Vaqueiro do R. Branco
Os
vastos campos do Rio Branco constituem o cenário onde se desenvolve
a atividade de um tipo humano que, sem possuir as características
somáticas e psicológicas do gaúcho e as singulares
formas de adaptação a um meio hostil, sintetizadas expressivamente
no vaqueiro do Nordeste. É o vaqueiro do Rio Branco, cuja presença
nas pastagens naturais do curso superior do rio, que imprime um traço
de indiscutível personalidade à paisagem cultural do Estado
do Amazonas.

“São
imensos os campos do território federal do Rio branco,
na Amazônia, e a criação de gado é
de grande futuro. O vaqueiro do Rio Branco é um excelente
peão e campeiro trabalhando nos “retiros”
em que se dividem as fazendas. Usa blusa de mescla ou algodão
e chapéu de palha.”
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A atividade do vaqueiro do Rio Branco encontra-se ligada à
vida das fazendas de criação disseminadas por
entre os 2° e 5° de latitude norte, das quais comprovadamente
_ São Marcos, São Bento e São José
foram as primeiras fundadas nos três ângulos formados
pelos rios Branco, Tacutu e Uraricuera.
Oriundos das tribos circunvizinhas _ Macuxis e Uapioxamas principalmente,
que povoam os campos onde se localizam quase todas as fazendas,
o vaqueiro do Rio Branco, por total circunstância, já
contrasta com tipos clássicos da nossa atividade pastoril,
subsistente na campanha sul-rio-grandense e na caatinga espinhenta
e ressequida do sertão nordestino.
Costumam usar para vestir casaco de mescla ou blusão
de algodãozinho, além de um chapéu de palha
ordinário sem nenhum requisito especial. O vaqueiro do
Rio Branco é um carnívoro que logo após
o cafezinho da manhã, ao sair da rede onde passa a noite,
“segura o peito” quatro horas antes do meio-dia,
isto é, alimenta-se de carne cozida, leite, farinha-d’água
e café, tudo isto antes do almoço propriamente
dito.
Com seu laço de couro em punho, de uns vinte a trinta
metros de comprimento_ parte para o serviço diário,
ao qual se aliam os préstimos do cavalo, notadamente
nos “lavrados” ou campos extensos sem vegetação
arborescente ou com raras árvores. Honestos, bons, prestativos,
hospitaleiros, continuam realizando na clareira da mata amazônica,
o milagre da humanização de uma paisagem situada
a grande distância dos grandes focos da civilização
nacional.
Fonte: Tipos e Aspectos de Região Brasileira
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Tarrafeiro

“No território do Rio Branco a pesca é também
muito importante sendo muito usada nos pequenos rios, a tarrafa,
que é uma pequena rêde de pescar. Os que lançam
a tarrafa na água chamam-se tarrafeadores e, portanto, tarrafeação
é a pescaria com tarrafas.” |
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O uso da tarrafa de pesca é generalizado em todas regiões
brasileiras. É um aparelho simples e prático para
captura de peixes. Sua forma é cônica, sendo confeccionada
com linha de “nylon” 0,20 mm, algodão ou tucum.
Suas malhas são distanciadas de 3 centímetros de
nó a nó e medem cerca de seis metros de altura,
por 10 a 40 de circunferência, pesando em média,
de 6 a 8 quilos.
Para permitir uma perfeita utilização, na extremidade
do fechamento do cone é colocado um cordel de grande comprimento,
o qual ficará preso à mão do pescador. A
extremidade oposta é livre e bem circular e dotada de saco.
Neste local é colocada a chumbada o que permitirá
a descida rápida do aparelho e em forma de círculo,
para aprisionar os peixes.
Manejada por “um só homem”, lançada
do alto dos barrancos ou das margens dos rios e dos braços
das marés ou, ainda, de cima de pequenos barcos (jangadas
e canoas), tão conhecido instrumento de pesca é
usado por milhares de modestos pescadores que labutam nas marés
da nossa imensa costa marítima e ao longo dos cursos dos
rios, cuja fauna subsiste à devastação.
Fonte:
http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P06.htm
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Pesca
e Arpão
É
um procedimento de pesca com o qual os peixes são atravessados
por pontas aguçadas. Sendo utilizados somente quando os peixes
que se quer capturar sejam perfeitamente visíveis.

“Nos
lagos e igarapés (córregos) pesca-se com flexa,
fisga, arpão, lanços de rêde e armadilhas
indígenas. Os peixes apanhados chamam-se “do mato”
porque vivem nesses alagadiços cobertos por vegetação
alta. Os pescadores, que são muito hábeis no manejo
do arpão, trabalham durante o dia. Na Amazônia há
mais duas mil espécies de peixe.”
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O arpão, a lança, etc., são artes de pesca
muito antigas e que se utilizam especialmente quando os peixes
de grande tamanho se concentram em uma pequena zona. Estão
constituídas por uma cabeça de metal com uma ou
várias puas geralmente barbadas e um cabo que varia de
1 a 2 metros de comprimento e um diâmetro de 1 1/2".
A cabeça deve estar unida ao cabo por uma pequena corda,
cuja extremidade deve ser mantida em mãos do pescador e
serve para puxar o pescado capturado.
Para ser usado este tipo de aparelho de pesca é necessário
uma canoa e dois pescadores, um remando lentamente no local destinado
a pescaria e o outro em pé, na proa da canoa, com o arpão
olhando constantemente para ver a hora em que o peixe vem a superfície,
neste momento ele lança o arpão. É muito
empregada esta modalidade de pesca, principalmente na captura
do pirarucu, Arapaima gigas.
A espingarda-arpão obedece a mesma técnica do arpão,
apenas é utilizado uma espingarda de calibre 36 mm, na
qual se põe uma lança de ferro dentro do cano e
abaixo da cabeça da lança é colocado uma
bóia e mais abaixo uma corda e sua extremidade fica ligada
a canoa do pescador.
A Fisga é uma outra arte de pesca por ferimento, constituída
por um arpão com vários dentes barbelados. Esta
arte é manobrada à noite, em águas pouco
profundas, a partir de uma embarcação que é
munida de um candeio. Pode ainda ser praticada a pé nas
zonas mais baixas da ria. As espécies capturadas são
a enguia, o choco e o polvo.
Fontes:
http://www.olhao.web.pt/Pesca/pesca.htm
http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P06.htm
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Pesca
do Peixe-Boi
O
Peixe-boi ou Guarabá (Trichechus inunguis) ocorre na Bacia
Amazônica e pode ser encontrado nos rios: Tocantins, Xingu, Tapajós,
Nhamundá, Madeira, Negro, Xeruni, Orinoco, Rio Branco, podendo
alcançar a foz do Amazonas (Ilha de Marajó). Este mamífero,
de hábito herbívoro, se alimenta exclusivamente de vegetação
aquática como gramíneas, algas e macrófitas.

“Peixe-boi” é um mamífero aquático
que habita as costas norte do país e a Amazônia.
Mede, normalmente, dois metros e meio de comprimento e alimenta-se
de capim dos rios e lagos. Sua carne é muito saborosa.
Com a carne e as tripas do “peixe-boi” fazem-se saborosos
assados conhecidos na Amazônia como “Mixira”.
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É o maior mamífero aquático dulcícola
da América do Sul, sendo endêmico (só ocorre
na região) da bacia amazônica. Um indivíduo
adulto desta espécie pode chegar a pesar 500 kg e medir mais
de 2 metros, sendo isso uma das razões de sua perseguição
e caça. Os índios e os habitantes regionais utilizam
a carne e a gordura (para obter óleo) do peixe-boi como forma
de sustento.
Devido à grande ação antrópica destes
povos, com a caça intensa e a poluição das
águas, esta espécie está em vias de extinção.
Sua caça está proibida oficialmente desde 1971, mas,
o seu número vem diminuindo assustadoramente a cada ano.
Entretanto, na região há programas de educação
ambiental e projetos de ecologia e conservação do
peixe-boi, conscientizando a população da grande importância
desta espécie para o equilíbrio do meio.
O principal período de alimentação de peixe-boi
ocorre na estação chuvosa, quando a obtenção
de alimentos é facilitada, permitindo à espécie
acumular gordura. O forrageamento é feito em áreas
sazonalmente inundáveis. O Trichechus inunguis pode mover-se
cerca de 2,7 km/dia nas áreas de alimentação.
Com isso controlam o crescimento das plantas aquáticas e
fertilizam com suas fezes as águas que freqüentam, contribuindo
para a produtividade pesqueira.
A Amazônia é uma floresta tropical, e seus ecossistemas
são extremamente complexos e delicados. O perfeito equilíbrio
da biodiversidade de espécies da fauna e da flora são
responsáveis pelas trocas de energia e a manutenção
da vida.
Fontes:
www.saudeanimal.com.br/peixe_boi.htm
www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/
doce/index.html&conteudo=./a gua/doce/artigos/peixe.html
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Casamento
na Roça

“No Rio Branco, como em vários pontos do interior do
Brasil, o casamento é uma festa que atrai gente das redondezas
e onde há, invariavelmente, música, foguetes, ladainhas
e almôço e jantar para os convidados que vêm
de longe em suas embarcações. O Juiz, o escrivão
e outras autoridades vêm de lancha para celebrar o casamento
no “barracão”, a margem do rio.” |
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Antigamente
os fazendeiros faziam o casamento de suas filhas na fazenda. Quando
isso acontecia, dava motivo a grandes festas. Essas festas, geralmente
aconteciam nos chamados “barracões”, que eram
nada mais que armazéns, dos quais os fazendeiros eram os
donos.
O transporte da época era no lombo de cavalos, não
havia ainda veículos automotores, nem estradas apropriadas.
Era o carro de bois, a charrete ou o cavalo, o meio de transporte
mais usado.
No pátio da sede da fazenda existiam muitos pés de
manga centenários, formando um ambiente propício para
instalar as mesas onde seria servido o churrasco aos convidados.
Ao lado dos pés de manga, o fazendeiro abria uma trincheira
para a churrasqueira. Após a cerimônia do casamento,
todos os convidados se instalavam em baixo das mangueiras, onde
seria servido o almoço. Eram construídas para a festa
de casamento, grandes mesas e bancos.
Fonte:
http://www.drd.com.br/vianna.htm |
Abrindo
Castanhas
A
Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) pertence a família
Lecythidaceae, e é uma das mais importante espécies
de exploração extrativa da Amazônia, tem participação
significativa para o comércio da região, com exportação
de suas sementes para os mercados internos e externos. No início
do século XIX, a castanha era exportada através dos portos
do Pará, motivo esse que a levou ser conhecida como Castanha-do-pará
e por determinação do Ministério da Agricultura,
recebeu a denominação Castanha-do-brasil.
A Castanha-do-pará, que era utilizada na alimentação
dos índios e de animais domésticos em pequena escala, passou
a ser uma das principais fontes do extrativismo regional, ocupando grande
contigente de mão-de-obra, não somente nas matas, mas também
nas cidades onde o produto é beneficiado.

“Castanha do Pará” é um fruto da Amazônia.
Nos primeiros meses do ano os castanhais deixam cair seus ouriços
maduros que contêm as amêndoas. Cada ouriço contém
em média 20 a 30 amêndoas e são abertos a machadinha
ou facão, pelos castanheiros.” |
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A Castanha-do-pará é nativa da Amazônia, sendo
encontrada em terras firmes, de mata alta, na maioria das vezes
em locais de difícil acesso, formando agrupamentos mais ou
menos extensos, conhecidos como castanhais. Sempre associada a outras
espécies florestais de grande porte e não em formações
homogêneas. Estando distribuída nos estados do Pará,
Maranhão, Amazonas, Mato Grosso e Acre.
A
Castanha-do-pará pode alcançar até 60m de altura,
com diâmetro na base do tronco de até 4m, a árvore
apresenta fuste (troco) reto cilíndrico com a copa medindo
cerca de 20 a 40m de diâmetro. O fruto é capsular do
tipo pixídio, de formato esférico ou levemente achatado,
extremamente duro, espesso e de cor castanha, com diâmetro
de aproximadamente 10 a 15 cm e pesando cerca de 500g até
1500g, contento em seu interior de 15 a 24 sementes. Sua casca é
muito resistente e requer grande esforço para ser extraída
manualmente.
A espécie é de polinização cruzada.
A época de floração dos castanhais é
predominantemente entre os meses de novembro e maio, os ramos de
produção brotam logo abaixo da inflorescência
do ano anterior.
A
utilização da Castanha-do-pará é bastante
diversificada, sua madeira, pode apresentar propriedades mecânicas
médias e de aparência agradável, é indicada
para a construção civil interna e leve, painéis
decorativos, tábuas para assoalhos e para uso geral, juntas
coladas ou encaixadas, fabricação de compensados e
também na industria naval. Pode também ser considerada
boa fonte de celulose, apesar de sua exploração madeireira
ser proibida por lei.
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A amêndoa tem variada aplicação e alto valor econômico
por possuir quando desidratada cerca de 17% de proteína que possui
aminoácidos essenciais ao ser humano; o teor de gordura chega em
torno de 67%. Além disso, extrai-se o óleo comestível
que também é utilizado com lubrificante para aviões,
fabricação de sabonetes e cosméticos. Cerca de 70%
da castanha exportada destina-se a industria alimentícia de confeitaria
e fabricação de doces. Por isso tem ampla aceitação
no mercado mundial.
Fonte: http://www.ufv.br/dbg/bioano01/div52.htm
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