Poesia Brasileira do Século
XIX
Coleção: Paulo Bodmer e Marília Carqueja
Texto: Marília Carqueja Vieira
Luiz Gonzaga Pinto da Gama
(1830-1882)
Se
negro sou ou sou bode,
Pouco
importa. O que isto pode?
Bodes
ha de toda casta,
Pois
que a especie é mui vasta ...
Ha
cinzentos, ha rajados,
Baios,
pampas e malhados,
Bodes
negros, BODES BRANCOS,
E
sejamos todos francos,
Uns
plebeus e outros nobres,
Bodes
ricos bodes pobres,
Bodes
sabios, importantes,
E
tambem alguns tratantes ...
Aqui,
nesta boa terra,
Marram
todos, tudo berra.
.
. . . . . . . . . . . .
Cesse,
pois, a matinada,
Porque
tudo é bodarrada!
LUIZ GAMA
Nasceu em Salvador,
Bahia. Filho de uma escrava africana. Seu pai, português, o vendeu como
escravo. Em casa dos seus senhores aprendeu a ler com um acadêmico de
Direito. Fugiu para assentar praça no Exército.
Foi escrevente de cartório, amanuense do
gabinete particular do Conselheiro Furtado de Mendonça, de onde por motivos
políticos foi expulso.
Foi jornalista onde teve destacada atenção
na Campanha Abolicionista.
Como escravo foragido destacava-se na causa
abraçada, manejando com maestria a sátira como exemplifica seu poema "A
Bodarrada".
Obras poéticas: Primeiras Trovas Burlescas,
Poesias Satíricas. (brasilcult)
|