mapa


A PRIMAVERA


A lenda sobre o nascimento da Primavera, recolhida por Nelson Vainer, é ao mesmo tempo um hino ao amor materno e ao milagre sempre renovado da vida, na Humanidade e na Natureza. O obscuro poeta que a imaginou deve ter-se inspirado ao sentir a Vida no broto da planta e na criança que suga o leite materno. Deve também ter sentido que a vida da planta e a da criança são um só e mesmo milagre, obra do mesmo Taumaturgo e fruto de um impulso de caridade, fé e esperança.


Diz a lenda que nos tempos antigos o continente americano era uma gélida, silenciosa e estéril extensão de terra, onde os homens viviam transidos de frio e medo. Ora, aconteceu que certa mulher se afastou de uma taba com seu filhinho e foi colhida por violentíssima tempestade. Presa de desespero, a pobre mulher invocou Tupã e ouviu sua voz lhe dizer: - Sobe à mais alta montanha e faze teu filho tocar o céu com as mãos !

Envolvida pela borrasca e aconchegando mais o doce fardo, a índia foi galgando os degraus da cordilheira. Mas toda vez que alcançava o cume de uma montanha, outro mais alto lhe aparecia. A aflição e o cansaço a oprimiam, mas a voz, mais poderosa que a do trovão, insistia: - Sobe à mais alta montanha !
Por fim, já exausta e desanimada, a mãe ayingiu o ponto mais alto dos Andes. Ergueu vitoriosa a criança e, ante o gesto milagroso dos bracinhos abertos, tocando o céu, a Primavera nasceu ! Então, o continente rompeu a cantar pela voz da passarada e recobriu-se de folhas, de flores e de frutos prenhes da vida, que é feita de caridade, fé e esperança.


Fonte:
Texto de Valentim Valente
Plasticromia de Rosasco
Edição da Rhodia, a marca de confiança.
Lenda recolhida por Nelson Vainer

20 ANOS DEPOIS

Eu não ia colocar esta figura e muito menos esta lenda por aqui, pelo simples fato de eu nunca ter ouvido falar dela. Mas acontecem coisas pelo caminho que mudam a nossa visão. Nesta fábula, Valentim cita o nome de Nelson Vainer, que foi um grande amigo meu. Durante 10 anos troquei idéias com o Nelson quando íamos embora do trabalho na Ilha do Fundão. Ambos trabalhávamos na COPPE/UFRJ, ele como jornalista e eu como professor. Sempre as 16:30h eu pegava o Nelson com o meu carro e o deixava em outros lugares mais próximos da casa dele, onde ele então pegava um ônibus. Dele, tenho dois livros com dedicatória, um dicionário de pintores e outro sobre a Romênia, seu país de origem. Nelson era mais velho do que eu, erudito de primeira linha, profundo humanista e poliglota. Nossas conversas e idéias eram debatidas em línguas diferentes e ao mesmo tempo.Ao ler o nome dele nesta fábula, fiquei surpreso e emocionado, já que se passaram mais de vinte anos sem ouvir falar dele. Fiquei ainda mais surpreso quando descobri, que por volta de 1950 circa, o Nelson havia escrito alguns livros, publicados pela editora Anchieta, que eu não conhecia, e entre eles achei os seguintes:
1 - Livro das Lendas
2 - A vida curiosa dos Animais
3 - No mundo das Serpentes
4 - No reino das Aves
5 - A eterna sinfonia das Águas

Mas isto ainda não é nada. Ao lançar o nome dele, entre aspas, no Google, havia mais de 1500 referencias, ou seja, um desempenho extraordinário. Aquele foi um tempo que eu aprendi muito com a tua companhia. Você não sabe a alegria que me deu encontrar você de novo. (Paulo Bodmer)

 

    [Brasileiras] [Antiguidade] [Indígenas] [Animais]

[Cultura] [Mapa do Site]