Viajando pelo Brasil

Pictorial travel around the Brazil
Memory of the mid-twentieth century - 1950 circa
Eucalol series 256 a 279
Texto extraído do verso das estampas
Desenhos do artista Percy Lau
Das coleções do Rio de Janeiro

Acre (série 279)

 
pag 24


Trechos de um Rio

Os rios, neste estado, constituem-se no mais importante meio de transporte margeando-os também se originam vários povoados.As maiorias das cidades acreanas localizam-se às margens dos rios. No percurso desses rios encontramos diversos andares de vegetação, entremeados de cipós, formando massa densa e sombria, da qual se salientam árvores gigantescas de quarenta e mais metros de altura. A vegetação avança para o rio, protegendo as margens contra a erosão.

“Largos, longos e belos são os rios da Amazônia. No Acre, há grandes rios como Purus e o Juruá, tributários do Amazonas conhecido como “rio Mar”. As margens do rio apresentam uma vegetação variada e densa e uma quantidade infinita de aves, macacos e outros bichos.”

 

Estes rios seguem a direção Sudoeste-Nordeste e pertencem todos à rede hidrográfica do Rio Amazonas. As formas paralelas e as mudanças na direção dos cursos são características comuns dos rios do Acre. Outra peculiaridade é a distribuição da rede, a qual corre sobre rochas sedimentares e não forma cachoeiras.

O rio Purus nasce no Peru e é considerado o segundo maior representante da drenagem no estado, seu curso é sinuoso e meândrico. Da montante (fronteira com o Peru) para a jusante (próximo a Sena Madureira) o curso do rio se afasta ou se aproxima da borda da planície deixando um lado do meandro abandonado. Estes meandros ocupam uma extensão muito grande e são encontrados em várias idades – quanto mais afastados do leito atual, mais antigos – e fases de preenchimento (colmatação).

Já o rio Juruá nasce a 453m de altitude no Peru onde recebe o nome de Paxiúba, une-se ao Salambô e a partir daí forma definitivamente o Juruá. Com 3.280 quilômetros de extensão atravessa o Acre (porção noroeste) de Sul a Norte em direção ao Amazonas, onde deságua no rio Solimões. É caracterizado como rio de planície, é sinuoso em praticamente todo seu percurso.


Fonte:
http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./
estadual/index.html&conteudo=./estadual/ac8.html


Abrindo Valas



No Acre e no Guaporé, a terra era chamada “inferno verde” em virtude das febres que matavam centenas de pessoas. Agora, porém, com o piano de saneamento que se vai desenvolvendo em todo o País, dentro de pouco tempo já não haverá mais o “inferno verde”.
 

Quarenta anos atrás, o governo Brasileiro deu início a um projeto de integração da região Amazônica ao restante do Brasil que foi baseado num modelo que priorizava a ocupação da região. Esse projeto integracionista tinha como justificativa a percepção de que a região continuaria estrategicamente vulnerável se permanecesse "vazia" e subutilizada economicamente. Naquela época a Amazônia era considerada o "Inferno Verde" ou o "vazio demográfico".

Para muitos era difícil penetrar a Amazônia por causa dos males e das doenças malignas que eram os grandes inimigos dos seus habitantes. Para acelerar o processo de incorporação da Amazônia aos centros dinâmicos de desenvolvimento do Brasil, as políticas públicas priorizaram a abertura rápida de fronteiras através da construção de rodovias (por exemplo, a Belém-Brasília e a Transamazônica), da implantação de projetos de colonização agrícola, da expansão do setor agropecuário, através de incentivos fiscais e creditícios e, num segundo momento, através do investimento público em grandes projetos (tais como Grande Carajás e Tucuruí).

Fonte:
http://www.ipam.org.br/publicacoes/avancabrasil/
ppa.php?session_id=c467ea06e8d9d04ae951c23b66c3baf5

 


Mulher Indígena

Cabe aos homens desmatar e fazer a queimada da área de floresta ou de capoeiras velhas para a constituição das roças. A partir de então, o trabalho torna-se feminino, desde a escolha das variedades de mandioca ou das outras espécies cultivadas até o preparo dos alimentos. No longo trabalho de produzir os diferentes derivados da mandioca (manicuera, tucupi, tapioca, baiji, mingau, farinha), as mulheres gastam praticamente todo o dia.

"No Guaporé ainda existem muitos índios quase todos pacificados pela missão Rondon. A mulher indígena sabe caçar, pescar, faz seu roçado, tece cestos e faz farinha ajudando ainda os índios em outros misteres."

 

Depois de preparar a primeira refeição, as mulheres vão à roça colher, fazer o replantio e limpar o terreno; às vezes vão às capoeiras das roças antigas, à procura de frutas que continuam produzindo depois que as roças são abandonadas. Em casa se desdobram entre ralar a mandioca, carregar água do rio para lavar a massa, buscar lenha para o fogo, preparar comida e cuidar e dar atenção para as crianças menores. Desde muito cedo as meninas ajudam sua mãe, no começo apenas entretendo seus irmãozinhos menores para que os adultos possam trabalhar, e depois ajudando em tudo.

Ainda na divisão sexual das tarefas do dia-a-dia, o trabalho artesanal das mulheres restringia-se, tradicionalmente, à produção de cerâmica e cuias, fiação de tucum para cordas, enquanto aos homens cabia a produção dos objetos cerimoniais e toda a cestaria (com exceção dos aturás de cipó, trançados por mulheres maku).
Em muitas culturas indígenas, a mulher ocupa o lugar de geradora e protetora da vida da família. Seu trabalho pesado, constante, silencioso, garante o cuidado e o alimento diário, representado pelo fogo sempre aceso no interior da oca. Seu pensamento, em surdina, contribui discreta e decisivamente nas posições do marido. Fora desse contexto, a mulher indígena é vista como beleza exótica, sedutora, ilustrando as propagandas de turismo ecológico, atraindo turistas. Porém, a realidade é mais dura, quando o sustento da família já não vem mais da roça e as exigências são outras, ditadas pelo consumismo.

Fontes:
http://200.170.199.245/pib/epi/nwam/subsist.shtm
http://www.editorasalesiana.com.br/cfdocs/boletim_interna.cfm?idmat=99


Regatão

Os regatões são traficantes que levam, em canoas, por todos os rios, lagoas, furos e lugares, mercadorias estrangeiras e nacionais, e as vendem a dinheiro, ou as permutam pelos produtos do país. O comércio interior do Amazonas não se fez geralmente por intermédio da moeda, mas pela troca de objetos.” (Tavares Bastos)



“Regatão” é o negociante ambulante dos rios e lagos da Amazônia que viaja em lanchas ‘gaiolas”, barcos e batelões; comprando e vendendo a beira dos rios, nos trapiches, vilas e barracões.”

 

O regatão estabelece-se na foz dos grandes rios; ali, ele enche os batelões de cachaça, querosene, sal, charque, fósforos, fumo, munição para armas de fogo, quinquilharias, fazendas ou tecidos ordinários, roupa-feita para homens e mulheres, agasalhos, cobertores e mil bugigangas outras. Lotados, os batelões, eles se assemelham a verdadeiros bazares, flutuantes. E o regatão sobe os rios à procura da freguesia, composta de seringueiros, essa população infeliz que tenta a sorte nos socavãos dos igarapés, furos e à margem dos afluentes do rio Amazonas.

Eles trocam as suas mercadorias por bolas-de-borracha, peixe-salgado, rede de tucum, chapéu feito de fibra de palmeira, peneiras, abanos, e outros utensílios produzidos pelo artesanato, do inferno verde, que é a Amazônia. Quando o regatão desce o rio, regressando à sede, os batelões vêm cheios de produtos feitos por aquelas mãos calosas e doentias dos parias infelizes, habitantes da Amazônia.

O típico “regatão” apesar da evolução por que ainda venha a passar _ jamais desaparecerá, ao que parece, porque em verdade não passa de um tipo social surgido das contingências do meio.

Fonte:
http://jangadabrasil.com.br/junho34/of34060c.htm


Pacificação dos Índios

A exploração do Norte do País seguiu, desde o século XVII, as veias dos grandes rios, em busca principalmente das chamadas drogas do sertão e da mão-de-obra indígena, para abastecer a metrópole e os empreendimentos coloniais. A redução e a catequese dos índios coexistiam com a sua escravização, através da guerra justa e dos resgates. Os descimentos e o aldeamento atendiam à necessidade de catequizar os indígenas e de suprir a colônia com mão de obra para os colonos, para os serviços públicos, remeiros, coletores e sobretudo para a defesa contra os inimigos dos colonizadores e da Coroa portuguesa. Aqueles grupos que se opunham ao aldeamento ou não aceitassem a fé católica ou que simplesmente insistissem em praticar costumes inaceitáveis para os portugueses, como a guerra aos inimigos e a antropofagia, eram enquadrados como inimigos e passíveis de guerra justa e de escravização.

No século XVIII várias expedições foram realizadas pelos rios Juruá, Purus e Madeira, quando soma-se à necessidade de drogas e de mão-de-obra, a urgência de assegurar as terras, através de alianças com as tribos. Fortes militares e missões foram as formas de defesa dos territórios e civilização dos gentios, formas também de perseguição e aniquilamento daqueles que não aceitavam o aldeamento e a catequese. A exemplo dos Manao contra os quais se moveu uma guerra justa, exterminando-os. No século XVIII ainda tornaram-se tristemente famosos os Autos da Devassa contra o gentio Mura, quando colonos e autoridades do Grão-Pará, inclusive missionários, de tudo se valeram para incriminá-los e obter a permissão de uma guerra justa. Não logrando autorização para a guerra, os Mura foram contudo atacados todos os anos por tropas e expedições punitivas, até a sua rendição e quase total aniquilação.



“A obra do General Rondon, na pacificação dos índios, é uma das páginas gloriosas da nossa história. Entretanto todos os perigos, penetrando grandes selvas, descobrindo terras e catequisando índios, o General Rondon sempre fez valer sua divisa: “Morrer se fôr preciso; matar, nunca”
 

A região de que nos ocupamos agora, as bacias dos rios Juruá, Jutai, Purus e Madeira conheceram o 1º grande boom extrativista, quando o Amazonas era o único produtor de látex da seringa, a partir de 1840 e que se estendeu até a 2ª década do século XX. Os povos indígenas das bacias mencionadas foram submetidos pelos coronéis dos barrancos e engajados na extração da seringa com a conseqüente perda de terras e desorganização social. O avanço e implantação do extrativismo ensejou guerras contra grupos arredios, como vários grupos Tupi-Kawahib no rio Madeira e seus afluentes.

O governo brasileiro criou o Serviço de Proteção aos Índios - SPI, em 1910, sob a direção do então coronel Cândido Mariano da Silva Rondon , um militar positivista que ganhou projeção na instalação de redes telegráficas no interior do país, com uma proposta de não agressão às comunidades indígenas contatadas.

O Positivismo constituiu-se numa fonte privilegiada para o tratamento da questão indígena e Cândido Mariano Rondon constituiu-se na grande referência no tratamento da questão em função de seus métodos de atração dos povos indígenas em áreas por onde passariam as redes telegráficas.

Em 1967 foi criada a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, vinculada ao Ministério da Justiça. O órgão propunha solucionar a questão indígena, transformando os índios efetivamente em brasileiros, integrando-os à nação, ao mesmo tempo que assimilando-os culturalmente ao seu povo. Para alcançar esses objetivos era fundamental priorizar a demarcação de terras, ampliar o contato com os povos autônomos, proporcionando educação formal, cuidando da saúde, possibilitando que a economia indígena fosse integrada ao mercado. Tudo isso, a partir da auto-suficiência do próprio órgão.

Em todo o Brasil, nos últimos anos, vem crescendo um movimento indígena que se expressa através da multiplicação de organizações locais e regionais. Estas organizações, além das lutas imediatas, começam a delinear uma estratégia própria, critérios peculiares de aliança e objetivos de médio e longo prazos.

No bojo do crescimento desse movimento, surgiram inúmeras lideranças e organizações indígenas que buscam articular-se entre si e com o movimento social mais amplo. A Amazônia foi e continua sendo um território particularmente fecundo nesse processo. A UNI- Acre e Sul do Amazonas, representando onze povos indígenas e a COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica, representando trinta e duas organizações indígenas, são as duas mais importantes expressões deste movimento na região.

Fonte:
http://www.opan.org.br/opan_textos30anos_seminarios.asp?codsem=03


A Selva



"No Acre e no Guaporé, o caboclo vive cercado da mata virgem, caçando, pescando, rompendo a mata, abrindo roçado e varando os rios. Anonimamente, sem conforto, mas persistente e corajoso êle vai colaborando e trabalhando pelo Brasil."
 

Esta região é conhecida pelos biólogos como "Pantanal do Guaporé". É uma grande área de florestas e campos inundáveis ao longo da fronteira entre o Brasil e a Bolívia. É uma zona de transição entre Amazônia, cerrado e pantanal mato-grossense. A prova disso é a presença de aves como o tuiuiú, comuns no pantanal. A chuva no vale do Guaporé tem a precisão de um relógio. Cai sempre no fim da tarde, todos os dias. Uma precipitação média de 2 mil milímetros. Entre novembro e abril, durante a estação das chuvas, o nível das águas sobe até seis metros. Seis meses depois, a seca. Canais e varjões viram filetes de água. É quando aparecem ilhas e nas margens do rio extensas praias e áreas de vegetação com arbusto. O ciclo regular é a fábrica dessa grande diversidade e produtividade que tornam o Guaporé um dos ecossistemas mais ricos e fascinantes da Amazônia.

Fonte:
http://eptv.globo.com/terradagente/terradagente_interna.asp?140556


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