradição, remédio purificador
do sangue. Dizem os jangadeiros que "Deus mandou o caju para que
os pescadores não passassem fome como os matutos do sertão".
E realmente, o caju está presente em todos os pratos. Na tambança,
o vinho de caju. No canjirão, a castanha pilada e misturada com
farinha de mandioca e mel de caju.
“
A jangada, feita de cinco paus e á vela, é a embarcação
típica dos nordestinos. No Ceará, os jangadeiros
afrontam todos os riscos, no mar, com as suas jangadas. É
com elas que se fazem ao largo para voltar horas depois com
os “dourados”, “guambas”, “arrabaianos”
e outros peixes. Uma Jangada, vale em média, cinco mil
cruzeiros.”
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Aos meninos, com mais de sete anos, cabe-lhes o ofício
de desencalhe da jangada do pai, ou de quem lhe peça ajuda.
O mar cearense imprimi desde cedo a sua posse à alma destes
homens, tanto é fato que, é este um grupo que menos
imigra para outras profissões. Todos os pescadores são
filhos de pescadores e entre eles existe muita disciplina e solidariedade..
A hierarquia é respeitada.
O mestre tem a função de conduzir a jangada. Seu
posto é o banco-do-governo. A jangada possui duas velas,
uma mestra e outra menor que chamam de "estais", mas
que corresponde a "genoa" na linguagem náutica.
Quando içada esta vela, o leme folga. A escota é
de nylon e a bolina mede 1,40m, necessária para uma maior
estabilidade. A velejada toma duas direções: "contra-vento"e
"través".
A navegação é rudimentar, sem uso de equipamentos,
nem mesmo uma bússola. O jangadeiro memoriza o lugar de
pesca na cabeça e traça uma rota, sem muito comprometimento.
O proeiro fica onde melhor equilibrar a jangada e também
é responsável de caçar e folgar as velas.
Cabe-lhe, além disso, o recolhimento da pesca que é
colocada no samburá. O jangadeiro é o herói
anônimo cantado e louvado pelos cancioneiros. Ele foi também,
o primeiro brasileiro a negar-se de transportar negros escravos,
pois sempre acreditou que todas almas são livres para voar
pelo mar verde-esperança, cujas vagas acariciam as areias
de ouro.
No Movimento Abolicinista Cearense, surgido em 1879, teve um homem
humilde, de cor parda e jangadeiro, que destacou-se, seu nome"Chico
da Matilde. Ele vinha à frente de todos seus companheiros,
recusando-se a transportar para os navios negreiros os escravos
vendidos para o sul do país.
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Chico
da Matilde, foi levado para corte em sua jangada, desfilou pelas ruas
recebendo, inclusive chuva de pétalas de flores, ganhando também
um novo nome: Dragão do Mar. Símbolo da resistência
popular cearense contra a escravidão, o Dragão do Mar agora
designa merecidamente o Centro de Arte e Cultura de Fortaleza.
Fonte:
http://www.cearacultural.com.br/Historia.htm
Rendeiras
Quem
visita o Ceará não consegue resistir ao apelo das compras
de produtos artesanais e da animada vida artístico-cultural cearense.A
imagem do Ceará está sempre ligada à figura da mulher
rendeira. A renda, também conhecida como renda-de-bilro ou renda
da terra, é uma atividade exercida por mulheres nas comunidades
interioranas e sua produção está distribuída
principalmente na faixa litorânea.
O
labirinto foi introduzido no Brasil pelo povoador português. É
encontrado nas praias cearenses, praticado por mulheres de jangadeiros,
especialmente nos municípios de Aracati, Beberibe, Cascavel e Fortaleza.
“ São lindas e conhecidas em todo o Brasil as rendas
do Ceará. Com a sua almofada de bilros, com arte requintada
e habilidade extraordinária as cearenses confecionam as suas
rendas que já se tornaram famosas e procuradíssimas.”
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Foi em 1748 que a Europa recebeu as primeiras rendas do Ceará.
Logo tidas como de excepcional qualidade artística. Há
dois séculos, portanto, que foi detectado o "natural
engenho" de nossas rendeiras. Vale ir ver in loco o trabalho
dessas artistas. O equipamento que elas usam é simplissímo.
Um almofadão, no qual fica pregado um cartão furado
do desenho da renda que se pretende fazer, alfinetes do espinho
do mandacaru, para prender a renda, e os bilros de madeira, mais
três caroços de macaúba onde são enrolados
os fios.
Vale acrescentar que a renda difere do bordado por não
ter um fundo de tecido preparado, como o bordado, que é
ornamentado com fios inseridos por meio de agulhas. (Aquiráz,
Acarau, Trairi, são os municípios de maior concentração
das chamadas mulher-rendeira). O labirinto consiste em desfiar
um pano e recompô-lo em desenhos, que podem ser "paleitão",
"caseio", "enchimento", "bainha"
e "desfio", trabalhos delicadíssimos, que exigem
enorme esforço visual e muita habilidade artística.
Aracati, Beberibe e Cascavel são, entre os litorâneos
perto da Capital, os municípios que mais os produzem.
Redes-do-Ceará - A rede de dormir era feita pelos indígenas,
da fibra do tucum. Os colonos a incorporaram ao hábito
e passaram a faze-la tecida de algodão. Ainda hoje é
produto "made in Ceará", exportada pelo mundo
inteiro e que o turista disputa e compra. Jaguaruana e Fortaleza
concentram o maior número de fábricas de redes e
ainda há artesãs que a fazem manualmente, com teares
primitivos, em que pese a concorrência obviamente abrangente,
das tecidas industrialmente.
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Pescadores
de Lagosta
Para
dar fim à pesca predatória da lagosta no nordeste do Brasil,
o governo proibiu o uso da caçoeira (que captura lagostas de qualquer
tamanho, causando ainda prejuízos ao fundo marinho), mais conhecida
como rede de espera. Os pescadores terão até o final de
abril para a substituição do equipamento.
Quando
a temporada de pesca da lagosta começar, em 1° de maio, a única
forma de captura permitida será pelo manzuá (armadilha feita
de palha na qual a lagosta entra e não consegue sair). Para isso,
a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca disponibilizará
linhas de crédito para a troca da caçoeira, possibilitando
assim a proteção do estoque pesqueiro do crustáceo.
“
Todos sabem que a lagosta brasileira constitui um prato excelente.
Entretanto, nem todos sabem que o pescador cearense, às
vêzes, dias e dias na pesca da lagosta afrontando o mar
inclemente e não raro traiçoeiro.”
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As comunidades de pesca da lagosta no Ceará também
estão lutando pelo fim da pesca predatória no estado.
Na última sexta-feira (25/02) foi lançada a campanha
"A lagosta não pode acabar!". A intenção
dos pescadores é o fim da pesca com compressor, prática
que captura lagosta miúda, impedindo a espécie de
se reproduzir no meio ambiente.
O pescador e coordenador da campanha, José Alberto Ribeiro,
diz que além da luta contra o uso do compressor, ele está
consciente da mudança determinada pelo governo e que vai
optar pelo uso do manzuá.
"Eu que sou pescador profissional e pesco em embarcações
pequenas, já tive a sorte de pescar com os dois tipos de
armadilha, tanto com a rede de espera quanto com a armadilha de
manzuá. E eu digo o seguinte, quando nós todos nos
acostumarmos a pescar com a armadilha manzuá, nós
mesmos não vamos querer voltar para a rede, porque o esforço
físico feito a bordo com o manzuá é bem menor
do que com a rede".
A pesca da lagosta envolve uma mão-de-obra de cerca de
100 mil pessoas em todo o Nordeste. O crustáceo é
um destaque na exportação de pescado. Só
no ano passado foi gerada um receita de US$ 20 milhões
para o Brasil, 28% superior à de 2003.
Fonte:
http://criareplantar.com.br/noticia/ler/?idNoticia=3169
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Carregando
água de poço
“Quem nunca ouviu falar na sêca do nordeste? A falta
d’água é uma calamidade que assola o sertanejo.
Quando a sêca se torna muito prolongada é comum ver-se
nas estradas filas intermináveis de pessoas que partem
para outros Estados. São os “retirantes”. Mas
tão cedo se anunciam as chuvas, todos voltam alegres e
pressurosos.”
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Brasileiros
do sertão nordestino estão enfrentando mais um período
de seca. E com um agravante. Em mais de 340 municípios da
região, os caminhões-pipa suspenderam a distribuição
de água. É o pior momento da seca, para os moradores
de Santo Hilário, no Norte do Ceará. O poço
que abastecia 800 famílias secou há dois meses. Luiz
Moura Vieira é um dos poucos agricultores que ainda tem uma
reserva de água. Ele se esforça para dividir o que
tem com os vizinhos. Em Itapajé, no Norte do Ceará,
os moradores têm que comprar a água de um açude
particular. A seca afetou seis estados do Nordeste, 16 municípios
decretaram estado de emergência em Pernambuco, 111 na Paraíba,
80 no Rio Grande do Norte, 142 municípios no Ceará,
97 no Piauí e 76 municípios na Bahia. No ano passado,
o governo federal montou um programa com carros-pipa para abastecer
os municípios com seca. Repassou R$ 22 milhões para
o exército que entregava a água nos municípios
em situação de emergência. Mas o dinheiro acabou
e a distribuição de água foi suspensa no fim
de janeiro, nos municípios afetados pela seca. O governo
disse que esperava a aprovação do orçamento
pelo congresso, para conseguir novos recursos. Mas hoje anunciou
que retomar o abastecimento com carros-pipa na semana que vem.
Fonte: http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1124931-3586-411552,00.html
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Cegos
pedintes
Não é das mais agradáveis à impressão
que se colhe ao penetrar-se no instituto dos cegos. Não pela imagem
que se tem dos que se acham ali privados da visão: crianças,
adultos, rapazes e moças, a espera de um milagre que sabem não
lhes ser possível obter, porque a grande maioria é cega
de nascença, descende de camadas paupérrimas da população
e o mais que almejam é a obtenção de uma vaga na
entidade, onde passam a estudar as primeiras letras do Braille e ter direito
a alimentação, dormitório e roupa lavada.
Se
tiverem sorte, e tendências que possam ser aperfeiçoadas,
talvez consigam dentro de um determinado período de tempo, uma
colocação numa empresa, na execução de tarefa
adequada à sua deficiência. Quantos chegarão, porém,
a esse estágio? Quantos conseguirão o emprego desejado,
se este falta até mesmo para os sãos os sadios, os medianamente
dotados? Quantos poderão sentir-se úteis a si, à
família e à sociedade ao invés e pesados aos outros?
“ Ainda existem no Ceará os cegos pedintes que cantam
assim:
Valei-me Nossa Senhora!
Valei-me São Abraão
Acendei a caridade
No peito dos meus irmãos.”
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Talvez se devesse proceder a um estado sociológico das condições
do cego na sociedade humana, desde priscas eras. A cegueira, como
a lepra, são anátemas. Provocam respeito e temor,
piedade e comiseração.
O próprio cego - e vamos ater-nos a esse - ao longo do tempo
foi-se empregando dessa idéia de traste imprestável,
de coisa inútil de pessoa desprovida do sentido essencial
- e ele próprio passou a tirar partido da situação,
implorando a caridade pública, criando até "refrões"
par a si próprio, - "uma esmola para o ceguinho, por
amor de Deus", "ajude o ceguinho" e outros semelhantes.
E deixar de dar esmolas a um destes, é correr o risco de
ser "amaldiçoado", de receber, como resposta, uma
"praga" A maioria não despede um cego sem que antes
não atenda ao seu pedido de esmola. Por isso nasce a indústria
- a indústria dos cegos pedintes. Ao invés de profissionais
cegos, passamos a ter cegos por profissão.
O instituto dos cegos, entidade pertencente à Sociedade de
Assistência aos Cegos visa, em síntese a reverter esse
quadro constatado na realidade do dia-a-dia. Visa a assistir o cego,
cultural e profissionalmente. O cego jovem, o cego criança
adolescente e até mesmo adulto, ainda não contaminado
pelo vírus na inutilidade e da mendicância.
Fonte:
http://www.sac.org.br/PO810625.htm
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Cesteiros
O
trabalho das artesãs alagoanas está estimulando o empreendedorismo
em mulheres de outros estados brasileiros. Depois de conquistar espaço
e reconhecimento nos mercados nacional e internacional, as alagoanas de
Feliz Deserto repassaram as técnicas da produção
de cestarias em palha de taboa para comunidades em Pernambuco. Os frutos
desse trabalho já podem ser vistos na 13ª ARTNOR, realizada
em Maceió.
A oportunidade de levar a técnica de Alagoas para fora do Estado
surgiu a pouco mais de um ano. Por meio de um convite do Sebrae em Pernambuco,
duas artesãs de Feliz Deserto foram a estiveram no Estado vizinho
para ensinar a técnica desenvolvida em Alagoas às artesãs
da região.
O objetivo da instituição era incentivar a geração
de emprego e renda da comunidade do Magano em Garanhuns. “Na região
já havia um trabalho de confecção de cestarias, mas
a troca de experiência com as artesãs alagoanas possibilitou
a inovação dos artesanato local e a busca da excelência
na qualidade dos trabalhos”, conta a analista do Sebrae em Pernambuco
e coordenadora do projeto, Gerlane Alves.
“ No Ceará não se produzem somente o óleo
de oiticica, o de carnaúba, algodão, rendas e maniçoba.
Com a fibra das palmeiras os cearenses fabricam milhares e milhares
de cestos, com extrema habilidade e perfeição artística.”
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Nas terras pernambucanas as artesãs do Litoral Sul de Alagoas,
repassaram as técnicas de manuseio da palha para cerca de
20 mulheres, que, após a capacitação, iniciaram
a produção de bolsas, jogos americanos e caixas decorativas.
Hoje, a atividade é incrementada com a confecção
de puff e sandálias, entre outros artigos.
Quem imagina que o repasse da técnica trouxe perdas para
a manutenção da identidade do artesanato nos Estados
está enganado. Com o apoio do Sebrae, as artesãs criaram
peças com designer diferenciado, mantendo estilo e identidades
características de própria comunidade. “Com
a intervenção dos arquitetos e designers, as comunidades
conquistaram o mercado de utilitário e decoração,
possibilitando acesso ao mercado. Essa é uma forma de valorizar
as potencialidades de cada região e contribuir para gerar
a sustentabilidade dessas comunidades produtoras de artesanato”,
afirma Gerlane Alves.
Em Maceió, as artesãs pernambucanas comemoram a oportunidade
de participar pela primeira vez da maior Feira Internacional de
Artesanato do Nordeste. Quem vistar o estande também poderá
conferir peças cerâmica, escultura em madeira, crochê,
couro entre outros.
Fonte:
http://www.al.sebrae.com.br/conexao/
VisualizarConteudo.asp?CodConteudoConexao=1228&Codpasta=149
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