Viajando pelo Brasil

Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Rio Branco (série 257)

 
pag 18


Vaqueiro do R. Branco

Os vastos campos do Rio Branco constituem o cenário onde se desenvolve a atividade de um tipo humano que, sem possuir as características somáticas e psicológicas do gaúcho e as singulares formas de adaptação a um meio hostil, sintetizadas expressivamente no vaqueiro do Nordeste. É o vaqueiro do Rio Branco, cuja presença nas pastagens naturais do curso superior do rio, que imprime um traço de indiscutível personalidade à paisagem cultural do Estado do Amazonas.

“São imensos os campos do território federal do Rio branco, na Amazônia, e a criação de gado é de grande futuro. O vaqueiro do Rio Branco é um excelente peão e campeiro trabalhando nos “retiros” em que se dividem as fazendas. Usa blusa de mescla ou algodão e chapéu de palha.”

 

A atividade do vaqueiro do Rio Branco encontra-se ligada à vida das fazendas de criação disseminadas por entre os 2° e 5° de latitude norte, das quais comprovadamente _ São Marcos, São Bento e São José foram as primeiras fundadas nos três ângulos formados pelos rios Branco, Tacutu e Uraricuera.

Oriundos das tribos circunvizinhas _ Macuxis e Uapioxamas principalmente, que povoam os campos onde se localizam quase todas as fazendas, o vaqueiro do Rio Branco, por total circunstância, já contrasta com tipos clássicos da nossa atividade pastoril, subsistente na campanha sul-rio-grandense e na caatinga espinhenta e ressequida do sertão nordestino.

Costumam usar para vestir casaco de mescla ou blusão de algodãozinho, além de um chapéu de palha ordinário sem nenhum requisito especial. O vaqueiro do Rio Branco é um carnívoro que logo após o cafezinho da manhã, ao sair da rede onde passa a noite, “segura o peito” quatro horas antes do meio-dia, isto é, alimenta-se de carne cozida, leite, farinha-d’água e café, tudo isto antes do almoço propriamente dito.

Com seu laço de couro em punho, de uns vinte a trinta metros de comprimento_ parte para o serviço diário, ao qual se aliam os préstimos do cavalo, notadamente nos “lavrados” ou campos extensos sem vegetação arborescente ou com raras árvores. Honestos, bons, prestativos, hospitaleiros, continuam realizando na clareira da mata amazônica, o milagre da humanização de uma paisagem situada a grande distância dos grandes focos da civilização nacional.

Fonte:
Tipos e Aspectos de Região Brasileira


Tarrafeiro



“No território do Rio Branco a pesca é também muito importante sendo muito usada nos pequenos rios, a tarrafa, que é uma pequena rêde de pescar. Os que lançam a tarrafa na água chamam-se tarrafeadores e, portanto, tarrafeação é a pescaria com tarrafas.”
 

O uso da tarrafa de pesca é generalizado em todas regiões brasileiras. É um aparelho simples e prático para captura de peixes. Sua forma é cônica, sendo confeccionada com linha de “nylon” 0,20 mm, algodão ou tucum. Suas malhas são distanciadas de 3 centímetros de nó a nó e medem cerca de seis metros de altura, por 10 a 40 de circunferência, pesando em média, de 6 a 8 quilos.

Para permitir uma perfeita utilização, na extremidade do fechamento do cone é colocado um cordel de grande comprimento, o qual ficará preso à mão do pescador. A extremidade oposta é livre e bem circular e dotada de saco. Neste local é colocada a chumbada o que permitirá a descida rápida do aparelho e em forma de círculo, para aprisionar os peixes.

Manejada por “um só homem”, lançada do alto dos barrancos ou das margens dos rios e dos braços das marés ou, ainda, de cima de pequenos barcos (jangadas e canoas), tão conhecido instrumento de pesca é usado por milhares de modestos pescadores que labutam nas marés da nossa imensa costa marítima e ao longo dos cursos dos rios, cuja fauna subsiste à devastação.

Fonte:
http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P06.htm


Pesca e Arpão

É um procedimento de pesca com o qual os peixes são atravessados por pontas aguçadas. Sendo utilizados somente quando os peixes que se quer capturar sejam perfeitamente visíveis.

“Nos lagos e igarapés (córregos) pesca-se com flexa, fisga, arpão, lanços de rêde e armadilhas indígenas. Os peixes apanhados chamam-se “do mato” porque vivem nesses alagadiços cobertos por vegetação alta. Os pescadores, que são muito hábeis no manejo do arpão, trabalham durante o dia. Na Amazônia há mais duas mil espécies de peixe.”

 

O arpão, a lança, etc., são artes de pesca muito antigas e que se utilizam especialmente quando os peixes de grande tamanho se concentram em uma pequena zona. Estão constituídas por uma cabeça de metal com uma ou várias puas geralmente barbadas e um cabo que varia de 1 a 2 metros de comprimento e um diâmetro de 1 1/2". A cabeça deve estar unida ao cabo por uma pequena corda, cuja extremidade deve ser mantida em mãos do pescador e serve para puxar o pescado capturado.

Para ser usado este tipo de aparelho de pesca é necessário uma canoa e dois pescadores, um remando lentamente no local destinado a pescaria e o outro em pé, na proa da canoa, com o arpão olhando constantemente para ver a hora em que o peixe vem a superfície, neste momento ele lança o arpão. É muito empregada esta modalidade de pesca, principalmente na captura do pirarucu, Arapaima gigas.

A espingarda-arpão obedece a mesma técnica do arpão, apenas é utilizado uma espingarda de calibre 36 mm, na qual se põe uma lança de ferro dentro do cano e abaixo da cabeça da lança é colocado uma bóia e mais abaixo uma corda e sua extremidade fica ligada a canoa do pescador.

A Fisga é uma outra arte de pesca por ferimento, constituída por um arpão com vários dentes barbelados. Esta arte é manobrada à noite, em águas pouco profundas, a partir de uma embarcação que é munida de um candeio. Pode ainda ser praticada a pé nas zonas mais baixas da ria. As espécies capturadas são a enguia, o choco e o polvo.

Fontes:
http://www.olhao.web.pt/Pesca/pesca.htm
http://www.fao.org/docrep/field/003/AB486P/AB486P06.htm


Pesca do Peixe-Boi

O Peixe-boi ou Guarabá (Trichechus inunguis) ocorre na Bacia Amazônica e pode ser encontrado nos rios: Tocantins, Xingu, Tapajós, Nhamundá, Madeira, Negro, Xeruni, Orinoco, Rio Branco, podendo alcançar a foz do Amazonas (Ilha de Marajó). Este mamífero, de hábito herbívoro, se alimenta exclusivamente de vegetação aquática como gramíneas, algas e macrófitas.



“Peixe-boi” é um mamífero aquático que habita as costas norte do país e a Amazônia. Mede, normalmente, dois metros e meio de comprimento e alimenta-se de capim dos rios e lagos. Sua carne é muito saborosa. Com a carne e as tripas do “peixe-boi” fazem-se saborosos assados conhecidos na Amazônia como “Mixira”.

 

É o maior mamífero aquático dulcícola da América do Sul, sendo endêmico (só ocorre na região) da bacia amazônica. Um indivíduo adulto desta espécie pode chegar a pesar 500 kg e medir mais de 2 metros, sendo isso uma das razões de sua perseguição e caça. Os índios e os habitantes regionais utilizam a carne e a gordura (para obter óleo) do peixe-boi como forma de sustento.

Devido à grande ação antrópica destes povos, com a caça intensa e a poluição das águas, esta espécie está em vias de extinção. Sua caça está proibida oficialmente desde 1971, mas, o seu número vem diminuindo assustadoramente a cada ano. Entretanto, na região há programas de educação ambiental e projetos de ecologia e conservação do peixe-boi, conscientizando a população da grande importância desta espécie para o equilíbrio do meio.

O principal período de alimentação de peixe-boi ocorre na estação chuvosa, quando a obtenção de alimentos é facilitada, permitindo à espécie acumular gordura. O forrageamento é feito em áreas sazonalmente inundáveis. O Trichechus inunguis pode mover-se cerca de 2,7 km/dia nas áreas de alimentação. Com isso controlam o crescimento das plantas aquáticas e fertilizam com suas fezes as águas que freqüentam, contribuindo para a produtividade pesqueira.

A Amazônia é uma floresta tropical, e seus ecossistemas são extremamente complexos e delicados. O perfeito equilíbrio da biodiversidade de espécies da fauna e da flora são responsáveis pelas trocas de energia e a manutenção da vida.

Fontes:
www.saudeanimal.com.br/peixe_boi.htm
www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agua/
doce/index.html&conteudo=./a gua/doce/artigos/peixe.html


Casamento na Roça



“No Rio Branco, como em vários pontos do interior do Brasil, o casamento é uma festa que atrai gente das redondezas e onde há, invariavelmente, música, foguetes, ladainhas e almôço e jantar para os convidados que vêm de longe em suas embarcações. O Juiz, o escrivão e outras autoridades vêm de lancha para celebrar o casamento no “barracão”, a margem do rio.”
 

Antigamente os fazendeiros faziam o casamento de suas filhas na fazenda. Quando isso acontecia, dava motivo a grandes festas. Essas festas, geralmente aconteciam nos chamados “barracões”, que eram nada mais que armazéns, dos quais os fazendeiros eram os donos.

O transporte da época era no lombo de cavalos, não havia ainda veículos automotores, nem estradas apropriadas. Era o carro de bois, a charrete ou o cavalo, o meio de transporte mais usado.

No pátio da sede da fazenda existiam muitos pés de manga centenários, formando um ambiente propício para instalar as mesas onde seria servido o churrasco aos convidados. Ao lado dos pés de manga, o fazendeiro abria uma trincheira para a churrasqueira. Após a cerimônia do casamento, todos os convidados se instalavam em baixo das mangueiras, onde seria servido o almoço. Eram construídas para a festa de casamento, grandes mesas e bancos.

Fonte:
http://www.drd.com.br/vianna.htm


Abrindo Castanhas

A Castanha-do-pará (Bertholletia excelsa) pertence a família Lecythidaceae, e é uma das mais importante espécies de exploração extrativa da Amazônia, tem participação significativa para o comércio da região, com exportação de suas sementes para os mercados internos e externos. No início do século XIX, a castanha era exportada através dos portos do Pará, motivo esse que a levou ser conhecida como Castanha-do-pará e por determinação do Ministério da Agricultura, recebeu a denominação Castanha-do-brasil.

A Castanha-do-pará, que era utilizada na alimentação dos índios e de animais domésticos em pequena escala, passou a ser uma das principais fontes do extrativismo regional, ocupando grande contigente de mão-de-obra, não somente nas matas, mas também nas cidades onde o produto é beneficiado.



“Castanha do Pará” é um fruto da Amazônia. Nos primeiros meses do ano os castanhais deixam cair seus ouriços maduros que contêm as amêndoas. Cada ouriço contém em média 20 a 30 amêndoas e são abertos a machadinha ou facão, pelos castanheiros.”
 

A Castanha-do-pará é nativa da Amazônia, sendo encontrada em terras firmes, de mata alta, na maioria das vezes em locais de difícil acesso, formando agrupamentos mais ou menos extensos, conhecidos como castanhais. Sempre associada a outras espécies florestais de grande porte e não em formações homogêneas. Estando distribuída nos estados do Pará, Maranhão, Amazonas, Mato Grosso e Acre.

A Castanha-do-pará pode alcançar até 60m de altura, com diâmetro na base do tronco de até 4m, a árvore apresenta fuste (troco) reto cilíndrico com a copa medindo cerca de 20 a 40m de diâmetro. O fruto é capsular do tipo pixídio, de formato esférico ou levemente achatado, extremamente duro, espesso e de cor castanha, com diâmetro de aproximadamente 10 a 15 cm e pesando cerca de 500g até 1500g, contento em seu interior de 15 a 24 sementes. Sua casca é muito resistente e requer grande esforço para ser extraída manualmente.

A espécie é de polinização cruzada. A época de floração dos castanhais é predominantemente entre os meses de novembro e maio, os ramos de produção brotam logo abaixo da inflorescência do ano anterior.

A utilização da Castanha-do-pará é bastante diversificada, sua madeira, pode apresentar propriedades mecânicas médias e de aparência agradável, é indicada para a construção civil interna e leve, painéis decorativos, tábuas para assoalhos e para uso geral, juntas coladas ou encaixadas, fabricação de compensados e também na industria naval. Pode também ser considerada boa fonte de celulose, apesar de sua exploração madeireira ser proibida por lei.


A amêndoa tem variada aplicação e alto valor econômico por possuir quando desidratada cerca de 17% de proteína que possui aminoácidos essenciais ao ser humano; o teor de gordura chega em torno de 67%. Além disso, extrai-se o óleo comestível que também é utilizado com lubrificante para aviões, fabricação de sabonetes e cosméticos. Cerca de 70% da castanha exportada destina-se a industria alimentícia de confeitaria e fabricação de doces. Por isso tem ampla aceitação no mercado mundial.

Fonte: http://www.ufv.br/dbg/bioano01/div52.htm

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