Viajando pelo Brasil

Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Sergipe (série 267)

 
pag 16


Vaqueiro do Nordeste

O tipo étnico do vaqueiro provém do contato do branco colonizador com o índio, durante a penetração do gado nos sertões do Nordeste brasileiro. O vaqueiro é a figura central de uma fazenda. Seu trabalho é árduo e contínuo. Passa grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a fazenda, fiscalizando as pastagens, as cercas e as aguadas (fonte, rio, lagoa ou qualquer manancial existente numa propriedade agrícola).

“O sertanejo é antes de tudo, um forte”. Assim definiu Euclides da Cunha, em “Os Sertões” essa figura máscula e rija do homem do interior nordestino. Com sua roupa e botas de couro, seu lado e seu cavalo, ninguém o supera na rude e perigosa vida da caatinga, em tôrno das boiadas. Esse o vaqueiro típico de Sergipe e do Nordeste do Brasil”.

 

O maior problema enfrentado pelo vaqueiro é o da água. Às vezes o gado tem que ser levado por dezenas de quilômetros até os bebedouros. Na época da migração ele tem que conduzir o gado para lugares distantes na ida e na volta.

Em algumas propriedades a migração sazonal não é necessária, devido a existência próxima de aguadas. Nessas regiões normalmente os cactos são abundantes, como por exemplo no vale do Moxotó, em Pernambuco. Os restolhos do roçados de algodão, feijão, fava e milho também são usados na alimentação do gado, assim como o caroço de algodão ou ramos da catingueira, do mulungu, da jurema, do angico, que têm que ser podados pelo vaqueiro. Nos anos mais secos, alguns cactos como o mandacaru e o xique-xique precisam ser queimados antes de ser colocados para alimentar os animais. A macambira, além de ser queimada, deve ser ainda picada.

Cabe a ele ainda reunir os animais nos currais, além de ferrá-los, ou seja, utilizando um ferro em brasa colocar em cada um a marca do seu dono. Uma das coisas que o caracterizam é o aboio, ao conduzir o gado para o curral ou na pastagem. Eles aboiam também quando precisam orientar um companheiro que se perde numa serra, ou se extravia numa caatinga.

Lidar com o gado na caatinga cheia de galhos e espinhos é muito difícil, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria, com condições de enfrentá-la e que funcione como uma couraça ou armadura.


A vestimenta do vaqueiro é caracterizada pela predominância do couro cru e curtido, geralmente, utilizando-se processos primitivos, o que o deixa da cor de ferrugem, flexível e macio (retira-se todo o pelo). Antigamente era usado o couro de veado catingueiro, mas por causa dessa espécie encontrar-se em extinção, passou-se a usar o couro de carneiro e de bode. A vestimenta compõe-se de gibão, pára-peito ou peitoral, perneiras, luvas, jaleco e chapéu. O gibão é enfeitado com pespontos e fechado com cordões de couro. O pára-peito ou peitoral é seguro por uma alça que passa pelo pescoço. As perneiras que cobrem as pernas do pé até a virilha, são presas na cintura para que o corpo fique livre para cavalgar. As luvas cobrem as costas das mãos, deixando os dedos livres e nos pés o vaqueiro usa alpercatas ou botinas. O jaleco parece um bolero, feito de couro de carneiro, sendo usado geralmente em festas. Tem duas frentes: uma para o frio da noite, onde conserva a lã, outra de couro liso para o calor do dia. O chapéu protege o vaqueiro do sol e dos golpes dos espinhos e dos galhos da caatinga e, às vezes, a sua copa é usada para beber água ou comer.
 

O vaqueiro usa sempre um par de esporas e nas mãos uma chibata de couro, indicando que, se não está montado poderá fazê-lo a qualquer momento. O seu Dia Nacional é comemorado anualmente em 20 de julho e a festa tradicionalmente mais importante para o vaqueiro nordestino é a vaquejada. Em Pernambuco, celebra-se também, no terceiro domingo de julho, a Missa do Vaqueiro, uma homenagem a Raimundo Jacó, vaqueiro assassinado por um companheiro no município de Serrita, PE, em maio de 1954.

Fonte: http://www.fundaj.gov.br:8080/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.
NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=320&textCode=980&date=currentDate


Balsa

Até o governo passado era a Sergiportos, empresa estatal, quem explorava os serviços de lancha e balsa na travessia Aracaju/Barra dos Coqueiros. O pior é que as queixas pelos serviços prestados eram bem menores do que hoje, quando o serviço é explorado pela empresa H.Dantas. Sem contar o valor das tarifas, hoje bem mais salgados.

Numa demonstração de solidariedade da comunidade ribeirinha (canoeiros, barqueiros, pescadores, mulheres e homens) do Baixo São Francisco, no próximo dia 28 será iniciada a operação de resgate e reboque da canoa Luzitânia. A canoa será rebocada do povoado do Mato da Onça (município de Pão de Açúcar, AL) até o município do Brejo Grande, em Sergipe. O percurso, de cerca de 120 milhas náuticas (aproximadamente 210 km) deverá ser efetuado em dia e meio de viagem, aproveitando-se ao máximo a força da correnteza, para poupar a estrutura da Luzitânia de torções e possíveis danos.



“No Rio São Francisco, que cruza o Estado de Sergipe, as balsas são conhecidas nos seus vai e vem contínuos, subindo e descendo os afluentes do grande rio, com suas coberturas de couro”
 

A Luzitânia será levada para o Brejo Grande, onde temos nossa sede, para, em terra, podermos remontar toda a estrutura do estaleiro temporário, efetuar todos os reparos necessários e dar prosseguimento ao trabalho de restauro. Se tudo correr bem, como vinha sendo, poderemos contar com o lançamento no mês de setembro, o que permitirá cumprir nossos compromissos: Festa/Encontro dos Canoeiros do Baixo São Francisco; TV Canoa/Exibição Itinerante de Documentários 2005 e outras atividades.

O reboque será fornecido por nosso amigo, Zé da Balsa, dos Escuriais (atualmente fazendo a travessia Brejo Grande/Piaçabuçu com a balsa Estrela Guia), que vem de tradicional família de canoeiros. Sabendo de nossa dificuldade, de imediato Zé ofereceu uma das lanchas que sua família possui (canoa grande, bem motorizada), sem cobrar qualquer honorário. Disse "... uma canoa dessa, depois de um rojão desse...homem, a gente tem mais que ajudar..." Coisa bonita e comum em nossa região. A nós caberia a obtenção de óleo diesel para a viagem. Com dificuldade conseguimos levantar um valor praticamente simbólico para o frete, que a custo foi aceito por Zé.

Fontes:
http://www.infonet.com.br/gazetase/informe.htm

http://www.canoadetolda.org.br/comunicado006.htm


Arrastão

O solo dos oceanos tem suas próprias montanhas, chamadas montanhas do mar, ou seamounts. Elas chegam a uma altura de 1000 metros contados da base. Curiosamente, a cordilheira mais longa da Terra não está nos continentes e sim no mar: é a Mid-Oceanic Ridge (Cadeia do Meio Oceânico), que dá a volta ao redor do globo do Oceano Ártico ao Atlântico. Ela é quatro vezes maior que os Andes, as Montanhas Rochosas e o Himalaia somados!

“No litoral de Sergipe é uma cena típica a dos pescadores estendendo e recolhendo as redes de arrastão na pesca dos mais variados e conhecidos peixes, tão férteis em nosso litoral”.

 

Motanhas do mar são áreas de rica biodiversidade. Imagine florestas coloridas com corais de águas frias, colônias de águas vivas, esponjas, aranhas do mar e crustáceos parecidos com lagostas. Muitas das espécies que vivem nas montanhas do mar não são encontradas em nenhum outro lugar, e acredita-se que algumas sejam confinadas a apenas uma ou duas montanhas! Infelizmente, a indústria da pesca comercial descobriu a riqueza que existe nas águas profundas. Essa indústria estendeu suas práticas de pesca insustentáveis para áreas previamente inexploradas em montanhas do mar usando uma técnica chamada arrastão de fundo de mar.

O arrastão de fundo de mar envolve arrastar imensas e pesadas redes pelo solo do oceano. Grandes placas de metal e rodas de borracha presas a essas redes movem-se pelo fundo e pegam praticamente tudo que aparece na frente. As evidências mostram que as formas de vida que ali vivem são muito lentas para se recuperar de um dano dessa magnitude, levando de décadas a séculos para tal – se é que elas irão se recuperar algum dia.

Se a situação continuar como está hoje, os responsáveis pelo arrastão de fundo de mar irão destruir espécies das profundezas antes mesmo que sejam descobertas. Para você ter uma idéia, imagine uma imensa escavadora mecânica passando por uma floresta inexplorada, exuberante e ricamente povoada sendo substituída por um deserto plano. É como explodir Marte antes mesmo de chegar lá.


Fonte: http://oceans.greenpeace.org/pt/nossos_oceanos/pesca_arrastao

Procissão

Acontecem durante todo o ano para homenagear os santos padroeiros. Procissões, novenas e missas atraem milhares de fiéis. Em Sergipe, os municípios considerados roteiro da fé são Divina Pastora, São Cristóvão e Carmópolis.

A festa da padroeira de Divina Pastora reúne os devotos anualmente no mês de outubro, na procissão que percorre 9 km, entre os municípios de Riachuelo e Divina Pastora.

A já tradicional romaria foi criada no dia 17 de outubro de 1971 por Dom Luciano Cabral Duarte, então arcebispo de Aracaju, tomou amplitude com o padre Raimundo Cruz, pároco da cidade durante cerca de 12 anos.



“A procissão religiosa é uma das mais vivas tradições populares do Brasil. A devoção do povo enche as Igrejas e a imagem sai em procissão acompanhada pelos romeiros que cumprem as suas promessas e demonstram sua fé. A procissão remonta a época dos primeiros sacerdotes chegados ao Brasil”.

 

Em São Cristóvão, a procissão do Senhor dos Passos, que mesmo não sendo padroeiro da cidade, atrai milhares de fiéis, pagadores de promessas, sempre no 2º domingo da Quaresma.

Reza a lenda, a imagem do Senhor dos Passos foi encontrada nas águas do rio Paramopama, dentro de um caixote de madeira. Nada se sabe da sua procedência, no entanto consta que trazia como destinatário a cidade de São Cristóvão de Sergipe Del Rey. A imagem foi colocada na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, dando início, a partir daí, à tradicional Festa da Penitência - chamada Festa dos Passos.

A festa de Nossa Senhora do Carmo, dedicada à padroeira, é realizada anualmente em Carmópolis entre 07 e 16 de julho. No dia 16 uma grande procissão percorre a cidade em direção ao Monte Carmelo, réplica do monte de mesmo nome localizado na Palestina. A procissão tem suas origens na influência dos padres carmelitas que, no século XVII, fundaram a Missão de Nossa Senhora do Carmo. No topo do Monte Carmelo, a imagem de Nossa Senhora do Carmo - a terceira maior do Brasil com quase 25m de altura, incluindo a base -, atrai romeiros o ano inteiro.

Fonte: http://www.turismosergipe.net/turismosergipe/EventosDestq_RotFe.htm


Festa Sertaneja

Nascida da primeira miscigenação entre o branco e o índio. "Kaai 'pira" na língua indígena significa, o que vive afastado, ("Kaa"-mato ) ( "Pir" corta mata ) e ( "pira"- peixe). Também o cateretê, inicialmente uma dança religiosa indígena, na qual os Índios batiam palmas, seguindo o ritmo da batida dos pés, deu origem a "catira".

A catira passou a ser um costume de caboclos, antigamente chamados de "cabolocos". Com o avanço dos brancos em direção ao Mato Grosso e Paraná a cultura caipira foi junto, levada principalmente pelos tropeiros. Hoje o termo "Caipira" generalizou-se sendo para o citadino uma figura estereotipada. Mas esse ser escorregadio e desconfiado por natureza, resiste às imposições vindas de fora.

Tem uma espécie de cultura independente, como a dos Índios. Infelizmente alguns intelectuais passaram de modo errôneo a imagem do caipira.Hoje as festas "caipiras" que se encontram nas cidades e nas escolas não passam de caricaturas de uma realidade maior. Foi criada uma deturpação do que o povo brasileiro possui de mais profundo e encantador em suas raízes. "A primeira mistura", a pedra fundamental. O falar errado do caipira não é proposital.



“No sertão, quando não há sêca, os roçados dão boa colheita e isto é motivo para que os sertanejos improvisem festas simples, inocentes mas cheias de grande encantamento. Há noivados, danças e cânticos aos quais não podem faltar os “desafios”.
 

Permanecendo ele afastado das cidades, mantém no seu dialeto, muito conhecimento, que o homem da cidade já perdeu, com sua prosperidade aparente. O caipira conhece as horas apenas olhando para o céu e vendo a posição do sol. Sabe se no dia seguinte virá chuva ou não, pois conhece a fundo o mundo natural. Tem um chá para cada doença, uma simpatia para cada tristeza...

Para o citadino o caipira virou motivo de divertimento, quando deveria ser o exemplo de amor à terra. Do antepassado Índio ele herdou a familiaridade com a mata, o faro na caça, a arte das ervas, o encantamento das lendas. Do branco a língua , costumes, crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica. Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê. Temos Cateretê baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode, etc.

Apesar de parecer um homem rústico, de evolução lenta, nas suas mãos calejadas ,ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu sentimento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas esperanças, tristezas e as belezas do nosso país. A música rural, criativa , contrapõe-se aos modismos vindos do exterior. Ainda é uma forma resistente de brasilidade, feita por um do povo que conhece muito o chão do nosso país. Hoje estão querendo fazer uma fusão cultural, a do "caipira" com o "country" americano. O que se vê, é gente fantasiada de "cowboy", mas que não sabe sequer em qual fase da lua estamos...

Fonte: http://www.violatropeira.com.br/origem.htm


Moradia Flutuante



“No Rio S. Francisco há ocasiões em que as balsas se tranformam em verdadeiras moradias encostadas nas margens do grande rio semanas a fio e às vêzes durante muitos meses”.
 

A conquista do mar normalmente começa com as braçadas, passa pelas pranchas do surfe e, às vezes, do windsurf e – misto de obstinação e capacidade econômica – acaba atingindo os grandes iates ou os rápidos veleiros. Os aficcionados do mar dividem-se entre os adeptos das velas e os proprietários de barcos a motor. Alguns chegam a utilizar os barcos como “boat home”, deixando de lado a opção de ter casa na praia para usufruir de uma moradia flutuante.


Aprender a navegar – No entanto, não é só comprar o barco e achar que já se pode sair mar a fora, buscando o paraíso. Para navegar, a Marinha exige que se faça o curso de arrais. Há também especialização em mestre-amador e capitão-amador, etapas mais avançadas. Tudo isto permite conhecer os regulamentos, as técnicas de segurança e emergência e navegar com tranqüilidade

Fonte: http://alphanews.com.br/materias.asp?id=22


<< anterior
[Viajando BR] [Cultura]
próxima >>