Trechos de um Rio
Os
rios, neste estado, constituem-se no mais importante meio de transporte
margeando-os também se originam vários povoados.As maiorias
das cidades acreanas localizam-se às margens dos rios. No percurso
desses rios encontramos diversos andares de vegetação,
entremeados de cipós, formando massa densa e sombria, da qual
se salientam árvores gigantescas de quarenta e mais metros de
altura. A vegetação avança para o rio, protegendo
as margens contra a erosão.
“Largos,
longos e belos são os rios da Amazônia. No Acre,
há grandes rios como Purus e o Juruá, tributários
do Amazonas conhecido como “rio Mar”. As margens
do rio apresentam uma vegetação variada e densa
e uma quantidade infinita de aves, macacos e outros bichos.”
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Estes rios seguem a direção Sudoeste-Nordeste
e pertencem todos à rede hidrográfica do Rio Amazonas.
As formas paralelas e as mudanças na direção
dos cursos são características comuns dos rios
do Acre. Outra peculiaridade é a distribuição
da rede, a qual corre sobre rochas sedimentares e não
forma cachoeiras.
O rio Purus nasce no Peru e é considerado o segundo maior
representante da drenagem no estado, seu curso é sinuoso
e meândrico. Da montante (fronteira com o Peru) para a
jusante (próximo a Sena Madureira) o curso do rio se
afasta ou se aproxima da borda da planície deixando um
lado do meandro abandonado. Estes meandros ocupam uma extensão
muito grande e são encontrados em várias idades
– quanto mais afastados do leito atual, mais antigos –
e fases de preenchimento (colmatação).
Já o rio Juruá nasce a 453m de altitude no Peru
onde recebe o nome de Paxiúba, une-se ao Salambô
e a partir daí forma definitivamente o Juruá.
Com 3.280 quilômetros de extensão atravessa o Acre
(porção noroeste) de Sul a Norte em direção
ao Amazonas, onde deságua no rio Solimões. É
caracterizado como rio de planície, é sinuoso
em praticamente todo seu percurso.
Fonte:
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./
estadual/index.html&conteudo=./estadual/ac8.html
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Abrindo
Valas
No Acre e no Guaporé, a terra era chamada “inferno
verde” em virtude das febres que matavam centenas de pessoas.
Agora, porém, com o piano de saneamento que se vai desenvolvendo
em todo o País, dentro de pouco tempo já não
haverá mais o “inferno verde”. |
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Quarenta anos atrás, o governo Brasileiro deu início
a um projeto de integração da região Amazônica
ao restante do Brasil que foi baseado num modelo que priorizava
a ocupação da região. Esse projeto integracionista
tinha como justificativa a percepção de que a região
continuaria estrategicamente vulnerável se permanecesse
"vazia" e subutilizada economicamente. Naquela época
a Amazônia era considerada o "Inferno Verde" ou
o "vazio demográfico".
Para muitos era difícil penetrar a Amazônia por causa
dos males e das doenças malignas que eram os grandes inimigos
dos seus habitantes. Para acelerar o processo de incorporação
da Amazônia aos centros dinâmicos de desenvolvimento
do Brasil, as políticas públicas priorizaram a abertura
rápida de fronteiras através da construção
de rodovias (por exemplo, a Belém-Brasília e a Transamazônica),
da implantação de projetos de colonização
agrícola, da expansão do setor agropecuário,
através de incentivos fiscais e creditícios e, num
segundo momento, através do investimento público
em grandes projetos (tais como Grande Carajás e Tucuruí).
Fonte:
http://www.ipam.org.br/publicacoes/avancabrasil/
ppa.php?session_id=c467ea06e8d9d04ae951c23b66c3baf5
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Mulher
Indígena
Cabe
aos homens desmatar e fazer a queimada da área de floresta ou de
capoeiras velhas para a constituição das roças. A
partir de então, o trabalho torna-se feminino, desde a escolha
das variedades de mandioca ou das outras espécies cultivadas até
o preparo dos alimentos. No longo trabalho de produzir os diferentes derivados
da mandioca (manicuera, tucupi, tapioca, baiji, mingau, farinha), as mulheres
gastam praticamente todo o dia.
"No
Guaporé ainda existem muitos índios quase todos
pacificados pela missão Rondon. A mulher indígena
sabe caçar, pescar, faz seu roçado, tece cestos
e faz farinha ajudando ainda os índios em outros misteres."
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Depois de preparar a primeira refeição, as mulheres
vão à roça colher, fazer o replantio e limpar
o terreno; às vezes vão às capoeiras das
roças antigas, à procura de frutas que continuam
produzindo depois que as roças são abandonadas.
Em casa se desdobram entre ralar a mandioca, carregar água
do rio para lavar a massa, buscar lenha para o fogo, preparar
comida e cuidar e dar atenção para as crianças
menores. Desde muito cedo as meninas ajudam sua mãe, no
começo apenas entretendo seus irmãozinhos menores
para que os adultos possam trabalhar, e depois ajudando em tudo.
Ainda na divisão sexual das tarefas do dia-a-dia, o trabalho
artesanal das mulheres restringia-se, tradicionalmente, à
produção de cerâmica e cuias, fiação
de tucum para cordas, enquanto aos homens cabia a produção
dos objetos cerimoniais e toda a cestaria (com exceção
dos aturás de cipó, trançados por mulheres
maku).
Em muitas culturas indígenas, a mulher ocupa o lugar de
geradora e protetora da vida da família. Seu trabalho pesado,
constante, silencioso, garante o cuidado e o alimento diário,
representado pelo fogo sempre aceso no interior da oca. Seu pensamento,
em surdina, contribui discreta e decisivamente nas posições
do marido. Fora desse contexto, a mulher indígena é
vista como beleza exótica, sedutora, ilustrando as propagandas
de turismo ecológico, atraindo turistas. Porém,
a realidade é mais dura, quando o sustento da família
já não vem mais da roça e as exigências
são outras, ditadas pelo consumismo.
Fontes:
http://200.170.199.245/pib/epi/nwam/subsist.shtm
http://www.editorasalesiana.com.br/cfdocs/boletim_interna.cfm?idmat=99
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Regatão
Os
regatões são traficantes que levam, em canoas, por todos
os rios, lagoas, furos e lugares, mercadorias estrangeiras e nacionais,
e as vendem a dinheiro, ou as permutam pelos produtos do país.
O comércio interior do Amazonas não se fez geralmente por
intermédio da moeda, mas pela troca de objetos.” (Tavares
Bastos)
“Regatão” é o negociante ambulante dos
rios e lagos da Amazônia que viaja em lanchas ‘gaiolas”,
barcos e batelões; comprando e vendendo a beira dos rios,
nos trapiches, vilas e barracões.”
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O regatão estabelece-se na foz dos grandes rios; ali, ele
enche os batelões de cachaça, querosene, sal, charque,
fósforos, fumo, munição para armas de fogo,
quinquilharias, fazendas ou tecidos ordinários, roupa-feita
para homens e mulheres, agasalhos, cobertores e mil bugigangas outras.
Lotados, os batelões, eles se assemelham a verdadeiros bazares,
flutuantes. E o regatão sobe os rios à procura da
freguesia, composta de seringueiros, essa população
infeliz que tenta a sorte nos socavãos dos igarapés,
furos e à margem dos afluentes do rio Amazonas.
Eles trocam as suas mercadorias por bolas-de-borracha, peixe-salgado,
rede de tucum, chapéu feito de fibra de palmeira, peneiras,
abanos, e outros utensílios produzidos pelo artesanato, do
inferno verde, que é a Amazônia. Quando o regatão
desce o rio, regressando à sede, os batelões vêm
cheios de produtos feitos por aquelas mãos calosas e doentias
dos parias infelizes, habitantes da Amazônia.
O típico “regatão” apesar da evolução
por que ainda venha a passar _ jamais desaparecerá, ao que
parece, porque em verdade não passa de um tipo social surgido
das contingências do meio.
Fonte:
http://jangadabrasil.com.br/junho34/of34060c.htm
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Pacificação
dos Índios
A
exploração do Norte do País seguiu, desde o século
XVII, as veias dos grandes rios, em busca principalmente das chamadas
drogas do sertão e da mão-de-obra indígena, para
abastecer a metrópole e os empreendimentos coloniais. A redução
e a catequese dos índios coexistiam com a sua escravização,
através da guerra justa e dos resgates. Os descimentos e o aldeamento
atendiam à necessidade de catequizar os indígenas e de suprir
a colônia com mão de obra para os colonos, para os serviços
públicos, remeiros, coletores e sobretudo para a defesa contra
os inimigos dos colonizadores e da Coroa portuguesa. Aqueles grupos que
se opunham ao aldeamento ou não aceitassem a fé católica
ou que simplesmente insistissem em praticar costumes inaceitáveis
para os portugueses, como a guerra aos inimigos e a antropofagia, eram
enquadrados como inimigos e passíveis de guerra justa e de escravização.
No século XVIII várias expedições foram realizadas
pelos rios Juruá, Purus e Madeira, quando soma-se à necessidade
de drogas e de mão-de-obra, a urgência de assegurar as terras,
através de alianças com as tribos. Fortes militares e missões
foram as formas de defesa dos territórios e civilização
dos gentios, formas também de perseguição e aniquilamento
daqueles que não aceitavam o aldeamento e a catequese. A exemplo
dos Manao contra os quais se moveu uma guerra justa, exterminando-os.
No século XVIII ainda tornaram-se tristemente famosos os Autos
da Devassa contra o gentio Mura, quando colonos e autoridades do Grão-Pará,
inclusive missionários, de tudo se valeram para incriminá-los
e obter a permissão de uma guerra justa. Não logrando autorização
para a guerra, os Mura foram contudo atacados todos os anos por tropas
e expedições punitivas, até a sua rendição
e quase total aniquilação.
“A obra do General Rondon, na pacificação dos
índios, é uma das páginas gloriosas da nossa
história. Entretanto todos os perigos, penetrando grandes
selvas, descobrindo terras e catequisando índios, o General
Rondon sempre fez valer sua divisa: “Morrer se fôr preciso;
matar, nunca” |
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A região de que nos ocupamos agora, as bacias dos rios Juruá,
Jutai, Purus e Madeira conheceram o 1º grande boom extrativista,
quando o Amazonas era o único produtor de látex da
seringa, a partir de 1840 e que se estendeu até a 2ª
década do século XX. Os povos indígenas das
bacias mencionadas foram submetidos pelos coronéis dos barrancos
e engajados na extração da seringa com a conseqüente
perda de terras e desorganização social. O avanço
e implantação do extrativismo ensejou guerras contra
grupos arredios, como vários grupos Tupi-Kawahib no rio Madeira
e seus afluentes.
O governo brasileiro criou o Serviço de Proteção
aos Índios - SPI, em 1910, sob a direção do
então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon , um
militar positivista que ganhou projeção na instalação
de redes telegráficas no interior do país, com uma
proposta de não agressão às comunidades indígenas
contatadas.
O Positivismo constituiu-se numa fonte privilegiada para o tratamento
da questão indígena e Cândido Mariano Rondon
constituiu-se na grande referência no tratamento da questão
em função de seus métodos de atração
dos povos indígenas em áreas por onde passariam as
redes telegráficas.
Em 1967 foi criada a Fundação Nacional do Índio
– FUNAI, vinculada ao Ministério da Justiça.
O órgão propunha solucionar a questão indígena,
transformando os índios efetivamente em brasileiros, integrando-os
à nação, ao mesmo tempo que assimilando-os
culturalmente ao seu povo. Para alcançar esses objetivos
era fundamental priorizar a demarcação de terras,
ampliar o contato com os povos autônomos, proporcionando educação
formal, cuidando da saúde, possibilitando que a economia
indígena fosse integrada ao mercado. Tudo isso, a partir
da auto-suficiência do próprio órgão.
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Em
todo o Brasil, nos últimos anos, vem crescendo um movimento indígena
que se expressa através da multiplicação de organizações
locais e regionais. Estas organizações, além das
lutas imediatas, começam a delinear uma estratégia própria,
critérios peculiares de aliança e objetivos de médio
e longo prazos.
No bojo do crescimento desse movimento, surgiram inúmeras lideranças
e organizações indígenas que buscam articular-se
entre si e com o movimento social mais amplo. A Amazônia foi e continua
sendo um território particularmente fecundo nesse processo. A UNI-
Acre e Sul do Amazonas, representando onze povos indígenas e a
COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas
da Bacia Amazônica, representando trinta e duas organizações
indígenas, são as duas mais importantes expressões
deste movimento na região.
Fonte:
http://www.opan.org.br/opan_textos30anos_seminarios.asp?codsem=03
A
Selva
"No Acre e no Guaporé, o caboclo vive cercado da mata
virgem, caçando, pescando, rompendo a mata, abrindo roçado
e varando os rios. Anonimamente, sem conforto, mas persistente e
corajoso êle vai colaborando e trabalhando pelo Brasil."
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Esta região é conhecida pelos biólogos como
"Pantanal do Guaporé". É uma grande área
de florestas e campos inundáveis ao longo da fronteira entre
o Brasil e a Bolívia. É uma zona de transição
entre Amazônia, cerrado e pantanal mato-grossense. A prova
disso é a presença de aves como o tuiuiú, comuns
no pantanal. A chuva no vale do Guaporé tem a precisão
de um relógio. Cai sempre no fim da tarde, todos os dias.
Uma precipitação média de 2 mil milímetros.
Entre novembro e abril, durante a estação das chuvas,
o nível das águas sobe até seis metros. Seis
meses depois, a seca. Canais e varjões viram filetes de água.
É quando aparecem ilhas e nas margens do rio extensas praias
e áreas de vegetação com arbusto. O ciclo regular
é a fábrica dessa grande diversidade e produtividade
que tornam o Guaporé um dos ecossistemas mais ricos e fascinantes
da Amazônia.
Fonte:
http://eptv.globo.com/terradagente/terradagente_interna.asp?140556
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