Boiadeiro
“
Mato Grosso tem na criação do gado sua maior riqueza.
Na região da Vacaria as pastagens são muito ricas.
O Estado de mato Grosso possue um rebanho bovino calculado em
mais de três milhões de cabeças e seu rebanho
eqüino é estimado em meio milhão.”
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Em
meados do século XX a pecuaria, começou a ser
desenvolvida. O rebanho bovino se aprimorou com a produção
de Nerole. O solo utilizado nos plantios, destaca-se rapidamente
pelas derrubadas e queimadas e passa a constituir área
de magra pastagem. Não há campos naturais e os
que são abertos na mata, se ainda não esgotados
pela lavoura, são facilmente invadidos pela capoeira.
O boiadeiro aparece como figura típica das regiões
criadoras de gado. servindo de intermediário entre os
fazendeiros criadores e os invernistas Ele nada mais é
do que um comerciante de gado,. Constantemente viajando, esses
homens penetravam até as zonas pastoris mais afastadas
do Triangulo Mineiro, de Goiás e de Mato Grosso para
comprar o gado diretamente do criador. Montados nos seus cavalos,
voltavam tangendo enormes boiadas numa caminhada de centenas
de quilômetros, em que levavam semanas e meses.
Era comum, no interior, observar as grandes boiadas descendo
as estradas, no seu passo lento e vagaroso, para os mercados
consumidores. Na frente, levando uma bandeira vermelha para
avisar da aproximação dos animais, vai o boiadeiro.
Mais dois ou três peões sequem atrás, vigiando
com atenção o gado, para evitar que alguma rês
se tresmalhe.
Fontes:
Enciclopedia Barsa, Enciclopaedia Britânica do Brasil
publicações LTDA, 1988, Rio de Janeiro –
São Paulo.
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Índios
nos Engenhos
Os
Bororós foram, outrora, uma nação poderosa, cujo
território abrangia os limites naturais dos rios Paraguai ao oeste,
Araguaia ao leste, das Mortes ao norte e Taquari-Coxim ao sul, ocupando
toda a faixa sul do atual estado de MT, conquistada pelos primeiros colonizadores
da região. Nela tem-se hoje as maiores cidades desse estado: Cuiabá,
Rondonópolis, Cáceres e Barra do Garças. Esses índios
(junto a outros, certamente) estavam no meio da rota dos bandeirantes
na ocupação do centro-oeste, o famoso "caminho das
monções" e depois a estrada para Goiás.
“Os bororós, índios que habitam as margens do
Jururu, em Mato Grosso tecem panos e redes com fibras de tucum e
caroá e possuem pequena lavoura. Agora, ao contado com a
civilização começam a trabalhar nos engenhos
de açúcar que estão surgindo no grande Estado
brasileiro.” |
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Esse povo forma uma das bases étnicas da atual população
mato-grossense, resultado de relações interétnicas
estabelecidas, sucessivamente, através da escravidão,
do trabalho assalariado e dos casamentos com os agentes do colonialismo.
Atualmente eles distribuem-se em oito aldeias de não mais
de cem habitantes cada uma e, apesar de terem sido forçados
a sedentarizar-se, conservam ainda caraterísticas nômades,
apresentando uma população flutuante em ocasião
de cerimônias, funerais, falta de víveres por escassez
sazonal e, especialmente, como resultado de conflitos territoriais
interétnicos e mesmo rixas familiares.
Há cinco aldeias ao longo da bacia do rio São Lourenço,
tuteladas só pela Funai, e três na bacia do rio das
Garças, onde atuam missionários salesianos. São
tradicionalmente caçadores, pescadores e coletores, tendo
uma agricultura rudimentar de poucas espécies. Vivem atualmente
da comercialização de peixe, artesanato, prestação
de serviços e, sobretudo, de aposentadorias rurais. Falam
uma língua classificada tradicionalmente como Macro-jê,
mas a juventude das áreas salesianas prefere o português.
Suas aldeias são, via de regra, circulares, com as unidades
residenciais dispostas em torno de uma grande casa central, a
'casa dos homens'.
Eles estão organizados em duas metades matrilineares e
exogâmicas, com quatro clãs cada qual. Cada clã
é 'proprietário' de certas plantas e animais, cores,
cantos, danças, nomes, tradições, habilidades,
segredos, utensílios, pinturas corporais e enfeite, especiais,
propriedade essa que proporciona muita individualidade tanto às
pessoas quanto às unidades sociais referidas.
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A
instituição Bororo por excelência é o funeral,
executando longos e complexos rituais que duram, ainda hoje, até
três meses, e que reordenam todo o universo de sociabilidade desse
povo e a sua vida quotidiana. No funeral manifestam-se todas as tradições,
a vida espiritual, artística, social, emocional e material.
Sua produção é considerada como "trabalho"
do mais alto grau: produção de enfeites, danças,
cantos, representações, lamentos, zunidores secretos, competições,
refeições, e o longo processamento do cadáver até
obter ossos limpos e enfeitados com penas coloridas para o enterro secundário.
Fonte:
http://www.aids.gov.br/final/biblioteca/alcool_indios/art10.htm
Caça
à onça
A
onça, seja ela pintada, malhada ou preta, é nociva aos criadores
de gado bovino, eqüino ou lanígero. Este animal necessita
buscar no rebanho, alimento para seu próprio sustento. Para este
felino torna-se mais fácil abater um rês, uma égua,
um carneiro do que preparar a tocaiar à anta, veados, lobos, ao
jacaré e outros. Isto porque esses animais possuem em altíssimo
grau, o instinto que os permite farejar o perigo, os tornando esquivos
ao ataque da onça.
"Mato
Grosso possui imensas florestas, cerradas, algumas indevassáveis
e desconhecidas para o homem civilizado. Nas caçadas pela
mata virgem o homem corre o risco do encontro com as onças
cujas peles são bonitas, sem dúvida, mas que poucos
sabem como são difíceis de obter."
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Como necessita de um amplo território para sobreviver,
pode "invadir" fazendas em busca de animais domésticos,
bois, vacas, bezerros, ovelhas. Por esse motivo, locais onde é
numerosa a presença de reses ou rebanhos, tendem a possuírem
mais onças, despertando a ira dos fazendeiros que a matam
sem piedade.
No Mato Grosso os trabalhadores das fazendas fazem dessa prática
um exercício, caçando-as com as suas flechas apropriadas
com lança de ponta de osso. A perseguição
ao animal, é feita para acuá-lo. Os caçadores
se refugiam atrás de moitas densas, e provocam-no até
surgir uma oportunidade de acertá-lo, quase sempre mortalmente.
Quando o gole falha, utiliza-se do salto para trás, que
permite repetir a manobra.
Com o passar do tempo, para afastar a possibilidade de desastre,
preferia os civilizados o emprego a arma de fogo, manobradas de
maior distância. Certeiros na pontaria escolhiam a parte
mais vulnerável da fera, quando possível entre os
olhos, por onde penetra a bala, sem lhe estragar a pele, cujos
defeitos lhe diminuem à cotação. Apesar de
tão temida, foge da presença humana e mesmo nas
histórias mais antigas, são raros os casos de ataque
ao homem. Devido a prática da caça e, sobretudo
pela rápida redução de seu habitat, esse
felídeo, naturalmente raro, ainda encontra-se a beira da
extinção em nosso país.
Fontes
http://www.saudeanimal.com.br/extinto16.htm
http://www.faficp.br/mhnatural/nosertao/noser/master3.htm
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Navegação
em M. Grosso
Durante
a 1ª metade do século XX, a região do Mato Grosso foi
caracterizada pelas atividades da pecuária bovina e da extração
de erva-mate, nessa região dada a ausência de outras ferrovias
e a imprestabilidade das estradas de rodagem, a navegação
fluvial desempenhou, por algum tempo, um papel econômico relativamente
importante.
Em
fins de 1904, foi adquirido em Concepción, no Paraguai, o vapor
Carmelita, destinado a servir como rebocador no serviço de travessia
do gado. Esse
vapor foi trazido, navegando pela bacia do Paraguai, até a vila
de Aquidauana, onde foi parcialmente desmontado; daí, as partes
foram transportadas em carretas de bois até o rio Anhanduizinho,
já na bacia do Pardo.
“Mato Grosso é um Estado que possue vasta distribuição
de rios que vão engrossas as águas do Prata e do
Amazonas. A navegação a vapor, a vela, a remo e
a vara cresce diariamente sendo que as duas ultimas são
as mais comuns para o transporte de cargas e passageiros.”
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Novamente montado, o barco começou em fins de maio de 1906
a navegar em direção ao Porto 15.
Enfim, devidamente providenciadas as balsas e currais, a travessia
foi inaugurada em outubro de 1906. Nos anos iniciais do século
XX voltava-se para o Alto Paraná os interesses da grande
empresa concessionária da exploração dos ervais
nativos do SMT (historicamente conhecida como Companhia Mate Laranjeira),
A Companhia lançava mão de todos os meios de transporte
fluvial; batelões, canoas, rebocadores, chatas, barcos movidos
à lenha, óleo, gasolina e vapores mistos. Tais embarcações
“penetravam os rios com condição aceitável
de navegabilidade para, logo depois, entrarem em um afluente onde,
cada curva e a galhada debruçada sobre as águas, significavam
verdadeiro tormento”.
A empresa promoveu estudos com vistas a delinear os tipos mais apropriados
de embarcações: Técnicos, de Buenos Aires,
ouvindo os práticos da região, desenhavam os mais
variados tipos de embarcação. Mesmo assim, em trechos
de navegação mais difícil, pela pouca profundidade
dos rios, era preciso lançar mão do molinete, um guincho
cujo cabo de aço era amarrado em árvore resistente
e que, posto em funcionamento, ia enrolando o cabo de aço,
com o que arrastava a embarcação, num trabalho duríssimo.
Fonte:
http://www.abphe.org.br/congresso2003/Textos/Abphe_2003_65.pdf
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Carro
de Boi no Atoleiro
Ainda
hoje, nas pequenas fazendas no interior de Mato grosso, aonde, pela ausência
de boas estradas, a concorrência dos modernos e velozes veículos
de carga não chegou, ele continua com sua morosidade característica,
mas sempre utilíssimo, a desempenhar obscuramente a missão
multissecular de transportar os produtos da terra dadivosa, dos campos
de cultura para as sedes dos núcleos agrícolas.
“Também em Mato Grosso, um dos meios de transporte
mais conhecido e usado no interior, é o clássico carro
de bois. Andando vagarosamente, chiando, vão êles atravessando
lamaçais e pântanos, palmilhando picadas e caminhos
pedregosos sem se deterem e cumprindo airosamente sua missão.” |
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Diferentemente do que muitos possam pensar, o carro de bois, que
se apresenta como uma peça bastante rústica, pode,
se bem analisada ser considerado, uma verdadeira obra de engenharia
ou de arte, onde a simetria e noções de cálculos
são perfeitamente observadas. Todo de madeira, compõe-se
de duas peças principais: o estrado e o conjunto roda-eixo.
O estrado, gradeado ou de pranchas de madeira justapostas, é
retangular, apresentando na parte dianteira um varal ou lança
- o "cabeçalho". Em cada borda do estrado são
fincadas varas roliças - os "fueiros" - que amparam
lateralmente a carga. As rodas, em número de duas, geralmente
maciças, por vezes com recortes semilunares, elípticos
ou losangulares, são de madeira rija, altas e pesadas, protegidas
por um aro de ferro quando rolam em terreno pedregoso. Estão
solidamente encaixadas no eixo-móvel, que gira entre quatro
peças de madeiras - os "cocões" –
embutidas no estrado (duas de cada lado) que se apoia sobre eixo
pelos "calços". Entre o calço e o eixo é
colocado um indispensável suplemento - a cantadeira - untada
com uma pasta de sebo e pó de carvão, para fazer o
carro gemer, quando atritada durante a marcha.
O seu gemido característico, ligeiramente modulado, constitui
motivo de orgulho para o correiro que não o dispensa nunca.
O boi do carro é forte, musculoso e extremamente dócil.
Dois são os seus condutores: o carreiro e o candieiro. O
carro de boi e tem enriquecido grandemente o nosso folclore, fornecendo
interessantes e variados temas para pitorescas e expressivas toadas
sertanejas.
Fontes:
http://jangadabrasil.com.br/setembro13/pa13090a.htm
http://www.fructal.com.br/sistemas/livro/carroboi.shtml
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Corumbá
Foi
no dia 21 de setembro de 1778, portanto há 223 anos atrás,
que se iniciou a história da ocupação e da fundação
do arraial de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque,
por ordem do Capitão General e engenheiro urbanista Luiz de Albuquerque
de Mello e Cáceres, então Presidente da Província
de Mato Grosso. Foi assim que nasceu Corumbá, cidade localizada
na fronteira oeste do Estado de Mato Grosso do Sul, uma cidade colonial
brasileira.
Corumbá nasceu de uma necessidade estratégica de ocupação
da margem direita do Rio Paraguai, que estava sendo ameaçada pelos
espanhóis do Prata, lentamente foi se transformando em povoado.
Em 1861 foi instalada uma Alfândega no porto de Corumbá e
em 1862 o povoado foi elevado a categoria de vila. Surgiram as ruas espaçosas
e o comércio.
"Corumbá, uma das mais importantes cidades de Mato Grosso,
foi fundada em 1774. É o porto mais importante do rio Paraguai,
cuja navegação se distribui por várias regiões
e é feita por navios brasileiros, argentinos e Paraguaios
que fazem, assim, o intercâmbio por tôda a imensa região
do alto Paraguai."
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Essa região foi invadida e destruída em 1865 por Solano
Lopez durante a Guerra do Paraguai (1864-1869). Durante a ocupação
a navegação pelo rio Paraguai foi interrompida o que
desarticulou o comércio local. A cidade foi destruída,
abandonada a miséria, suas casas e depósitos foram
saqueados e a população diminuída sofreu privações.
A ocupação pelo exército paraguaio se deu até
13 de junho de 1867, quando uma tropa vinda de Cuiabá chefiada
pelo tenente-coronel Antônio Maria Coelho, consegui retomar
a cidade. Superada as dificuldades da guerra, iniciou-se uma reorganização
dos núcleos devastados e restabeleceu-se a navegação.
Com o fim da Guerra do Paraguai, Corumbá tornou-se muito
importante para o desenvolvimento brasileiro e para a ocupação
das fronteiras, quando o governo imperial concedeu isenções
tributárias para importação e exportação
de mercadorias pelo seu porto e é nesse momento que Corumbá
vai ter seus dias de glória em termos socioeconômico
e cultural-arquitetônico.
Foi através do Porto de Corumbá
que chegou a riqueza, o progresso, os migrantes, o desenvolvimento
e a cultura, principalmente da Europa e do Rio de Janeiro. O contato
com a capital do Brasil, via Rio Paraguai e Bacia do Prata, através
de embarcações modernas, trouxe para Corumbá
uma certa condição especial de cidade, seja através
da importação de bens e serviços ou através
de intensa integração cultural.
Fonte:
http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc020/mc020.asp
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